O transtorno de pânico é um ataque de ansiedade agudo e grave que pode acontecer de forma recorrente e sem aviso prévio e pode mesmo, não estar associado a qualquer situação específica ou fobia. As pessoas que sofrem destes ataques podem ir fazendo correspondências com o elevador, conduzir ou aglomerados de gente. Mas principalmente, o primeiro ataque é imprevisível e espontâneo.

 

O que são Ataques de Pânico

Estes ataques duram em média até 15 a 20 minutos (mas são minutos terríveis) com sensações que podem ir até a morte iminente. Têm uma prevalência de 1.5% a 2% da população, numa proporção de 2:1 mulheres para homens. Esta patologia ocorre mais em jovens adultos com inicio de períodos de grande exposição ao stress, mas também pode ocorrer em crianças em idade escolar.

 

Este transtorno também pode ter bases genéticas e hereditárias com uma probabilidade de 15% a 17% em parentes de primeiro grau que apresentem um quadro de ataques de pânico.

 

Após o primeiro ataque de pânico, a pessoa desenvolve uma preocupação excessiva em estar bem de saúde, grande preocupação com os sintomas físicos principalmente relativos à morte por problema cardíacos ou respiratórios. Também podem estar associados sintomas depressivos (80% dos casos).

 

O decorrer do ataque de pânico é variável; alguns desaparecem facilmente; outros demoram muito a melhorar. O que constato na minha prática clínica é que pacientes controladores e mais ligados ao detalhe, têm mais dificuldade na cura deste problema.

 

Mas a cura é possível!!!! E, nos casos mais difíceis consegue-se mesmo um progresso enorme.

 

De acordo com o DSM-IV, o Transtorno de Pânico é uma perturbação da ansiedade, caracterizada por ataques de pânico recorrentes e que, pelo menos, um dos ataques de pânico seja seguido de outro dentro de um mês, acompanhado de uma das características a baixo descritas:

  • – Preocupação persistente em ter outro ataque novamente;
  • – Preocupação com as consequências de um ataque: medo de perder o controlo, ter um ataque cardíaco, ficar louco, etc.;
  • – Uma mudança significativa no comportamento relacionado com os ataques.

 

Ataques de Pânico Sintomas

 

Ainda pelo DSM-IV, um ataque de pânico caracteriza-se por um período de medo e desconforto intenso, no qual quatro ou mais dos seguintes sintomas desenvolvem-se repentinamente e alcança um pico nos próximos 10 minutos.

  • 1. Palpitações, coração com um ritmo acelerado;
    2. Transpiração;
    3. Tremores;
    4. Sensação de respiração curta;
    5. Sensação de desmaio iminente;
    6. Dor no peito ou desconforto (peso);
    7. náuseas ou mal estar intestinal ou dificuldades em engolir;
    8. Sensações de tonturas, instabilidades e desmaio;
    9. Desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (ficar desligado, desconectado de si mesmo);
    10. Medo de perder o controlo ou de ficar louco;
    11. Medo de morrer;
    12. Parestesias (formigueiros ou entorpecimento);
    13. Sensação de frio ou calor.

 

 

Transtorno de Pânico e Ataques de Pânico

Sabemos que um ataque de pânico pode acontecer a qualquer um de nós, num momento mais stressante da vida, e passar. Mas, no transtorno de pânico, as pessoas passam a desenvolver novos episódios de pânico e, consequentemente, desenvolvem um “medo de ter medo” e mudam o seu comportamento, restringindo os seus hábitos e costumes a lugares onde se sentem protegidos e seguros.

Tenho visto na minha prática clínica que estas pessoas têm características comuns. São pessoas de base ansiosa, por isso classificadas como sofrendo de ansiedade elevada. Geralmente de bom carácter, controladoras, exigentes e perfecionistas. Costumam fazer uma pressão muito grande nas coisas naturais (e simples) da vida. Parece que isto está correlacionado com o imago paternal/maternal da exigência dos filhos, o desenvolvimento de uma autoexigência constante.

Pais autoritários e exigentes, geram nos seus filhos um desenvolvimento de autoexigência constante. Muitas vezes com vínculos duplos como por exemplo; “és incompetente”, “tu não consegues fazer isso”, etc. Este tipo de comportamentos gera internamente nestas pessoas a necessidade de controlo absoluto de tudo o que está à sua volta e, ao mesmo tempo, provoca um sentimento de desproteção – “…não sou bom o suficiente para me proteger, preciso de ficar em alerta!” O nosso sistema de alerta fica ligado e sem descanso, originando stress e provocando altos níveis de ansiedade.

 

Deste modo, temos as seguintes características:

  • – Pressão;
  • – Desproteção;
  • – Controlo Exagerado/Radar para sintomas físicos aumentado;
  • – Medo antecipatório;
  • – Necessidade paradoxal de se ser “acompanhado” ou protegido por um familiar;
  • – Altamente impressionável – vulnerável a tudo “aquilo” que pode fazer mal.

 

 

Ataques de Pânico: O  que fazer?

 

Como sabemos, todas as doenças são o caminho para a solução dos problemas. Os Ataques de Pânico vêm como um sinal de alerta, para que a pessoa PARE!!!!! Entenda que está acelerada e que está a provocar com as suas atitudes, um ciclo vicioso: desproteção, necessidade de alguém a proteger e confirmação da desproteção.

 

O caminho é entender os sinais do corpo que disparam o alarme. Pare! Refaça a sua vida, veja o que a pressiona. É diferente de PARALISE! Pare e Mude!

 

Este, é o nosso trabalho como terapeutas. Procurar com o cliente, novos caminhos…

 

 

Luís Coxo – Psicólogo @ WeCareOn