Etimologicamente, o termo mente vem da raiz verbal men que tem o significado de “pensar, lembrar”. Então o pensamento será um ato mental que nos permite alcançar entendimento sobre o que nos rodeia. Representamos e interpretamos o “mundo lá fora”, dando significado de acordo com as nossas necessidades, desejos, objetivos, etc.
A consciência sobre a forma como comunicamos connosco internamente ditará a qualidade da nossa saúde mental.
Muito embora não existam pesquisas científicas conclusivas, a quantidade de pensamentos que nós seres humanos somos capazes de ter por dia, estará entre os 20 e os 70 mil, levando em consideração variáveis como o sono, duração do dia, experiências diárias, ritmo de vida, etc.
Uma percentagem elevada destes pensamentos (cerca de 80% ) estão no foco de tudo aquilo que não queremos: os chamados “pensamentos negativos”, como preocupações, experiencias passadas dolorosas, ansiedades e medos. Sim, a maior parte do tempo estamos a produzir pensamentos negativos e a manutenção destes pode mesmo dar origem a desordens emocionais e até a diferentes perturbações do foro psicológico.
Como estamos a maior parte do nosso tempo diário em funcionamento automático, fazendo o que é suposto fazer (atividades rotineiras e/ou triviais), deixamos quase sempre o nosso pensamento “livre e sem rumo”. Como se o mesmo tivesse uma vida separada do nosso sistema, do nosso todo. É comum, em contexto clínico, ter relatos de clientes que referem “não ter controlo sobre os seus próprios pensamentos”, ou que os mesmos “controlam a sua vida”.
Ora, segundo o investigador de Psicologia e Neurociência Lewis-Peacock, só teremos capacidade para 3 ou 4 pensamentos de cada vez. Então talvez seja mesmo muito útil observar que tipo de pensamentos vamos tendo ao longo do dia e livrarmo-nos daqueles que não nos servem e nos limitam.
Existem diferentes formas de melhorar a nossa saúde mental, utilizando a atividade mental e os nossos pensamentos. Todas elas são simples, embora nem sempre fáceis pois exigem prática e dedicação.
Como podemos então melhorar o nosso pensamento? E será que isso é mesmo possível?
O passo inicial será a tomada de consciência sobre o nosso discurso interno, pois sem ela nenhuma ação terá lugar. Termos então a noção interna de que realmente algo precisa mudar, algo precisa ser feito. Um excelente “termómetro” para utilizar neste ponto, e porque o nosso estado emocional anda de mãos dadas com o nosso pensamento, é perguntarmo-nos, em diferentes momentos do dia, sobre a forma como nos estamos a sentir. É certo que, se estamos a sentir medo, nervosismo, ansiedade ou tristeza, o nosso discurso interno estará pouco ou nada possibilitador. Pelo contrário, se nos estamos a sentir alegres, divertidos ou calmos, o discurso interno estará possibilitador.
De uma forma generalizada, podemos treinar a nossa mente e pensamentos aproximando-nos de práticas sãs como por exemplo lendo bons livros, ouvindo as músicas que nos fazem sentir bem, e fazendo exercícios de estimulação cognitiva, entre outros. Ao mesmo tempo que nos afastamos de toxidades como aquelas que nos chegam através das redes sociais, da televisão e até de algumas pessoas. Este discernimento é essencial quando queremos cultivar uma boa saúde mental.
Para além destas, a prática de exercício físico também surge como algo de forte impacto pois aumenta a função cerebral e potencializa a formação de novas células. É literalmente a prática da máxima “mente sã em corpo são”!
Seguindo esta máxima, vamos incluir a alimentação. Aquilo que escolhemos como o nosso “combustível” para a nossa máquina funcionar! O nosso cérebro precisa de cerca de 20% da energia dos alimentos, portanto são importantes as boas escolhas! Afastar os processados e embalados e aproximarmo-nos dos alimentos reais, os que a natureza nos dá diretamente é essencial. Assim como beber a quantidade de água/dia necessária para o bom funcionamento do organismo em geral e do nosso cérebro em particular (75% do nosso cérebro é constituído por água).
O descanso é outro pilar a ter em consideração. Dormir bem é um elixir de toxidade mental, pois é durante o sono que limpamos as nossas memórias inúteis e regeneramos células.
É necessário ainda, neste processo, cultivar pensamentos positivos investindo a nossa energia mental no que realmente queremos, deixando aquela lista de pensamentos tóxicos que por vezes já “moram” em nós. O preconceito, a excessiva preocupação e a autocomiseração, são alguns exemplos.
Consideremos estes os pilares para um bom funcionamento da nossa mente e ao acionarmos uma diferente atitude, com certeza iremos obter outros resultados e mais saudáveis. A atitude é provavelmente a característica mais importante a cultivar para a mudança pois ela está na base das nossas decisões. Assim sendo é na atitude que escolhermos agora que se vai operar a diferença que queremos ver acontecer no nosso dia-a-dia!
Sofia Diogo – Psicóloga Clínica e Coach Integrativa na WeCareOn