Vivemos numa sociedade onde a nossa relação com as coisas fora de nós parece ser muito mais importante do que a nossa relação connosco próprios. Podemos orgulhar-nos da nossa família, dos nossos empregos, dos nossos títulos, rótulos ou outras expressões exteriores do mundo, por mais que sejam até expressões sinceras de quem somos. No entanto, para a maiorias das pessoas, mulheres e homens, a nossa relação connosco próprios muitas vezes vem em último lugar. Se é que existe.

 

À medida que acordamos todas as manhãs, somos logo catapultados para a ocupação dos nossos dias, por mais necessárias que ela possa ser. Mas, e quanto tempo leva para se verificar um pouco, para nutrir o respeito pelo seu corpo (templo vivo que lhe permite realizar o que quer que seja), pela sua mente, pelas suas emoções, por si mesmo?

 

Quantas formas encontra para se ligar a si próprio(a)?

 

Porém, sabe quantas maneiras existem para se desconectar de si mesmo?

 

Tensão! Ansiedade! Stress! Estes são os companheiros do homem e da mulher modernos. A situação mundial invade-nos, afectando a estrutura humana, fazendo decair a capacidade de raciocínio, a criatividade, a produtividade e causando doenças como pressão alta, úlceras, problemas cardíacos, insónia, entre tantas outras, levando até mesmo à morte prematura. Vivemos num mundo conturbado, confuso, doente. É o caos da mudança (referido por muitos cientistas como relacionado com um novo ciclo cósmico que o Planeta percorre), a fase da colheita, da separação, da purificação. Um mundo de “acessos” rápidos e de supostas conectividades e comunicações mas, paradoxalmente, um mundo que nos afasta da nossa própria natureza humana e divina (para lá de qualquer conotação religiosa; apenas espiritual, que é muito diferente de “religioso”), nos força ao trabalho descontrolado, choques de relações no lar, na empresa, na sociedade, tornando difícil a convivência humana.

 

 

E no meio disto tudo, acabamos por esquecer o factor principal. Que é este: a nossa conexão connosco mesmos é ou deveria ser a base das nossas vidas, com tudo o mais o que se estende a partir daí.

 

Como nos Desconectaram de Nós Mesmos

 

Nós, mulheres ou homens, somos a fonte a partir da qual a nossa própria vida se desenrola. E sempre quer saber, afinal, que maneiras são essas que você usa para se desconectar de si mesmo, para se amortecer de si próprio, para cortar e até mesmo destruir a sua ligação essencial consigo? Veja bem e, se quiser, reflicta, para transformar essa desconexão numa conexão.

 

1) No estar em todo o lado, menos aqui

 

Estarmos realmente “presentes” é raríssimo, que é o mesmo que perguntar, qual é a sua disponibilidade para consigo mesmo? A preocupação, medo, projecções do futuro tendem a desconectar-nos da experiência que podemos estar a ter no momento do “agora” (o único espaço de tempo possível onde a vida, de facto, acontece). Quando se sentir a “deambular”, tente regressar o mais rapidamente que puder, dizendo simplesmente “neste momento…”.

 

2) Na relação com o corpo

 

O corpo que você habita é lindo. Jamais o esqueça. Tão lindo que, de facto, é sagrado. Um verdadeiro milagre da natureza em manifestação. Muitos e muitas de nós têm vivido desassociados dos seus corpos (vivendo sobretudo “nas” suas cabeças) ou associando-o a algo doloroso, indigno ou passível de qualquer tipo de penitência. E isso faz com que muitas vezes sinta como que o seu corpo o estivesse a “decepcionar”.  Mas porquê ele, o seu corpo, a decepcioná-lo a si? O mais provável é que tenha sido você (a sua mente) a ter deixado o seu corpo para trás, para baixo, ou por subestimação ou por obsessão em relação a isso. Uma forma de cortar essa sensação é ligar-se. Viver, sentir, dentro do seu corpo, dentro de si, com um todo (não só mental).

 

3) Numa má alimentação

 

Mal tendo tempo para comer, muito menos para saber o que deveria comer se o seu objectivo for, efectivamente, nutrir o seu corpo e fornecer a energia de que precisa para qualquer outra acção fisiológica, motora ou mental. A comida é simplesmente o nosso combustível para as vias vitais. Porque não questiona o ter que recorrentemente encher o depósito do seu carro ou pagar pela energia que lhe recarrega o telemóvel, e procura sempre as saídas mais “baratas” para a sua própria alimentação? Em vez de perguntar porque alguns produtos biológicos são “caros”, pergunte-se antes porque certas “comidas” de hipermercado são tão baratas. E note, não estou a comparar os nossos corpos a um carro, estou só a dizer que somos muito mais complexos do que um automóvel e que para além disso, ainda temos um espírito, emoções, pensamentos, enfim, um património que não pode ser destruído.

 

4) Na tentativa de busca de reconhecimento ou valor

 

O seu valor é-lhe inerente. Mais do que isso, é um seu direito de nascença. Não há ninguém a quem provar nada. Você é (ou deveria ser) para si suficiente exactamente como é.

 

5) No dar prioridade a coisas que não são importantes para nós

 

Sabe distinguir o que é uma urgência do que é uma prioridade na sua vida? O que é interessante é percebermos que se começarmos os nossos dias com o que é mais importante, então, muitas vezes, conseguimos armazenar energia suficiente para que fique disponível para outros afazeres ou outras coisas, que podem fácil e amorosamente guiar-nos através do nosso dia.

 

6) No não se achar tão inteligente quanto o seu smartphone

 

Quanto tempo dedica a estes mini-computadores que não deixa em paz, não desliga, com os quais dorme muitas vezes ao lado, na cama? Para a maioria das pessoas, o seu smartphone é a primeira e a última coisa para a qual  olham todos os dias. Muitas vezes, somos tão fascinados com os outros e a vida das outras pessoas que nos esquecemos de viver a nossa… e de nos ligarmos (não com os 5, mas com os “7 sentidos”) a ela!

 

7) No sermos demasiado duros connosco mesmos

 

Observe e testemunhe, por exemplo, quantas vezes dizemos a nós mesmos que poderíamos ter feito algo melhor, mais rápido, mais longe, mais sabiamente ou mais cedo…ou que deveria ter feito, simplesmente, feito algo.

 

8) No dar-se aquilo que não precisa e não se dar aquilo de que precisa

 

 Especialmente para as mulheres. Quantas e quantas vezes atende às necessidades de tudo e de todos sem se dar “ao luxo” de, caso sobre algo para si mesma, culposamente compartilhá-lho consigo?

 

9) No ignorar as suas intuições

 

Solte-se, solte-se e solte-se. Só assim, relaxada e descontraída, conseguirá cortar as bases do pensamento “controlador” e rígido, e comunicar-se com o seu (profundo) conhecimento interior.

 

10) No não seguirmos os ritmos da natureza

 

Aqui o destaque recai, uma vez mais, para as senhoras. Como é sabido, as mulheres estão intrinsecamente mais ligadas aos ritmos da natureza. A menstruação, por exemplo, é uma expressão mensal desse ritmo natural. Passar tempo ao ar livre é fundamental para nós, aqui na Terra (e na terra!) para nos conectarmos com a vastidão da nossa existência. Saia de casa para se ligar a ela, à natureza, e sobretudo, à SUA natureza, procurando formas para estabelecer essa ligação com esse Feminino Essencial. Receberá mensagens poderosas de ambos os lados e irá sentir-se absolutamente preenchida de tudo quanto é bom.

 

11) No agradar aos outros

 

Se olhar para a sua agenda, quantas tarefas na semana lá estão que servem para agradar alguém? Tudo bem em agradar os outros, contando que ajuste essa lista para acrescentar, pelo menos, uma vez na semana, algo que faça para se agradar também a si mesmo.

 

12) No perfeccionismo

 

* Suspiro * Esta é uma das formas mais ardilosas que temos para nos desconectarmos de nós mesmos. E alimenta-se de muitas outras coisas já aqui mencionadas. É um “sugador” da sua alma, é ansiedade auto-induzida, é a maneira mais eficaz para viver uma vida pela metade.

 

13) Na zona de estagnação

 

E isto é o quê? Um excelente lugarejo para se assassinar sonhos, muitas vezes sem sequer os ter tentado. Escusado será dizer que tal só ocorreria se você não estivesse conectado(a) consigo mesmo.

 

14) No limitar os seus momentos de alegria

 

Dedica tempo ao que realmente o eleva? Porque será que aquilo que nos ilumina (como a alegria ou o prazer) é sempre deixado para segundo plano? Porque estamos desconectados de nós mesmos, não percebemos o valor, a importância e a necessidade (e até sanidade) de sermos ou fazermos o que somos ou queremos fazer, e isso é, no fim de contas, o que realmente pesa mais na nossa saúde e bem-estar.

 

 

Em suma, precisamos reaprender a relaxar. Para isso é necessário conhecermos a nossa natureza humana (auto-conhecimento), respirarmos correctamente, desenvolvermos a relação corpo/mente/energia, de forma positiva,  adoptarmos posturas correctas, tanto do corpo quanto da mente, observarmos o nosso melhor alimento e a maneira de obtê-lo, contacto com a Natureza, descansar o suficiente, aprendermos e aplicarmos técnicas adequadas em momentos específicos, trabalho integral, com exercícios diários, vontade de viver bem,  relaxar sempre, corpo, mente e alma… Controle os vilões da sua saúde e do seu bem-estar e viva mais religado(a) à sua essência, à própria vida, que o chama de dentro de si.

 

 

Sara Ferreira – Psicóloga & Psicoterapeuta @WeCareOn