Hoje vamos falar um pouco sobre ansiedade académica.
A entrada na universidade traz consigo novos começos e várias mudanças em vários níveis, passem estes muitas vezes pela mudança de cidade, primeira vez a viver sozinho, novas responsabilidades, novos vínculos afetivos e muitas dúvidas e inseguranças. Todos estes fatores podem acarretar altos níveis de stress e ansiedade, e a estes juntam-se as expectativas do começo de uma nova vida, o que nos coloca perante desafios adicionais junto de uma fase que só por si já pode ser algo difícil.
A ansiedade é um processo natural, parte integrante da nossa existência e, ainda que desconfortável, é o que nos prepara para agir em situações do quotidiano e o que nos move em direção à mudança. Com a universidade, é natural que os níveis de ansiedade, e de stress, aumentem. Apesar disto, é importante salientar que quando os níveis de ansiedade, ou até mesmo os sintomas, se tornam frequentes e excessivos, tendo um impacto negativo no nosso dia-a-dia, devemos ter atenção aos sinais e tentar perceber o que pode estar errado e a provocar esses sintomas.
A ansiedade pode manifestar-se na forma de sintomas comportamentais como alterações no apetite ou tiques nervosos; a nível físico através de redução dos níveis de energia, oscilações de peso, dores de cabeça, insónia, taquicardia, tensão muscular e fadiga; a nível emocional observa-se a tristeza, sentimentos de baixa autoestima, pessimismo, isolamento social e irritabilidade. Por fim, a nível cognitivo, pode manifestar-se através de alteração na capacidade de concentração, preocupação persistente e até mesmo esquecimentos frequentes. Estes sintomas podem ser vividos de forma mais ou menos intensa, consoante a pessoa e a situação vivida.
Na universidade, o nosso desempenho é constantemente colocado à prova, seja em matérias com as quais não estamos tão confortáveis, na adaptação a um novo ambiente sem o nosso círculo de amigos habitual, uma nova rotina num novo mundo no qual nos tentamos encaixar, e tudo isso se junta à constante autocobrança, juntamente com as crenças de que estes deviam ser os melhores anos da nossa vida, devíamos sentir-nos em casa desde o primeiro dia e deveríamos viver todos os dias como se fossem o último porque num abrir e fechar de olhos tudo acaba. Esta pressão e as dúvidas sobre a nossa própria capacidade de concluir determinado projeto ou disciplina, de nos inserirmos em determinado ambiente sem dificuldade, de criarmos amigos para a vida ou mesmo as nossas crenças sobre a nossa autoeficácia acabam por ser uma das principais causas da ansiedade. Para além disso, ainda que para algumas pessoas a oportunidade de mudança seja percepcionada como uma oportunidade para saírem da zona de conforto e para crescimento pessoal, para outras pessoas é significado de uma ansiedade elevada. Consequentemente, esta ansiedade pode resultar em reações ou sintomatologia que interferem com a capacidade de concentração e aprendizagem e, por fim, no nosso desempenho nas variadas atividades que a universidade envolve, sejam estas a nível mais académico ou até mesmo social, pelo que é importante que consigas manter o equilíbrio entre os interesses pessoais, as motivações e a exigência vivida neste novo meio académico.
A universidade é um contexto novo onde se vivem situações de maior responsabilidade, exigência e autonomia, pelo que é compreensível que os recém-chegados a esta etapa nem sempre tenham respostas adequadas para lidar com as fontes de stress presentes. E a verdade é que são inúmeras as fontes de stress que podem ser associadas ao ambiente universitário e a esta nova fase de vida, como é o caso da saída da casa dos pais, mudança de cidade, pressão em decidir uma área profissional para exercer para o resto da vida, ansiedade na época de exames ou na apresentação de trabalhos, ansiedade social devido a novo grupo de colegas e sentimento de pertença, e talvez a maior fonte de stress e ansiedade: medo de falhar.
Algumas estratégias para lidar com a ansiedade e com o stress:
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Criar uma agenda com datas e deadlines, de forma a ser possível planear os trabalhos e os exames, para que não fique tudo para a semana anterior e nos provoque sentimentos de ansiedade e pressão que podem ser evitados. Organizar a agenda de forma a ter tempo para concluir um trabalho de cada vez pode evitar muitos breakdowns;
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Estabelece objetivos que sejam realistas e concretizáveis, e organiza-os por ordem de prioridade;
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Questionar a validade e conclusões de pensamentos ansiosos. (e.g. questionar qual é a motivação motivando do pensamento? Esse motivo é um algo real, ou uma ideia que estás a acreditar com base no que sentes enquanto estou ansioso? O que é que esses pensamentos me estão a causar, como é que me estou a sentir? Posso fazer algo para os mudar? O que é que estou a ganhar em ter este tipo de pensamento?);
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Criar imagens mentais que consistam em imaginar-se a realizar a atividade que te está a provocar ansiedade e antecipar formas de agir perante esses possíveis problemas, de forma a poderes pensar numa melhor solução face a dificuldades que possam eventualmente surgir;
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Pratica exercício físico de forma regular e mantém hábitos e um estilo de vida saudáveis;
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Reserva tempo para atividades que te façam sentir bem;
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Olha para as dificuldades como uma oportunidade de aprendizagem e de melhorar a tua capacidade de resiliência;
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Constrói relações interpessoais baseadas na empatia e entreajuda;
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Sê tolerante contigo próprio e reconhece as suas competências;
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Procura introduzir técnicas de respiração e de meditação no teu dia-a-dia.
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Ajuda profissional: muitos estudantes não conseguem gerir sozinhos a ansiedade e os sintomas que esta provoca. Por isso, quando te sentires angustiado e não conseguires ver saída no teu caminho, pode ser importante que procures ajuda profissional. Este vai ajudar-te a gerir e a controlar o stress, ajudando a colocar sob perspetiva o impacto que determinada situação tem na nossa vida.
Se precisas de ajuda, conta comigo!
Bárbara Teixeira– Psicóloga na WeCareOn