Este artigo pretende apresentar 12 estratégias para dizer não, simples e fáceis de aplicar no seu dia-a-dia, cujo único objetivo é ajudá-lo(a) a dizer “não”. Pode até parecer ridículo escrevermos um artigo sobre este tema, mas se pensar na quantidade de vezes que quis recusar algo e se sentiu “obrigado(a)” a fazer o contrário, talvez, o tema deste artigo já não pareça assim tão disparatado… Se sente esta dificuldade sugerimos então que leia, muito atentamente, as 12 estratégias para dizer não apresentadas mais a baixo e aprenda a dizer “não” como um profissional!

 

Quando concorda ou aceita algo, mas na realidade tinha vontade de recusar, é importante pensar no porquê de ter tomado esta atitude.

Por que motivo não recusou? Pensou que ia sentir-se culpado por dizer “não”?

 

Há diversas pessoas que se sentem mal por, simplesmente, pensarem que vão dizer “não”. Isto acontece porque pode soar um tanto agressivo, como se fosse uma tremenda rejeição de uma ideia, proposta ou, em última instância, de outra pessoa. Talvez não se queira sentir como um(a) agressor ou como o(a) vilão/vilã da história. Quando vê a desilusão espelhada no rosto da outra pessoa pode sentir-se culpado(a) ou afetado(a) por isso e até reconsiderar a sua decisão para não a magoar. Possivelmente também poderá pensar que deixarão de gostar de si, ou que será visto(a) como uma pessoa pouco cooperativa, pouco prestável, pouco condescendente, egoísta, preguiçosa e etc.

 

 

Face a tudo isto o mais fácil é, sem dúvida, escolher o caminho menos propício ao conflito, mesmo que isso custe e o(a) deixe zangado(a)/dececionado(a) consigo mesmo(a). Contanto que faça os outros felizes vale a pena, certo?…. A resposta é: Não! – Viram como foi fácil! – Este pensamento não podia estar mais errado.

 

Vamos, então, supor que o segredo está em dizer “não”, e sentir-se bem com a sua decisão. Poderá estar a pensar: “Sim, mas eu sou capaz de dizer não, e ainda assim acabo por ceder, ou não me dão ouvidos”. Nesse caso, talvez esteja a dizer “não” de uma forma pouco eficaz, isto é, que vem seguido de uma desculpa esfarrapada como, por exemplo, está no seu dia de folga e pedem a sua ajuda para fazer algo do trabalho que, pode ser feito por outro colega, e diz: “Adorava poder ajudar, mas…. tenho várias coisas para tratar” e, na realidade apenas quer descansar porque é o seu dia de descanso.

 

Deverá estar a perguntar-se: “Qual é o problema de usar esta estratégia da desculpa esfarrapada?”. Muito simples, é que ela permite que o outro continue a perguntar e a insistir, neste caso o colega poderia responder algo como: “Certo… Mas e de tarde? Também tens coisas para tratar?”, quando recorre a esta estratégia a outra pessoa pode sentir que, talvez, se continuar a insistir acabará por ceder. Face a isto está, claramente, a precisar de novas estratégias para dizer “não”. Se sente que está na passadeira do eterno “sim”, então leia as estratégias que se seguem.

 

12 Estratégias para dizer não

 

Vamos então responder à pergunta milionária que é: Como dizer “não”?

 

1 – Seja firme

Primeiro de tudo é preciso estar seguro(a) da sua decisão, e saber ao certo o que quer para si, quais as suas prioridades e objetivos. Se a outra pessoa não consegue aceitar o seu “não”, talvez ela sinta dificuldade em respeitá-lo(a). Mantenha-se firme, e não se sinta obrigado(a) a ceder simplesmente porque o outro se sente desconfortável. Lembre-se que o conforto de outrem será obtido à custa do seu próprio desconforto.

 

2 – Defina limites

Por vezes, pode sentir dificuldade em dizer “não” porque ainda não percebeu bem qual o seu papel em determinada relação (seja amorosa, profissional, etc.) e, quando finalmente percebe a dinâmica dessa relação bem como o papel que desempenha na mesma, talvez não se sinta tão preocupado(a) com as consequências do dizer “não”. No caso de uma relação amorosa, por exemplo, pode vir a perceber que a sua relação é suficientemente sólida para dizer “não”, sem receio de virem a terminar.

 

A definição de limites é importante em vários contextos da sua vida, incluindo o do trabalho. Pode fazê-lo da seguinte forma: Imagine que alguém lhe pede um determinado favor, apesar de ter disponibilidade e não sendo algo urgente, poderá querer dar prioridade às tarefas que tem para realizar naquele dia , deixando a nova tarefa para o fim, neste caso, poderá comunicar isto mesmo dizendo algo como: “Posso fazer isto que me pediste, mas só o poderei fazer depois de acabar este projeto ou estas tarefas”. Esta é uma forma simples de estabelecer limites no seu local de trabalho.

 

 

3 – Seja assertivo(a) e amável

Ao recusar um pedido poderá responder com um mero “não”, ou poderá querer “adoçar” a sua resposta dizendo algo como: “Neste momento não consigo, mas irei avisá-lo(a) quando estiver disponível”. Com esta abordagem é, simultaneamente, educado(a) e fica numa posição de poder porque é o próprio que vai indicar se pode responder a esse pedido e quando, de certo modo, é como se estivesse a assumir as rédeas da situação. Outra alternativa é suavizar com um elogio ou agradecimento, a ideia aqui é devolver ao outro algo que o faça sentir-se bem apesar da rejeição que se segue como, por exemplo: “Parece uma ótima oportunidade, mas não poderei aceitar. Obrigado por se ter lembrado de mim!”.

 

4 – Não tenha medo de se colocar em primeiro lugar

Coloque as suas necessidades em primeiro lugar, e não as da pessoa que lhe está a pedir um favor. Se, sistematicamente, der prioridade às necessidades dos outros, por exemplo, no seu contexto profissional, poderá encontrar-se numa situação em que se sente sobrecarregado(a) com trabalho, o que fará com que a sua produtividade possa ser afetada e os seus “níveis” de ressentimento/irritação aumentem.

 

5 – Devolva a pergunta

Esta estratégia pode ser muito eficaz num contexto de trabalho. Imagine que o(a) seu/sua chefe pedia para realizar várias tarefas que ultrapassam a sua capacidade de trabalho para a semana/mês. Poderá responder algo como: “Facilmente consigo fazer as tarefas A, B e C, contudo, precisaria de duas semanas, em vez de uma, para fazer um bom trabalho. Quais as tarefas que são prioritárias?”. Deste modo, deixa claro que está disponível para realizar as tarefas, mas devolve que precisa de um prazo diferente para as completar e dá espaço para negociarem sobre as que são prioritárias.

 

6 – Simplesmente diga “não”

Não dê muitos rodeios, não dê desculpas esfarrapadas ou demore a responder, isto apenas dá espaço para que a outra pessoa continue a insistir. Dê uma breve explicação se sentir essa necessidade, ou se quiser dar a conhecer o(s) seu(s) motivo(s) para tomar essa decisão, contudo não se sinta obrigado(a) a nada. Lembre-se que, apesar da ideia “quanto menos disser, melhor” poder ser muito apropriada para certas situações, deverá adequar a sua resposta a cada contexto.

 

7 – Seja breve, mas não rude

Como foi referido anteriormente, nem sempre precisa de se explicar quando diz “não” a outra pessoa. É importante recordar-se de que é melhor dizer logo que não está interessado(a), do que não responder de todo, porque nesta última situação é visto como descuidado(a) ou desleixado(a). Deste modo, embora se sugira dar uma resposta breve, é possível que, nalgumas situações, possa ser demasiado curta e até soar a algo desagradável como, por exemplo, “Eu não te posso ajudar com isso!”.

 

É possível “adoçar” a sua resposta dizendo algo como “Infelizmente, receio que não te posso ajudar com essa tarefa”, repare que ao usar a palavra “infelizmente” demonstra que reconhece que a sua resposta não vai satisfazer o outro e que, para si, não traz nenhum prazer afirmar que não pode ajudá-lo. Outro bom exemplo, deste “adoçar” da sua resposta é: “Obrigado por se ter lembrado de mim para esta tarefa. No entanto, neste momento, não posso aceitar mais trabalho”. Ao dizer “neste momento”, isto sugere que, mais para a frente, poderá estar disponível para realizar outras tarefas, ao dizê-lo desta forma isso faz com que mantenha esta “porta aberta” para outras oportunidades que possam vir a surgir.

 

8 – Deixe a porta aberta

Por vezes é mais relevante dizer “agora não” do que simplesmente “não”. Um bom exemplo pode ser: “A tua sugestão de avançarmos para este projeto é pertinente. Porque não pensamos melhor sobre isso depois de concluirmos esta primeira tarefa?” ou “Obrigado, adoraria participar neste evento, mas esta altura do ano não é a melhor. Para a conferência do próximo ano, poderia voltar a sugerir o meu nome?” Nota: Por muito útil que esta estratégia possa ser, use-a com moderação. Adiar algo repetidamente pode ser percecionado como sendo mais indelicado do que dizer “não” logo à partida.

 

9 – Apresente uma alternativa

Apesar de a sua resposta ser “não”, ainda assim, por vezes, poderá querer ajudar a pessoa de outra forma, por exemplo, apresentando diferentes opções, sugerindo alternativas, etc. Nesta situação, poderá dizer algo como: “Não posso fazer o teu turno de trabalho no fim-de-semana, mas posso fazer o de segunda-feira se precisares de um dia para recuperar.” Embora não seja obrigado(a) a apresentar sempre uma solução alternativa, haverá situações em que poderá ter disponibilidade para ajudar e querer fazer esta gentileza, pelo que saber expressá-la é essencial.

 

10 – Não responda logo

Poderá interromper o ciclo do “sim”, usando frases como “eu já te respondo”, e nesse período poderá, tranquilamente, pensar se, de facto, pode ir ao encontro deste pedido ou se terá de dizer que “não”. Todavia, e embora esta estratégia seja uma boa alternativa para ganhar algum tempo, lembre-se que não deve ficar eternamente “em cima do muro”, deixando o outro à espera de uma resposta por tempo indefinido.

 

11 – Aprenda a separar a recusa de um pedido da rejeição de uma pessoa

Se o seu receio é que o outro que solicitou algo fique ressentido porque se recusou ajudá-lo, saiba que, num primeiro momento, ele poderá ficar incomodado, mas pouco depois a sua atenção já não estará focada em si, mas em encontrar uma alternativa. É importante ter em mente que:

  1. Está a recusar um pedido, e não a rejeitar alguém;
  2. Se é um favor que estão a solicitar de si, fazê-lo ou não, é uma opção exclusivamente sua. Não se esforce tanto por agradar os outros.

 

12 – Não se sinta culpado por dizer “não”

Nomeadamente com os filhos, por vezes, surge uma sensação de culpa por recusar algo que pediram. Saiba que é imprescindível que, de tempos em tempos, os seus filhos oiçam o “não”, pois tal também irá ajudar no desenvolvimento da sua capacidade de autocontrolo, capacidade esta que é fundamental na vida adulta. Embora seja tentador ceder aos seus protestos, deixe claro que a sua decisão está tomada e defina limites.

 

 

Em suma, entenda que, apesar da sua vontade genuína de ajudar, ao dizer que sim a tudo, por exemplo, no contexto do trabalho, poderá até ficar com a imagem de “bom colega de trabalho” ou de “pessoa simpática/cooperativa”, mas isto só leva a que exijam cada vez mais e mais de si. É importante esclarecer que há uma linha que separa a pessoa simpática que quer ajudar, daquela que é sobrecarregada com todo o trabalho que outros não querem fazer.

 

Ao aceitar tudo o que é proposto/sugerido, arrisca-se a ficar assoberbado(a) com trabalho e a não conseguir dar resposta a tudo o que tem em mãos. Recorde-se que o “não” é o eterno amigo do “sim”, e em nome do bem-estar das suas relações e da sua própria saúde, é imprescindível que aprenda a dizer “não”, pois esta é uma competência indispensável para a sua vida.

 

Maria Ferreira – Psicóloga WeCareOn