Este guia tem como objetivo, dar a conhecer as perturbações de ansiedade e oferecer um leque variado de ferramentas, que se podem usar no combate da ansiedade patológica. Vamos apresentar a segunda parte, mais prática. Pode ver a Parte I aqui.

Como Lidar Com a Ansiedade, o que vai encontrar:

  • Tratamentos para a Ansiedade
  • Exercícios Práticos e Eficazes

 

 

Como Lidar Com a Ansiedade: Tratamentos

O tratamento das perturbações da ansiedade, inclui o uso combinado e/ou separado de psicofármacos e de psicoterapia.

 

Psicofarmacologia:

A psicofarmacologia, atua inicialmente no corpo, equilibrando os químicos que se encontram em desequilíbrio no cérebro, proporcionando alterações nas reações corporais face a uma ansiedade patológica. Com o equilíbrio cerebral e corporal a pessoa tende a conseguir encontrar mais capacidade para enfrentar as suas dificuldades e até mesmo deixar de apresentar os sintomas da perturbação. As drogas que reduzem a ansiedade são chamadas de ansiolíticos e atuam diretamente no cérebro, as principais são as benzodiazepinas (usados na ansiedade aguda, com por ex.: Valium (diazepam)) e os inibidores da recaptação do neurotransmissor Serotonina (ISRS) (com efeito mais tardio, como por ex.: Prozac (fluoxetina)). Estes ISRS são também usados no tratamento da depressão.

 

Psicoterapias:

A psicoterapia, atua primeiro ao nível, do pensamento, das emoções, do comportamento influenciando o corpo e o cérebro. Neste sentido também a psicoterapia, permite alterar as conexões no cérebro, de forma a que pela exposição, o estímulo imaginário ou real deixe de provocar respostas de ansiedade (Fonte: Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso).

Mesmo quando a psicofarmacologia é indispensável, a ciência é unânime em aconselhar a uso da psicoterapia sem efeitos secundários e como uma medida eficaz e necessária. Até porque, a pessoa precisa de ser capaz de entender e enfrentar os seus medos, sendo capaz de desenvolver estratégias pessoais para lidar ou superar com as situações ou objetos que provocam dificuldades.

Desta forma, apesar das influências genéticas e do meio, as pessoas podem ser ativas naquilo que lhes faz feliz ou que lhes provoca bloqueios, para isso precisam de adquirir competências que as autonomize, com sucesso e de forma positiva, face àquilo que lhe provoca medo, ansiedade ou stress e que lhes têm limitado a sua vida.

A psicoterapia tem sofrido várias evoluções em termos de técnicas terapêuticas, por exemplo, estudos em 2001 evidenciaram uma tendência para, as tarefas para casa, a prevenção da recaída, o uso da realidade virtual, o uso de técnicas de resolução de problemas, o uso do computador, a reestruturação cognitiva e o uso de técnicas de Auto monitorização (autoajuda) (Norcross, Prochaska & Hedges, 2001 cit in Moreira, Gonçalves & Beutler, 2005).

No que diz respeito às Perturbações da Ansiedade, o foco da abordagem cognitivo-comportamental está no topo dos tratamentos com maior eficácia para a maioria das pessoas e quase em exclusivo, no que diz respeito ao tratamento das fobias. Para outras pessoas e quanto às perturbações de ansiedade generalizada, outros modelos teóricos, também, revelam-se muito interessantes e eficazes, principalmente os de origem psicodinâmica e humanístico-experienciais. Sendo que os psicodinâmicos, permitem uma descoberta, compreensão e tomada de consciência das questões que estão na base dos medos. E, os modelos humanístico-experienciais, permitem uma centração no aqui e no agora e, no desenvolvimento e aprendizagem de novas sensações mais adaptativas (Moreira, Gonçalves & Beutler, 2005).

Seguindo também esta tendência, quer por serem consideradas terapia breves, eficazes e de fácil uso, vai-se explicar as duas abordagens usadas para a exposição dos exercícios práticos sobre como lidar com a ansiedade.

 

 

Psicoterapia Cognitivo-Comportamental

A psicoterapia cognitivo-comportamental (PCC), que também é chamada de terapia de 2ª geração, teve a sua origem por volta da década de 60 e derivou das teorias comportamentais (de 1ª geração, surgidas na década de 20 e efetivadas na década de 50). Esta terapia é considerada como a abordagem teórica mais dominante em quase todo mundo, não só pelos estudos em psicopatologia, mas também pelas evidências científicas quanto à sua eficácia em diversas situações (Herbert & Forman, 2011 cit in Lucena-Santos, Pinto-Gouveia, Silva Oliveira, et al. 2015).

Modelo Cognitivo-Comportamental de 2ª geração, pensamentos, emoções e comportamentos

 

Este modelo formula protocolos de tratamento para várias perturbações emocionais, integrando técnicas atuais quer comportamentais e quer cognitivistas, que se baseiam no princípio, que as cognições (pensamentos e crenças) mal adaptativas causam sofrimento emocional, desta forma ao serem modificadas quer o sofrimento emocional quer o comportamento mal adaptativo diminuem (Lucena-Santos, Pinto-Gouveia, Silva Oliveira, et al. 2015) (ver fig. 1).

 

 

 

Por volta da década de 90, as PsFoco do Mindfulness nas psicoterapia cognitivo-comportamental de 3ª geração.icoterapias Cognitivo-Comportamentais, começaram a integrar nas suas terapias, uma nova abordagem, proveniente da prática da meditação oriental – o mindfulness ou atenção plena. Mindfulness implica, a existência de uma concentração intencional para o momento atual, sem julgamentos e, sem envolvimento com o passado ou com o futuro (os pensamentos, sentimentos e sensações, são aceites como legítimos, importantes, sem categoria positiva ou negativa). Desta forma, contrariando a tendência das pessoas de estarem desatentas ou perdidas em reflexões e julgamentos que as distanciam da realidade presente (Kabat-Zinn, 1990 cit in Vandenberghe & Sousa, 2006).

Com o mindfulness pretende-se que a pessoa experiencie internamente as vivências emocionais, mesmo que tenha pensamentos, sentimentos ou sensações avaliadas como negativas. Pois é pelo enfrentamento e vivência emocional experiencial, que se contacta com aspetos que são condições de vida que merecem ser enfrentadas e também porque quanto mais se tenta não pensar, mais se pensa. Facilitando a ruminação mental e a da atenção seletiva para os conteúdos indesejados (Vandenberghe & Sousa, 2006) (ver fig. 2).

Ambas as PCC de 2ª e de 3ª gerações têm como lema o estabelecimento de objetivos claros, observáveis e que encorajem uma maior consciencialização dos pensamentos, sentimentos e sensações, refletindo-se numa melhoria da qualidade de vida (Lucena-Santos, Pinto-Gouveia, Silva Oliveira, et al. 2015).

Hipnoterapia (Hipnose clínica)

O termo Hipnose, surgiu por volta de 1840 pelo médico James Braid, que acreditava que as pessoas hipnotizadas estariam a dormir num estado de sono. Contudo a evidência científica demonstra com eletroencefalogramas (exames ao cérebro) que o estado de hipnose é diferente do estado de sono quando se está a dormir.

Assim a Hipnose pode ser explicada como uma forma de dissociação (natural e própria dos estados de consciência normais, como é o caso da concentração ou do “sonhar acordado”), que permite limitar o campo da atenção a um único pensamento ou sentimento. Desta forma, quando se experimenta este estado de espírito, de transe ou estado alterado de consciência, a pessoa consegue facilmente afastar da mente as preocupações e distrações do presente. Focando a sua atenção nas sugestões terapêuticas que o hipnoterapeuta indica para solucionar os seus bloqueios emocionais internos (Fonte: O livro do cérebro).

A hipnose permite uma apreciação e entendimento da dinâmica dos processos inconscientes no comportamento. E sob o estado de hipnose, as pessoas podem recordar-se de coisas não disponíveis à consciência em estado não-hipnótico. As memórias recordadas são usadas para perceber a dinâmica interna da pessoa e permitem também capacitar a pessoa para catalisar novas associações mais positivas. Essas memórias podem ser muito vívidas, permitindo também um alívio emocional muito positivo (Fonte: Compêndio de Psiquiatria).

Áreas do cérebro envolvidas nos estados alterados de consciência

Em termos biológicos, o cérebro tem a fascinante capacidade de conseguir produzir experiências conscientes incluindo estados alterados de consciência, transformando assim percepções e emoções (ver fig. 3).

Estes estados alterados ocorrem de forma muito natural e com todas as pessoas. Facilmente, quando se está acordado, em estado vígil, pode-se passar por diferentes fases naturais de consciência, como quando se está relaxado, concentrado ou até mesmo quando se está a sonhar acordado. Também, outros momentos podem provocar estados alterados de consciência, como cansaço extremo, perante um acontecimento stressante ou perante um estado febril. Todavia, estes estados alterados de consciência podem ser provocados de forma deliberada, como por exemplo, pelo uso de drogas, meditação e hipnose (Fonte: O livro do cérebro).

A hipnose tem sido usada com sucesso em muitas situações, como controlo da obesidade, nas adições de substâncias como álcool ou nicotina, na indução de anestesia sem qualquer químico anestésico, no controlo da dor crónica, asma, prurido, afonia, transtorno conversivo e ainda como indutor de relaxamento na exposição sistemática e no controlo de situações fóbicas que permitem reduzir a ansiedade (Fonte: Compêndio de Psiquiatria).

 

Para saber o seu estado atual de ansiedade faça o nosso Teste de Ansiedade

 

Concluindo com a explicação dos tratamentos mais eficazes para as perturbações da ansiedade segue-se assim a Parte II com os exercícios práticos para o/a leitor/leitora poder treinar, experienciar e aprender como lidar com a ansiedade.

 

 

PARTE II – Exercícios Práticos e Eficazes

Complementar à Parte I – Compreender a ansiedade, diagnóstico e tratamentos, esta Parte II, vai permitir-lhe assimilar as informações teóricas adquiridas, com os exercícios práticos. O objetivo é que possa sentir-se ajudado(a) a interagir positivamente com a ansiedade e a treinar estratégias eficazes de combate à ansiedade patológica. Aprender a gerir e como lidar com a ansiedade. Todavia, este guia teórico-prático não substitui a análise detalhada e personalizada por um especialista em saúde mental.

 

Este guia é para mim?

Apesar de alguns exercícios poderem ser úteis para crianças e adolescentes, este guia está dirigido à população adulta.

Se não tem uma perturbação de ansiedade diagnosticada, mas gostava saber como lidar com a ansiedade no dia-a-dia, este guia é para Si. SIM!

 

Que benefícios tem este guia?

Como vimos na parte teórica, a ansiedade, o medo e o stress são vantajosos e úteis nas nossas vidas. Eles permitem reagir e agir perante ameaças reais, permitem ultrapassar desafios e ter entusiasmo pela vida. Todas as pessoas, mesmo as que não tenham uma perturbação de ansiedade diagnosticada vão beneficiar das dicas e dos exercícios aqui propostos.

Este guia, vai ajudá-lo(a) no mínimo em 7 pontos importantes:

  1. Prevenir a ansiedade patológica;
  2. Saber identificar quando a ansiedade é normal ou está a ser patológica;
  3. Ter um maior conhecimento sobre si próprio(a);
  4. Desenvolver a sua inteligência emocional;
  5. Melhorar o seu comportamento nos relacionamentos, na sua ocupação (profissional ou estudante) e consigo próprio(a);
  6. Aprender estratégias úteis quando estiver perante momentos de vida stressantes ou quando a ansiedade estiver a ser nefasta para si, para a sua vida pessoal, profissional ou social.
  7. Aconselhar ajuda e/ou ajudar alguém seu (sua) amiga.

 

 

Como usar os exercícios

Os exercícios podem ser usados sem ordem específica, sendo que se pode realizar um, vários ou todos os exercícios, mediante a necessidade face aos desafios do dia-a-dia. Todos eles têm base científica estudada e comprovada, contudo não substituem um processo terapêutico individualizado. Sinta-se confortável para escolher mediante a sua vontade, disponibilidade e interesse. Vamos de seguida listar os exercícios para aprender como lidar com a ansiedade. Veja aqui alguns que deixamos. Os outros estão no e-book.

 

Lista de Exercícios

  1. Como Lidar Com a Ansiedade: Compreenda a sua ansiedade
  2. Como Lidar Com a Ansiedade: Acompanhe os seus progressos
  3. Como Lidar Com a Ansiedade: Mimar-se vai ajudar a atingir os seus objetivos
  4. Como Lidar Com a Ansiedade: Desbloquear quando tiver obstáculos
  5. Como Lidar Com a Ansiedade: Analise se as suas crenças estão a ajudar ou a prejudicar
  6. Como Lidar Com a Ansiedade: Conheça os comportamentos de segurança que aumentam a ansiedade
  7. Como Lidar Com a Ansiedade: Aprender a respirar lenta e suavemente
  8. Como Lidar Com a Ansiedade: Em Hipnose – Desafio: Qual é a sua história?
  9. Como Lidar Com a Ansiedade: Em Hipnose – História A
  10. Como Lidar Com a Ansiedade: Em Hipnose – História B
  11. Como Lidar Com a Ansiedade: Em Hipnose – História C
  12. Como Lidar Com a Ansiedade: Em Hipnose – Aprenda a fazer a Auto-Hipnose
  13. Como Lidar Com a Ansiedade: Em Hipnose – Exemplo de uma Auto-Hipnose em caso de stress
  14. Como Lidar Com a Ansiedade: Em Hipnose – Exemplo de uma Auto-Hipnose para deixar de fumar
  15. Como Lidar Com a Ansiedade: Em Hipnose – Exemplo de uma Auto-Hipnose para diminuir a ansiedade durante os exames
  16. Como Lidar Com a Ansiedade: Em Hipnose – Exemplo de uma Auto-Hipnose para ajudar a dormir
  17. Como Lidar Com a Ansiedade: Em Hipnose – O meu guião para a minha auto-hipnose
  18. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser Mindful no dia-a-dia
  19. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful enquanto toma banho
  20. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful para com os pensamentos que não o(a) deixam dormir
  21. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful com as emoções difíceis
  22. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful quando vai para o trabalho de transportes públicos
  23. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful acalmando-se perante situações stressantes
  24. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful quando precisa de pedir algo
  25. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful com uma pausa no trabalho
  26. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful numa relação de mal-entendidos
  27. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful quando sente culpa
  28. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful após uma má noite de sono
  29. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful enquanto viaja com crianças
  30. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful quando é criticado(a)
  31. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful perante as exigências parentais, domésticas ou familiares
  32. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful quando recebe más notícias
  33. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful perante um desgosto ou perda
  34. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful enquanto adormece
  35. Como Lidar Com a Ansiedade: Ser mindful – O meu plano pessoal mindful

 

 

1. Compreenda a sua ansiedade:

Quando tenho ansiedade….:

quadro para compreender a ansiedade

 

 

 

 

Mimar-se vai ajudar a atingir os seus objetivos:

Apesar do stress e da ansiedade, se conseguir cuidar mais de si, o sucesso será maior. Siga alguns conselhos:

como lidar com a ansiedade cuidando de si

 

 

 

 

Em Hipnose – História:

 

Sorte e Riqueza

“Um filósofo passeava por um bosque com o seu discípulo. O tema da conversa, naquela tarde, era sobre os encontros com que deparamos na nossa vida. Ensinava o filósofo que um encontro é sempre uma surpresa que nos mostra o novo, e o encanto das coisas que não conhecemos; dos caminhos que podemos descobrir.

Um encontro é sempre uma oportunidade para aprender, para crescer e para ensinar.

Num determinado momento, passavam em frente de um portal de aparência miserável, que contrastava com uma propriedade bem situada num parque de rara beleza.

“Olha este lugar, comentou o discípulo: é mesmo como o mestre diz: muita gente está no paraíso, sem se dar conta disso. Num belo sítio como este, vive-se miseravelmente.”

Mas o mestre explicou: “não podemos julgar à primeira vista: precisamos verificar as causas, pois só entendemos o mundo quando entendemos as causas que o fazem mover”.

Bateram à porta e foram recebidos pelos moradores do casebre: um casal e três filhos, com as roupas sujas e rotas.

“Vocês vivem aqui no meio da floresta, não há nenhum comércio por aqui perto”, – disse o mestre ao pai da família. “Como é que vocês conseguem viver?”

‘meu amigo, respondeu o homem, – nós temos uma vaquinha, que nos dá uns litros de leite todos os dias. Vendemos uma parte do leite e compramos o que é necessário na cidade vizinha. Com uma outra parte fazemos queijo e manteiga para comermos. E assim vamos vivendo e Deus é servido.”

O filósofo agradeceu a hospitalidade e a informação e os dois prosseguiram a sua viagem. Um pouco mais adiante, passaram ao lado de um poço. Diz o filósofo ao aluno:

“Vai procurar a vaca daquele senhor e jogue-a no poço.”

“Como assim, se ele só tem aquela vaca para a sua sobrevivência?”

Mas o filósofo não deu resposta e o aluno lá foi procurar a vaca e jogou-a no poço.

O discípulo nunca mais esqueceu aquela cena. Passados muitos anos, quando já era um empresário de sucesso, o discípulo decidiu voltar ao mesmo lugar, confessar àquela família o que tinha feito, pedir-lhe perdão e ajudá-la financeiramente.

Mas qual não foi seu espanto ao ver aquele lugar transformado numa bela quinta, com árvores floridas, carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim. O homem ficou ainda mais desesperado pensando que aquela humilde família tinha sido obrigada a vender a propriedade para sobreviver. Apressou o passo e foi recebido por um caseiro muito simpático.

“Para onde foi a família que aqui vivia há uns quinze anos?”

“Continua aqui, são eles os donos da quinta”, foi a resposta.

Surpreendido, quis falar com o proprietário. Este logo o reconheceu e perguntou-lhe como estava o filósofo. Mas o discípulo estava ansioso por saber como é que ele tinha conseguido melhorar a quinta e mudar tudo.

“Bem, disse ele – nós tínhamos uma vaca com que nos sustentávamos. Acontece, porém, que ela caiu no poço e morreu. Então para manter a família, tive que plantar uma horta com legumes. As plantas levavam tempo para crescer e vi-me obrigado a cortar madeira para vender. Ao fazê-lo tive que replantar as plantas e precisei comprar sementes. Ao comprá-las, lembrei-me da roupa dos meus filhos e pensei que pudesse cultivar algodão. Passei um ano difícil; mas, quando a ceifa chegou, eu já estava vendendo legumes, algodão e ervas aromáticas. Nunca me tinha dado conta do potencial que tinha aqui. Foi uma sorte danada aquela vaca ter morrido!”

Fonte: Site: http://www.portalcmc.com.br/ ousar-para-mudar/ (Extraído do livro “Códigos da Vida” de Legrand Editora: Soler Editora)

 

 

Ser Mindful no dia-a-dia

Ser mindful ou praticar mindfulness, significa que consegue abrandar o ritmo stressado com que está a viver neste momento. Significa que vai diminuir o stress e a ansiedade com que vive. Significa que ficará mais concentrado(a), atento(a) e consciente no momento do aqui e do Agora. Pensando, vendo, ouvindo e sentindo o que se passa em Si e à sua volta neste momento.

Crie um espaço só seu em sua casa. O seu espaço seguro, onde pode estar a relaxar, meditar, ou simplesmente desfrutar dele. Se for possível tenha algo onde se possa sentar ou deitar confortavelmente e uma manta que o(a) possa aconchegar. Deixe um papel na porta a pedir que não o(a) incomodem nesse momento.

 

NOTA:

É normal, que se possa distrair com outros pensamentos. Se durante os exercícios, tiver pensamentos, emoções ou sensações que lhe faça desfocar-se do momento presente, volte, logo que possível, a sua atenção, para o momento presente e para o exercício.

DICA:

Embora simples, estes exercícios requerem, decisão, esforço e persistência. Com o tempo, vai desejar fazê-lo mais vezes! Pode começar pelo mínimo tempo possível que deseje!

Fique mais calmo, mais relaxado, mais concentrado e criativo(a).

Os exercícios seguintes são retirados do livro: Mindfulness O Diário, da psicoterapeuta Corinne Sweet.

 

 

Ser mindful enquanto toma banho:

 

“Um início minful pode ajudá-lo(a) a preparar-se para o dia atarefado que o(a) espera. De manhã, reserve mais tempo para se arranjar.

Debaixo do duche, permita-se sentir a água no seu corpo.

 

 

Ser mindful para com os pensamentos que não o(a) deixam dormir:

 

“Marque 20 minutos no seu cronómetro. Sente-se confortavelmente numa cadeira de espaldar alto ou deite-se. Visualize os seus problemas a saltitar à sua volta como pipocas, bolas de borracha ou macacos a voar de árvore em árvore. Observe o frenesim dos seus pensamentos e veja-os rodopiar. Concentre-se na respiração, pensando <subir> quando inspira e <descer> quando expira.

Volte aos seus pensamentos: avalie se retrocederam um pouco. Se mantêm a correria, volte à respiração. Continue a respirar, inspire e expire, e pontualmente observe os seus pensamentos, verificando que se vão afastando cada vez mais. Observe se sente algum desconforto no corpo e inspire para o aliviar.

Quando o tempo terminar, mantenha-se imóvel por um momento e deixe a sua consciência voltar lentamente. Reconheça onde está e que tem as costas apoiadas. Está tudo bem.”

 

Fonte: Sweet, C. (2015, p.30).

 

 

Ser mindful com as emoções difíceis:

 

“Marque 20 a 30 minutos. Sente-se confortavelmente numa cadeira de espaldar alto ou deite-se.

Feche os olhos e concentre-se na respiração. Preste atenção à forma como sente os membros e o plexo solar (abaixo das costelas): esteja atento às zonas de desconforto e concentre a respiração nelas. Continue a respirar regularmente e deixe a mente estabilizar-se.

Permita que um pensamento difícil, tal como o de ressentimento ou perda, ressurja. Permita que o pensamento exista por um momento, a seguir solte-o, imaginando-o como uma borboleta que esvoaça para longe. Reconduza a sua atenção plena para a respiração. Inspire e expire profundamente.

Se o tal pensamento difícil continua na sua mente, volte a ele e repita o passo de soltá-lo como uma borboleta. Continue até o pensamento voar livremente.

Volte a concentrar a atenção no centro da testa e respire até o cronómetro se desligar.”

Fonte: Sweet, C. (2015, p.36).

 

 

Ser mindful enquanto viaja com crianças:

 

“Entre numa estação de serviço ou numa zona de estacionamento. Reserve um momento para respirar. Respire fundo dez vezes, tendo consciência do ar a entrar e a sair. Saia do carro. Tire as crianças do carro. Imagine toda a tensão a sair do carro consigo e a espalhar-se pelo ar.

Vá até à casa de banho ou busque refrescos. Dê um intervalo às crianças ao ar livre. Respire, olhe para o céu e incentive as crianças a descarregarem a frustração esticando as pernas.

Volte ao carro, levando consigo o ar fresco e a mente desanuviada.

Continue a viagem.”

 

Fonte: Sweet, C. (2015, p.102).

 

 

Ser mindful – O meu plano pessoal mindful:

Vá para o seu local seguro e sinta-se confortável. Pense na sua vida, no seu corpo, no seu estado psico-emocional e encontre alguns momentos pessoais, onde pode e gostaria de praticar esta atenção plena. Pense no que lhe está a fazer mais falta!

Fonte: Sweet, C. (2015, p.175).

 

como lidar com a ansiedade usando mindfulness

 

Veja também a Parte I do artigo.

 

Se quiser saber ainda informações sobre depressão, veja ainda o nosso Guia Prático da Depressão.

 

Liliana Silva – Psicóloga, Hipnoterapeuta e Coach na WeCareOn.

 

Para ter acesso à informação mais completa sobre este artigo e a todos os 35 exercícios, veja aqui no nosso e-book.

 

 

BIBLIOGRAFIA:

  1. Ordem dos Psicólogos. A Saúde Psicológica em Portugal (08/10/2014). https://www.ordemdospsicologos.pt/pt/noticia/1243.
  2. American Psychiatric Association. (2002). DSM-IV-TR: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (4ª edição; texto revisto). Lisboa: Climepsi Editores.
  3. American Psychiatric Association – APA (2013). Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – DSM-5, 5ª ed. Artmed.
  4. Kaplan, H. I., Grebb, J. A., & Sadock, B. J. Compêndio de Psiquiatria. 7ª. edição, 2002. Editora Artmed
  5. DGS – Direção-Geral da Saúde. Portugal – Saúde Mental em Números – 2015 (Março de 2016). Programa Nacional para a Saúde Mental. República Portuguesa Saúde.
  6. DGS – Direção-Geral da Saúde. A Saúde dos Portugueses. Perspectiva 2015 (Julho de 2015). República Portuguesa Saúde.
  7. Jornal Público. Sociedade – Portugal em sofrimento: vendem-se mais antidepressivos e há mais suicídio (24/03/2016). Edição online Publico.pt. https://www.publico.pt/2016/03/24/sociedade/noticia/portugal-tem-uma-taxa-baixa-de-suicidios-se-calhar-ja-nao-1727072
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  9. Carter, R. (2009). O livro do Cérebro – Guia ilustrado sobre a estrutura, funcionamento e perturbações. Porto, Editora Civilização.
  10. MacDonald, F. (Fev/2016) Scientists Already Know How to ‘Erase’ Your Painful Memories… and Add New Ones. Nothing lasts forever. http://www.sciencealert.com/scientists-have-figured-out-how-to-to-erase-your-painful-memories.
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  20. Sweet, C. (2015). Mindfulness o diário: Exercícios para encontrar a paz e a calma onde quer que esteja. Lisboa. Grupo Planeta.
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