Todos nós queremos ter uma vida mais feliz. E é costume dizer-se, a felicidade não é o destino, mas sim o caminho que se faz para lá chegar… Também existem alguns mitos acerca da felicidade que, em boa verdade, só nos põem mais infelizes… Por exemplo, de que “temos” de estar permanentemente felizes. E nós, seres humanos, somos criaturas notáveis. Como é que pode haver um “gap”, um lapso tão grande entre aquilo que mais queríamos e o que conseguimos fazer para obtê-lo realmente?

 

Após já alguns anos a trabalhar com pessoas e a escutar delas o que elas têm para me dizer, interrogo-me muitas vezes sobre algumas questões:

  • – O que é que é essa “coisa” a que chamamos felicidade?
  • – É alcançável?
  • – É viável?
  • – É verídica?

 

Este assunto dava “pano para mangas”, como se costuma dizer. Aliás, seria mote para um verdadeiro tratado… Não posso contudo deixar de realçar um aspecto. O da sua imensa fragilidade. Quanto as circunstâncias da nossa vida mudam e aquilo que nos fazia felizes desaparece… poof!, a nossa felicidade vai-se também…

 

Como pode isto ser?

 

Basicamente nós estamos constantemente a balancear-nos entre a felicidade que “ganhamos” e a felicidade que “perdemos”. Quanto mais tempo vivemos, ou quanto mais experienciamos da vida, mais conscientes podemos ser ou aprender em relação aos que nos faz felizes.

 

Enquanto terapeutas que sou, no contacto com o ser humano ao longo do tempo, no geral posso destacar alguns aspectos, os quais poder-se-iam dizer que… sim, contribuem para a felicidade! E hoje partilho isso consigo.

 

De onde vem a felicidade?

 

A felicidade vem de diversas formas. A boa notícia é que ela pode ser muito diferente de pessoa para pessoa. Porque é que isto é uma coisa boa? Você poderá adequar uma série de aspectos na sua vida para a trazer para si. E para tal estão identificados um número de elementos essenciais que seguramente o ajudam nesta “demanda” pela felicidade, a saber:

 

1º) Saber aquilo que gosta e saber dizer que gosta

 

Saber quais são os seus gostos pessoais, os seus prazeres, aquilo que faz o seu coração “cantar”… Saber dizer “I Love You” (mas em português!) pode fazer florescer relações e constrói maior transparência e verdade, que em última análise contribuem para fazer de si uma melhor pessoa.

 

2º) Saber perdoar

 

Num processo que pode ser mais ou menos complicado de realizar, tal apenas irá ajudá-lo a “libertar” caminho, a seguir em frente e readquirir uma perspectiva mais positiva na vida.

 

3º) Saber dizer “Não”

 

Caso contrário, ficará sobrecarregado, acumulando apenas em experiências de desequilíbrio para si. Ao dizer “não” ganhará um foco muito maior em relação ao que acredita, aos seus valores e àquilo que para si é (ou não) importante na vida.

 

4º) Saber viver as suas paixões no dia-a-dia

 

Costuma incorporar as suas paixões na sua vida de todos os dias? Por menor que seja, dedicar um pouco do seu tempo naquilo que o faz sentir bem e o preenche pode ter um impacto grande na forma como se sente e em relação àquilo que pretende alcançar.

 

5º) Saber comer saudavelmente e praticar alguma actividade física com regularidade

 

A velha máxima diz-nos que “somos o que comemos” e hoje em dia vemos e sentimos isso mais do que nunca. Está cientificamente provado que a produção e a libertação de endorfinas no nosso corpo, comendo saudavelmente e praticando alguma actividade física, permite-nos viver uma vida mais preenchida, fornecendo-nos as bases para um estado mais “feliz” e consistente no dia-a-dia.

 

6º) Saber ligar-se com profundidade

 

Não! Não se trata de se “ligar” à “rede” (isso, suponho que já estará). 🙂 Ligar-se, sim, no sentido mais profundo, de envolvimento pessoal (e real) com algumas coisas, causas ou alguéns! Se sente algum tipo de receio nisso, no envolvimento com pessoas “de carne e osso”, certamente achará que ficaria mais vulnerável se o fizesse, certo? Olhe que não, olhe que não. 🙂 Não é assim tão difícil. Ligar-se ou envolver-se a um nível menos superficial com as pessoas ajuda-o a ser uma pessoa mais descontraída, aberta e sincera. Isso dar-lhe-á mais força e confiança para se expressar e ser quem você realmente é, o que em última instância… contribui em muito para a sua felicidade!

 

7º) Saber ver as coisas sob diversos prismas

 

O que é que você tem de único? Está a conseguir criar a sua própria vida? A vida não deve ser vivida apenas de forma séria e pesadona. O seu tempo é das coisas mais preciosas que pode ter. E quando uma pessoa dá por si, percebe que ele passa a correr! Para nos lembrar que é importante ir tendo as nossas pausas, abrandar e apreciar o momento…

 

8º) Saber estabelecer os seus objectivos

 

Faz isso? Em relação aos seus próprios objectivos? E faz por pô-los em marcha? Crescemos numa sociedade em que muitas vezes são os pais que nos dizem aquilo a que devemos aspirar; o governo quase parece determinar o que devemos sentir; os mass-media dizem-nos o que pensar; e por aí vai. Delinear os seus próprios objectivos permite-lhe seguir aquilo em que realmente acredita, viver de acordo com os seus valores, o que no limite… contribui para a sua felicidade!

 

9º) Saber reconhecer tudo o que de positivo existe em si, na sua vida e no mundo

 

Que coisas toma por garantidas? A saúde? O amor? Família? Amigos? O que mais? Lamento dizer, mas… nada disso o é. São conquistas e aquisições diárias, que se alimentam diariamente. Que se constroem ou destroem no dia-a-dia. E se os tem, considere-se verdadeiramente um abençoado. O que é que tem na sua vida que muitas pessoas nem sequer têm a oportunidade de experienciar? Lembre-se disso todos os dias. Isso faz muita diferença.

 

10º) Saber dar

 

Dar ou doar-se é um dos ingredientes “secretos” da felicidade. Agora já não, que acabo de lho dizer ! 😉 Não existem dúvidas de que recebemos em proporção àquilo que damos. Quanto mais dá, mais recebe. Tanto positiva como negativamente. Dar aos outros fortalece as suas ligações, solidifica confiança, e mais importante do que isso, poderá fazer a diferença na vida de alguém. E quando podemos contribuir não só para a nossa própria felicidade, mas ao mesmo tempo para a felicidade de mais alguém… essa é a derradeira felicidade!

 

Sara Ferreira – Psicóloga & Psicoterapeuta @ WeCareOn