Burnout é um termo muito atual e utilizado em vários contextos profissionais para designar o stress, a tensão, o esgotamento, o “não conseguir mais”. Frequentemente também confundido com estados de depressão e esgotamento físico emocional, mas é algo mais complexo como vamos ver.

 

Fazendo uma pequena introdução histórica, o conceito de burnout teve o seu aparecimento nos anos 70 com Freudenberger e Maslach. Que, tentaram chamar a atenção para fenómenos comportamentais disruptivos em indivíduos de várias classes profissionais hoje designado por síndrome de burnout.

 

Maslach e Schaufeli (1993), numa primeira tentativa de definição do conceito e sua diferenciação do conceito de stress, consideraram o burnout:

como um prolongamento do stress ocupacional, sedo o resultado de um processo de longa duração, em que o trabalhador sente que os seus recursos para lidar com as exigências colocadas pela situação (trabalho) já estão “esgotadas”.

 

Burnout em Psicólogos

A síndrome de burnout consiste numa resposta ao stress profissional crónica. Afeta (entre outros profissionais) os psicólogos que prestam assistência a outras pessoas que por fatores relacionados à natureza de sua profissão, apresentam-se particularmente vulneráveis ao stress e aos seus efeitos (Rabin, Feldman, & Kaplan, 1999). Segundo estes autores, entre os fatores específicos, destacam-se:

  1. A relação profissional, por um longo período de tempo, com pessoas com transtornos mentais;
  2. A responsabilidade para com a vida do paciente;
  3. A inabilidade para estabelecer limites em suas interações profissionais e
  4. A atenção constante aos problemas e necessidades dos pacientes de uma forma não recíproca (Moore & Cooper, 1996; Rabin, Feldman, & Kaplan, 1999).

 

Facilmente se observa que os psicólogos, por atuarem na área da saúde mental, estão entre indivíduos em sofrimento. Alguns vítimas da síndrome de burnout. Acrescenta-se a possibilidade de haver alguma identificação e formação de laços afetivos entre os psicólogos e seus clientes (França, citado em Covolan, 1996). Especialmente quando se trata de práticas mais tradicionais de atendimento individual. Exemplificando, estudos realizados em psicólogos clínicos norte-americanos e ingleses demonstraram elevados níveis de estresse entre esses profissionais (Rabin, Feldman, & Kaplan, 1999).

 

Relativamente a psicoterapeutas, Farber (1985) identificou cinco fatores desencadeadores de stress:

  • Manutenção da relação terapêutica;
  • Dúvidas profissionais;
  • Envolvimento excessivo no trabalho;
  • Esgotamento emocional e pessoal.

Além desses, solidão, expectativas excessivas e falta de gratificação também foram identificados como fontes de estresse naqueles profissionais (Rabin, Feldman, & Kaplan, 1999).

 

Apesar de algumas caraterísticas comuns, o stress está correlacionado com a depressão, tristeza que não têm proveniência específica. Mas sim, está relacionado com as vivências individuais e o contexto em que estão inseridos. O burnout é uma consequência do trabalho.

 

Como diagnosticar o Burnout em Psicólogos?

 

Para o efetivo diagnóstico individual deste fenómeno, Paine (1982) especificou os critérios de diagnóstico do fenómeno. Com a particularidade de a sua aplicação só ser possível no fim do processo de burnout, sendo:

  1. Predominância de sintomas disfóricos (exaustão, fadiga e depressão);
  2. Predominância dos sintomas mentais relativamente aos sintomas físicos (alguns autores referem a importância da somatização dos sintomas psíquicos);
  3. Sintomas específicos e resultantes de situações de laborais;
  4. A sintomatologia pode ocorrer em pessoas que nunca sofreram de desordens psicopatológicas;
  5. Diminuição da eficácia e rendimento no trabalho devido a situações negativas no contexto trabalho (referidas anteriormente no contexto de trabalho dos psicólogos).

 

No caso específico dos Psicólogos e reafirmando as palavras de Maslach e Jackson (1986),

O Burnout é uma reação ao stress crónico que ocorre naqueles profissionais que têm de prestar ou oferecer “serviços humanos”, devendo ser entendido como um síndrome de exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização profissional, que pode ocorrer nos indivíduos que fazem qualquer trabalho com pesssoas”.

 

Assim, podemos afirmar que, a negligência do stress profissional crónico pode conduzir a um estado de burnout, também nos psicólogos. Surge aqui a necessidade premente do acompanhamento psicoterapêutico nesta classe profissional como medida de prevenção. E até mesmo de tratamento dos primeiros sinais de comportamentos que podem levar ao estado de burnout.

 

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Marisa Pereira – Psicóloga WeCareOn