Boas perguntas? Como fazer?

Se queremos obter “boas respostas” devemos apostar em fazer “boas perguntas”. Baseada nesta premissa muitas vezes me perguntei o porquê de no nosso percurso escolar não nos ensinarem a fazer perguntas?

No meu percurso profissional, e sem fazer uma ligação direta a este fato, sei que muitos de nós (seres humanos) constantemente utilizamos perguntas que nos limitam.

Muitas destas perguntas acontecem no nosso discurso interno de forma automática sem que tenhamos consciência das mesmas.

Ou seja, como nunca fomos treinados para fazermos as tais “boas perguntas”, as que nos potencializam “boas respostas”, andamos à mercê do nosso piloto automático interno que quase sempre utiliza, aquilo que eu chamo de “perguntas totós”! “Porquê que isto só me acontece a mim?”, “Mas que mal fiz eu para merecer isto?”, “Porquê que tenho tanto azar?”, e por ai fora!

Reconhece-se neste discurso? Provavelmente sim! Talvez já se tenha apanhado alguma vez a usa-las. O que, arrisco a dizer, é até bastante normal. Se calhar ouviu-as dos seus pais, avós, ou talvez apenas não tenha sido instruído em como fazer melhores perguntas! Quando estamos nesta forma de orientação do nosso pensamento, vivemos muito em efeito. Acreditamos que o que vivemos, o que nos acontece é apenas “acaso” ou falta de sorte. Entregamos a organização da nossa mente / pensamentos / perguntas ao mundo lá fora”. E é assim que o que acontece no exterior nos condiciona o interior!

O que controlamos na vida?

As boas notícias acontecem quando identificamos este padrão presente no nosso dia-a-dia e nos propomos a algo diferente! Existem três decisões que controlam a nossa vida e uma delas é a decisão sobre aquilo em que nos concentramos!

Quando acordámos o nosso poder interno para mudar as perguntas limitadoras e transformá-las em possibilitadoras a mudança acontece! Neste momento escolhemos mudar o nosso foco e deixamos de estar em efeito para nos colocarmos em causa.

A partir de agora em vez de me perguntar “Porquê que isto só me acontece a mim ?”, decido fazer uma subtil mudança para “COMO é que isto me aconteceu a mim?” Vou assim encontrar na resposta a estrutura do meu pensamento / comportamento que me fez chegar ao resultado que estou a ter e que não quero!

Imaginemos que com frequência me acontece sair de casa e deixar a chaves lá dentro, o que é bastante chato pois tenho que ir a casa dos meus pais que fica a uns 30km, buscar as suplentes. Se eu me focar na pergunta limitadora, nada muda. Eu vou achar que não existe nada que eu possa fazer pois “isto só me acontece a mim!” Porquê? Porque SOU uma pessoa “azarada” ou, na melhor das hipóteses” esquecida”.

Agora imagine que decide perguntar “COMO é que isto me tem acontecido com frequência?” Ai talvez descubra que constantemente se foca, por exemplo, no que não quer que aconteça. Talvez diga a si mesmo algo como “não me posso esquecer das chaves de casa!” e então é exatamente isso que lhe acontece: esquece-se! Ou talvez assuma finalmente que tem acordado muito “em cima da hora” e ande a ter umas manhãs bastante aceleradas e com pouco foco nas pequenas coisas (chaves de casa) que lhe pouparão muitos dissabores (mal estar, tempo…)

Segunda decisão que controla a sua vida: a sua decisão sobre o quê que as coisas significam para si!

Esta é uma subtil mudança que acrescenta muito : deixe os seus “porquês” e substitua-os por “COMO’s” . Depois observe o que encontra de diferente no seu pensamento como resposta. Simples ! (lembre-se que sendo simples não significa que seja também fácil, pois não são sinónimos. O maior desafio pode mesmo residir aqui! Para que o simples se torne fácil vai exigir de si treino, disciplina e compromisso consigo mesmo. Trata-se de fortalecer novos caminhos neuronais. É uma nova prática, um “ginásio mental”).

Sendo esta uma mudança substancial e que altera o nosso foco, existem outras “boas perguntas” que podemos praticar. As seguintes perguntas deverão fazer parte desta nova forma de orientar o nosso pensamento:

  • O significado disto?

  • O que posso aprender com isto?

  • Como vou alterar o meu comportamento a partir de agora?

Com estas perguntas, para além de alterarmos signifi­cados e crenças que possamos ter estabelecidas, também nos acrescentam aprendizagens conscientes e até novos comportamentos e resultados! Ou seja, vão trabalhar a terceira decisão que controla a nossa vida: a nossa decisão sobre o que fazer para produzirmos os resultados que desejamos!

Termino desafiando o leitor a fazer estes “treinos mentais” diariamente com estas “boas perguntas” e a registarem as mudanças que vão surgir não só internamente mas também à vossa volta!

 

 

Sofia Diogo  Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta, Membro Efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses

 

Referencias:

Anthony Robbins “Awake the giant within” ;

David Molden & Pat Hutchinson “brilliant NPL”