Como lidar, da melhor forma possível, com o medo

No seguimento da última publicação sobre as emoções, em que falamos sobre a raiva, iremos falar sobre o medo tal como falamos da raiva, tanto do ponto de vista teórico como do ponto de vista prático.

A face é o reflexo de todo o funcionamento cerebral. Fisiologicamente, as emoções estão conectadas a regiões especificas do cérebro, que em conjuntos formam o sistema límbico. Existe uma correlação direta entre as emoções e as expressões faciais, isto porque ambas são controladas pelo sistema nervoso central, especialmente pelo Sistema Nervoso Autónomo.

É importante diferenciar entre emoção e sentimento, a emoção vem de uma resposta a um estímulo, interno ou externo, que acontece naquele momento. A emoção apresenta curta duração e necessita de estímulo. Ao contrário que o sentimento apresenta longa duração e não apresenta fonte estimulante.

emoção é uma força ordenadora para ações, discursos e pensamentos que nos fazem atuar em frações de segundos. As emoções tornam o individuo preparado para enfrentar eventos importantes, surgiram através do processo evolutivo para nos ajudar a perceber o que se passa dentro de nós. A emoção é uma das experiências mais marcantes para o ser humano. Existe uma complexidade enorme para que a emoção se revele na face, desde complexos componentes cognitivos, fisiológicos e subjetivos. Nela inclui a vivência consciente, subconsciente, respostas internas e explicitas para energia motivadora para a ação.

O medo encontra-se descrito como uma emoção básica com certas características associadas a esta emoção, estas são: a ansiedade, a apreensão, o nervosismo, o pavor e a preocupação sendo que se caracteriza pela ativação de um estado emocional aversivo com o objetivo de colocar o individuo motivado a enfrentar certos estímulos ou situações ameaçadoras. Esta emoção pode surgir de uma situação real ameaçadora, medo reativo, ou o indivíduo pode experienciar estas emoção apenas ao pensar sem que haja o momento associado, medo cognitivo.

A sua intensidade varia com a distância da ameaça, ou seja, depende se a ameaça é imediata ou se está para surgir. Existem algumas perturbações associadas às quais o elemento em comum é o medo, sendo que as fobias se apresentam como sendo o melhor exemplo. As fobias podem ser caracterizadas de situações ou de relações interpessoais, tais como medo da morte, doenças, animais ou espaços. A amígdala apresenta um papel importante na construção do medo, é nesta região do lobo temporal onde a amígdala cria uma reação de alerta perante um determinado estímulo, este estímulo tanto pode ser inato como condicionado.

Através de uma perspetiva fisiológica, esta emoção serve de preparação para o corpo humano para uma situação de perigo. Através deste mecanismo de defesa, o individuo consegue reagir mais rapidamente devido à segregação de adrenalina. Umas das reações no corpo observáveis é a aceleração cardíaca, dilatação das pupilas e aumento de produção de açúcar no sangue. A raiva é uma resposta natural do medo, e esta reação está direcionada para o objeto de ameaça.

No sistema límbico encontra-se relação direta entre a agressividade e o medo, isto devido à sua correspondência a respostas primitivas de sobrevivência, mesmo se encontrem modificadas pelo contexto cultural. As respostas fisiológicas mostram-se diferentes em associação à situação real de medo ou na sua ausência, em resposta cognitiva de medo. O medo também se encontra relacionado com uma distorção do processo cognitivo da informação, ou seja, é possível sentir medo numa situação não ameaçadora como não o sentir numa situação ameaçadora.

Faz parte da natureza humana o afastamento de situações, pessoas e sentimentos potencialmente desagradáveis. Ninguém quer uma experiência negativa e carregar o mal-estar proveniente da experiência pelo resto do dia, semana ou até anos.

As pessoas também se distanciam de ocasiões que não acreditam estar preparadas para enfrentar. Por exemplo, falar em público. Um indivíduo com medo de exposição foge de qualquer possibilidade de conduzir uma apresentação diante de uma plateia.

É a decisão mais lógica: para nos preservarmos, evitamos o objeto ou algo que desencadeie o medo.

Esta emoção é o que mantém as pessoas longe de ameaças, sejam reais ou cognitivas. É essencial para a sobrevivência de nossos antepassados, principalmente diante do desconhecido. Sendo assim, sentir medo é uma forma de conservar a nossa segurança e saúde.

A questão é que as pessoas não temem somente o que podem lhes ferir física ou psicologicamente. Interações sociais, experiências de vida, outros indivíduos e conceitos abstratos também podem deixar as pessoas com medo.

Neste caso, o medo torna-se uma prisão e impede-mo de fazer tudo o que a vida tem a oferecer. É o caso de quem tem medo de conduzir, sair da casa dos pais, mudar de profissão, conhecer pessoas novas, fazer escolhas, perseguir seus sonhos, entre outros. O fator stressante não é enfrentado, então continua a causar mal-estar emocional à pessoa.

Sinais de problemas com o medo:

– Distração dos problemas em vez de os tentar resolver;

– Evitamento de situações ou pessoas de despertam sensações desagradáveis.

– Justificações para não fazer o que realmente quer fazer;

– Preocupação em excesso com o que as outras pessoas pensam;

– Falta de confiança para enfrentar inseguranças, por isso escolhe viver com elas;

– Coloca os seus sonhos em modo de espera, e adia decisões importantes.

 

Agora que falamos sobre o reconhecimento do medo iremos falar sobre como superar algum medo que possa sentir:

1. Conheça o seu medo

Não podemos enfrentar algo que não conhecemos, quando decidimos examinar o medo sem pré-julgamentos e inseguranças, percebemos coisas que antes não conseguíamos. A negação costuma tornar esses detalhes invisíveis, por isso, precisamos de batalhar a vontade de fingir que o medo não existe.

A consciência e o reconhecimento do que nos causa medo, é o primeiro passo para conseguirmos lidar com ele.

 

2. Use a sua imaginação de maneira positiva

Em vez de se permitir que a sua imaginação o leve para passear entre os cenários que você considera assustadores, use-a para superar o medo. Por exemplo, se tem medo de se deslocar em ambientes movimentados, feche os olhos, respire fundo e imagine-se lidando com essa situação da maneira mais calma possível. Adicione detalhes para tornar o cenário imaginário mais real.

Através desta técnica imagética, irá adquirir competências para lidar com situações que lhe façam sentir medo. Ao imaginar-se a ultrapassar por qualquer situação, irá conseguir ultrapassar da melhor forma possível quando se confrontar com esses estímulos.

 

3. Pratique meditação

Além de ajudá-lo a entrar num estado emocional equilibrado e calmo, a meditação também promove o controle dos pensamentos e ansiedade. Isto porque a técnica consiste em observar pensamentos sem interagir com eles, impedindo, assim, que adquiram proporções grandiosas. Com a prática constante, você aprende naturalmente a não focar em pensamentos negativos.

 

4. Enfrentamento do medo

Evitar o medo não é a melhor tática para lidar com ele, mas é a prática mais utilizada. Esse comportamento evitante impede que você se ultrapasse o medo e ainda aumenta a ansiedade.

Todavia, seja gentil consigo mesmo ao fazer isso. Não se culpe se não conseguir enfrentar o que lhe deixa assustado hoje ou amanhã. Dê um passo de cada vez. Se precisar, faça um intervalo ou uma atividade prazerosa para aliviar o stress.

 

5. Faça terapia

Se tentou e não conseguiu superar os seus medos, saiba que a terapia é uma forma útil de fazer isso. A razão para o seu medo pode estar enraizada em acontecimentos negativos do passado.

Por exemplo, alguém com medo de se relacionar com outras pessoas pode ter tido uma vivência negativa relacionada com fazer amizades na infância. Para superar esse medo na vida adulta, é preciso transformar essa memória menos boa num estímulo positivo. Esse processo de ressignificação pode ser feito com o auxílio de um psicólogo.

 

Se precisas de ajuda, conta comigo!

 

 

João Alves – Psicólogo na WeCareOn