Todos nós, de uma forma ou de outra, já nos cruzamos com uma pessoa altamente sensível, ou seja, alguém que se caracteriza como uma pessoa “demasiado intensa”, que “sente demais”, que “sofre mais fácil e profundamente”. Nesse sentido, essa pessoa muito possivelmente faria parte de um categoria alargada de pessoas chamadas de pessoas altamente sensíveis.

Considera-se que uma pessoa é altamente sensível (PAS), quando esta apresenta uma maior sensibilidade na sua relação com o meio, isto acontece, porque o seu sistema neuro-sensorial é mais desenvolvido e especializado para as sensações do que a maioria das pessoas.

Então, a pessoa altamente sensível não só, recebe uma maior quantidade de informação sensorial como também, assimila e processa todas as matrizes e subtilezas contidas nas informações que recebe do ambiente que a rodeia.

 

4 características pilares  das pessoas altamente sensíveis(PAS):

– Alta sensibilidade sensorial: além de ter uma sensibilidade sensorial mais desenvolvida, no que diz respeito aos 5 sentidos (visão, paladar, tato, olfato e audição), as Pessoa Altamente Sensíveis (PAS) também apresentam uma elevada sensibilidade em relação a padrões de informação subtis, ou seja, mudanças mínimas que se apresentam no seu ambiente ou pequenas alterações emocionais que as pessoas na sua proximidade demonstram;

– Grande capacidade emocional: uma pessoa altamente sensível vivencia a vida, com muita mais intensidade emocional. Emociona-se muito facilmente e perante qualquer situação. Portanto, isto confere-lhe uma grande capacidade empática para com os outros e por vezes, leva-a a sentir em si, a carga emocional que outros projetam;

A reflexão profunda da informação que recebe – se a pessoa costuma refletir em excesso e de forma intensa sobre todos os temas, dando muitas voltas à informação recebida para obter uma compreensão melhor da mesma;

– A saturação e sobre estimulação: o ter de processar uma imensa quantidade de informação sensorial e emocional, pode levar a pessoa a sentir-se exausta mentalmente e sobre estimulada ou assoberbada pelos estímulos que está a tentar processar.

 

 

Para auxiliar a identificar, procure estes sinais:

  • A pessoa demonstra grande empatia com os sentimentos, estados e vivências de outros e apresenta uma capacidade elevada para escutar e uma predisposição natural para ajudar os outros para que fiquem bem;

 

  • Alta capacidade para identificar e fazer a leitura de todos os detalhes que ocorrem no seu ambiente e que passam despercebidos aos outros;

 

  • Têm tendência para fazer um grande investimento nas suas relações amorosas, chegando até a se esquecer delas mesmas;

 

  • Baixo nível de resistência à dor (física e emocional);

 

  • Dificuldades em saber dizer “não” e para fixar limites;

 

  • Tendência para o perfeccionismo;

 

  • Grande sensibilidade a críticas;

 

  • Forte capacidade para se concentrarem de forma profunda;

 

  • Gostam de contemplar e têm facilidade em desfrutar das pequenas coisas.

 

Para entender o que se passa no mundo interno das pessoas altamente sensíveis, compreenda  que normalmente sentem-se:

 

  • Tímidas ou inseguras;

 

  • Facilmente incomodadas por luzes, sons e odores intensos e fortes;

 

  • Demonstram grande e intensa preocupação com o sofrimento de outrem ou de animais, com situações de injustiça e/ou questões ambientais, etc;

 

  • Angustiadas e preocupadas face a mudanças significativas ou repentinas;

 

  • Comovidas pela arte e pela natureza;

 

  • Pressionadas com o excesso de trabalho ou de tarefas;

 

  • Tendência para se sentirem incompreendidas ou desconfortáveis em grupos;

 

  • Mais confortáveis na solidão.

 

A sensibilidade alta pode resultar em bloqueios emocionais, saturação sensorial, stress e ansiedade, sensações de não pertença e consequentemente, em alguma disfunção dos padrões psico-comportamentais.

 

Por isso, ficam aqui algumas dicas para o/a ajudar a conviver com uma Pessoa Altamente Sensível (PAS):

 

  1. Adeque o seu tom de voz e evite ambientes barulhentos

Devido à sua sensibilidade sensorial, as PAS tendem a ficar bastante incomodadas e desconfortáveis com vozes altas, ou demasiados estímulos (luzes, movimento, cheiros) por isso tente facilitar tente, falar-lhe com voz baixa de forma a transmitir calma e segurança;

 

  1. Não desvalorize ou dê apelidos “birrenta, mau-feitio, reclamão”

Lembre-se, as PAS, como todos nós, reagem a situações ou coisas que incomodam, a diferença é que elas percebem o estímulo antes e com maior intensidade e reagem na mesma medida;

 

  1. Facilite a expressão, pedindo para dizer o que a incomoda

Mostre-se compreensiva/o e disposto a ajudar, e peça de forma calma, para que a pessoa hipersensível explique o que a incomoda. Pergunte também, o que você pode fazer para evitar e explique que tem interesse em não incomodá-la, e que você faz o que faz, sem ter consciência de que isso a incomoda;

 

  1. Forme uma aliança e um compromisso mútuo

Ambos precisam de compreender que tem percepções diferentes da mesma situação. Então estabeleçam um compromisso, onde você tentará minimizar a influência das coisas que já descobriu que a incomodam e, por outro lado, a PAS tentará pedir para ajustar/adaptar a si, as novas situações que possam incomodá-la e assim, desenvolver a sua capacidade de reconhecer as suas próprias necessidades e pedi-las de forma assertiva;

 

  1. Reinvente a crítica

Ao fazer uma crítica, experimente fazê-lo de forma positiva. Ex: “Sei que consegues fazer melhor” ou “acredito que não era bem isso que querias fazer…e se for assim?” em vez de “estás a fazer isso mal” ou “só fazes asneiras”.

 

  1. Respeite o seu tempo e seu espaço

Por vezes, as estratégias de adaptação de uma PAS, podem exigir altas doses de concentração, ou mesmo um período de afastamento do grupo ou manter uma certa distância.

É normal, quando ela tiver processado o que precisará, voltará para a interacção.

 

  1. Dê importância aos detalhes

Dando importância aos detalhes irá conseguir estabelecer maior empatia com uma PAS, mostre-se sempre compreensivo e, assim, ajude-a sentir-se melhor, no tempo dela.

 

  1. Proteja contudo não invada

Procure certificar-se de que poderá proteger ou ajudar a PAS em alguma situação, tente que ela esteja perto de si, e no caso de atribuir um tarefa, pergunte se ela está confortável com o desafio, assim, se notar que a PAS não reage da melhor forma, deixe a tarefa para depois e acorde com ela que quando se sentir preparada, terá aquela tarefa para fazer e se precisar, poderá ajudá-la;

 

  1. Facilite o ambiente sem ser permissivo

As pessoas altamente sensíveis estão mais propensas a desenvolver ansiedade ou depressão, pela intensidade das emoções. Neste sentido, deve-se sempre que possível facilitar a interação de uma PAS com o seu envolvente mas não deixar que ela se refugie nesse processo.

As PAS, como qualquer criança ou mesmo adulto, precisa de ter desafios para que possa aprender a ultrapassar e desenvolver confiança, precisa de ser chamada à atenção, de uma forma cuidada,  para que possa melhorar e construir um EU integrado e adaptativo.

Para os pais e educadores de crianças muito sensíveis, sugere-se que encontrem o ponto de equilíbrio certo, entre reconhecer e dosear quais e qual a intensidade dos desafios e críticas que eles conseguem suportar em cada nova etapa de desenvolvimento, e é importante que haja um ambiente de compreensão e contenção emocional, mas também de desafio e frustração (pequenas doses) para que eles cresçam conseguindo gerir o que é menos bom também.

 

E sabe? Os profissionais de saúde, como eu, estão aqui para si, para o/a acompanhar e ajudar.

Procure orientação. Não tem de passar por isto sozinho/a.

 

 

Claudia Graça – Psicóloga WeCareOn