Cada vez se torna mais comum nos dias de hoje existir situações de violência física, psicológica e/ou emocional no meio escolar.

 

O que é o Bullying?

 

 

Segundo a OMS:

‘Bullying é uma forma de maus-tratos que ocorre escolas. Caracteriza-se pela exposição repetida de uma pessoa a agressões físicas e/ou emocionais, incluindo provocações, insultos, ameaças, assédio, insultos e exclusão social.’ (Bulletin of the World Health Organization 2010;88:403-403).

 

Importa referir que este fenómeno não se limita ao contexto escolar e em faixas etárias precoces.

“A prática de bullying pode ser observada nas escolas, e em outros ambientes de trabalho, na casa da família, nas forças armadas, prisões, condomínios residenciais, clubes e asilos”. Como apontam    Smith e outros pesquisadores (2002) e Fante (2005).

 

Qual a necessidade, podemos perguntar. Muitas vezes é sem necessidade, mas a maioria é para se sentirem superiores, para sentirem que controlam os outros, que são maus e que todos devem temer e respeitar. Outras vezes é porque os próprios agressores já foram vítimas e, para não tornarem a ser, dirigem a tenção para os outros.

 

Porquê falar no plural?

Porque a grande maioria das vezes não se age sozinho, ter quorum é o melhor para o agressor. Claro que se pode pensar: que tontice ser parte da ‘claque’! Pois é, mas o sentimento na maioria das vezes é o de que mais vale apoiar do que depois sofrer com as consequências de não o fazer. Como por exemplo passar a ser vítima. Não se pode julgar.

 

Uma boa ilustração foi elaborada por Carlos Ferreira Neto (2006) sobre o Ciclo da Agressão:

Segundo este autor uma possível forma de intervenção para quebrar este ciclo de agressão é através dos espectadores. Pois se não houver este quorum a força dos agressores irá diminuir. Devendo-se assim apostar em ações de sensibilização e formação às crianças e adolescentes para que eles próprios identifiquem estas situações e intervenham em vez de serem espectadores.

 

Esta forma de tratar o outro tem muito a ver com a forma como se é tratado e com aquilo a que se assiste nos vários contextos influentes. Quer seja na própria escola, na família e no contexto social onde se vive. Basta ligar a televisão e deparamo-nos com relações forçadas e com vista a satisfação momentânea, com o usar o outro como um meio para chegar ao que se quer. Para não falar dos jogos em que se mata os outros bonecos porque sim, porque mandam as regras do jogo.

 

Assim se desleixam valores como a bondade, a solidariedade, o respeito pelo outro e se passa a uma convivência sem fundo e sem aprendizagem e desenvolvimento pessoal. Onde não se constrói, só se destrói. E faz-se da destruição dos outros o seu próprio ego.

 

Bullying o que fazer?

Voltando às escolas, o bullying é uma situação complicada de se controlar porque em Portugal não existe legislação nem meios para o combater (ainda!). Em Inglaterra por exemplo as escolas têm uma pessoa a trabalhar nos recreios apenas para prevenir e mediar situações de bullying.

 

Então o que pode um aluno fazer quando é gozado/chantageado e vítima de bullying constantemente?

 

Pois é, realmente é complicado e, a experiência diz-me, que o que acaba por acontecer é agir sob medo. Não contar a mais ninguém para não se sentir ainda mais ridículo e humilhado. E se contam pedem para não se fazer nada, por medo de represálias.

 

Mas essa estratégia só faz com que essa situação se perpetue e vá piorando.

 

O melhor a fazer é falar com um adulto, nomeadamente um familiar ou alguém de referência na escola (vigilante, professor, diretor de turma etc…com quem se sinta à vontade para o fazer). Depois de falar com este adulto procurar junto dos outros responsáveis (professores, diretores, vigilantes) alertar para o que está a acontecer de forma a tentarem arranjar estratégias para resolver a situação.

 

Caso nada seja feito pela escola os pais devem também apresentar queixa na direção da escola e falar também diretamente com a polícia da escola segura.

 

O bullying em si não é crime em Portugal (ainda!). No entanto pode-se apresentar queixa por ofensa à integridade física ou por difamação. No caso do cyberbullying deve-se levar o telemóvel ou computador com a informação caluniosa (mensagens, e-mails, redes sociais) a uma esquadra da polícia para que possam investigar as fontes e tomar as medidas necessárias.

O que se pode fazer com o bullying, estratégias para lidar com bullys

 

 

 

Como lidar com bullying na escola? As estratégias são:

  • Não andar com objetos de valor,
  • Ter cuidado onde deixa a mochila,
  • Andar sempre acompanhado de outros colegas/amigos (nomeadamente: defensores da vítima, defensores potenciais). Pois juntos podem fazer frente ao que está a acontecer;
  • Evitar zonas mais perigosas como corredores sem ninguém,
  • E por último ser seguro a responder. Não responder com violência mas com segurança. É muito difícil claro, mas mais vale tentar.

 

 

Ser participante diretamente nesta situação, como alvo, traz várias consequências psicológicas para as crianças/adolescentes.

Nomeadamente:

 

 

A criança/adolescente que vive a violência (Bullying) é muitas vezes um adulto violentado ou violento. Porque conviveu com este comportamento e tende a replicar, como agressor ou como vítima.

 

É aqui que entra o papel do psicólogo, que face a uma pessoa, independentemente da idade, que esteja nesta situação, deve logo identificar qual a situação pela qual está a passar, que estratégias deve tomar para lidar com isso, trabalhar sentimentos de raiva, angústia, medo e stress inerentes a esta situação.

 

E posteriormente trabalhar a auto-estima e auto-conceito, de forma a que não volte a estar numa situação destas. E também desenvolva mecanismos psicológicos defensivos para enfrentar futuras situações quer na escola como mais tarde em relações amorosas e em relações profissionais.

 

Como referi atrás, o agressor muitas vezes também foi agredido. Então o apoio psicológico é fundamental para corrigir esse comportamento com base em emoções muito negativas aliadas a uma quase ausente auto-estima que o leva a auto-afirmar-se com comportamentos destrutivos que dirige ao outro.

 

Para os pais:

O melhor a fazer é estar atento.

Se vêm que o filho/a está mais reservado, mais calado, façam perguntas. Mostrem interesse na vida do seu filho, preocupação e apoio. Não custa ao fim do dia perguntar como foi o dia na escola. O que se fez, se tem TPC, se gosta dos professores, o que acha da turma, com quem se dá mais e menos, etc. Assim os filhos sentem que podem confiar nos pais.

 

E falem de bullying!

 

 

Se há na escola do seu filho, e na turma?

Já viu alguma situação?

Se sim qual?

O que fez?

Ou o que faria se estivesse naquela situação?

 

E assim se demonstra que não está sozinho. E pode-se ensinar algumas estratégias para lidar com constrangimentos quer na escola como futuramente noutros contextos profissionais. Assim se transmite um valor de respeito e compreensão pelo outro.

 

Da mesma forma, os pais do agressor devem estar atentos. Os comportamentos do agressor fora do contexto família, pode ser bastante diferente. Em casa, o agressor (criança, adolescente, adulto) pode apresentar um comportamento submisso, introvertido. E contrariamente nos contextos profissional, escolar, amoroso serem sujeitos bastante agressivos verbal e fisicamente.

 

Peter K. Smith (2002), define Bullying como um subconjunto de comportamentos agressivos de natureza repetitiva, que se baseia numa relação de poder (amigos, relação amorosa, família, profissional). Segundo o autor, a natureza repetitiva deste comportamento acontece porque esta é alvo de várias agressões e por vários motivos e não se pode defender eficazmente.

 

Os agressores valem-se da capacidade de conseguir infligir dano no outro. Conseguindo gratificação pessoal e emocional, posse de dinheiro ou objetos ou ainda por solidificar posições na hierarquia do grupo onde estão inseridos. Violência doméstica também é Bullying, o agressor também aqui inflige dor na vítima (cônjuge) consolidando a sua figura de poder.

 

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Por Inês Fraga e Marisa Pereira, psicólogas @ WeCareOn