Um bloqueio mental é como se fosse, literalmente, uma prisão dentro da própria mente (que às vezes nos mente!). E coloca-nos aquém de alcançarmos o nosso verdadeiro potencial. Bem, mas antes de tudo, importa saber o que vem a ser isso dos “bloqueios mentais”, isto se quisermos saber mais acerca das traquinices da nossa mente.

 

O que são Bloqueios Mentais?

 

É o seguinte. Os “bloqueios mentais” são uma espécie de freio sobre os nossos processos mentais que têm a particularidade de serem, de facto, bem “chatinhos” na nossa vida porque simplesmente (ou complicadamente?) nos impedem de ter uma resposta rápida, adequada e eficaz em face a uma actividade ou situação.

 

E na maioria das vezes, adivinha onde é que os bloqueios mentais fazem questão de dar o “ar da sua graça”? Pois é, em momentos ou tarefas (ou trabalhos) importantes… Precisamente.

 

E o mais impertinente é que quando isso acontece, tendemos a sentir desamparo, frustração, culpa, raiva e, como se não bastasse, tudo isto se faz acompanhar ainda de doses consideráveis de ansiedade e tristeza por não termos conseguido agir adequadamente em algum momento específico. Diz-lhe algo?

 

A primeira coisa que temos de perceber é que para cada “bloqueio mental” existe um correspondente bloqueio emocional. E isto porquê? Porque são as emoções que controlam o nosso pensamento, principalmente, em situações de maior tensão ou stress, como são tendencialmente todas as situações onde acontece um bloqueio mental.

 

 

Bloqueio mental e emoções

 

Mas vamos por partes. Goste-se ou não, as emoções estão presentes em todos os momentos (e movimentos) da vida. Todas as acções e decisões são impulsionadas pela razão e pelas emoções, que começam a ser registadas desde o instante da nossa concepção e são desenvolvidas ao longo de toda a vida. Isto significa dizer que muitas coisas (aliás, a maioria das coisas) que fazemos ou deixamos de fazer na nossa vida é grandemente influenciada por toda uma estrutura mental que tem a ver com as áreas ligadas às emoções primárias, no nosso cérebro, como a amígdala e o sistema límbico, e que precede as áreas mais ligadas à racionalidade, em termos de evolução da nossa “massa cinzenta” e da forma como nos desenvolvemos psicologicamente.

 

Por outras palavras, a parte emocional comanda a racional, e tanto mais assim é quanto menos consciência disso tivermos.

 

Isto equivale a dizer também que existem “certos e determinados” padrões de pensar ou sentir que ao longo da vida fomos “instalando” no nosso sistema operacional (mente e emoções) que na verdade agem mais sobre nós do que nós sobre eles. Traduzindo em miúdos: a nossa vida pode ser negativamente condicionada por muitas das coisas com que nos preocupamos ou temos medo.

 

O bloqueio mental é assim consequência de um bloqueio emocional e isso serve para quê? Como um mecanismo de defesa no qual o inconsciente de alguma forma busca “proteger-nos”, ocultando memórias de dor para evitar algum tipo de sofrimento associado à realização de determinada acção ou actividade, como seja “um trabalho importante”. por exemplo.

 

Quando isso acontece, entretanto, a situação dolorosa não deixa de existir. Não. Ela “simplesmente” passa a manifestar-se de maneira inconsciente, ou seja, velada (sem que tenhamos consciência clara do que é), reflectindo-se negativamente na sua vida sem que se aperceba.

 

Mas note. Não adianta “culpar” o seu inconsciente dos aborrecimentos que ele executa através deste sintoma “bloqueio mental que impede a realização de um trabalho importante” (sim, isto é “só” um sintoma que sinaliza a ocorrência de algum tipo de dinâmica emocional mais profunda dentro de si geradora de conflito psicológico). Na verdade é você mesmo que actua contra si, neste aspecto.

 

 

Mas a boa notícia, é que se fomos nós a “fazer” este bloqueio, também podemos ser nós mesmos quem poderá “desfazê-lo” por completo. Mas já lá vamos.

 

Por agora, vale a pena reforçar o facto de que um “bloqueio” mental ocorre devido a um bloqueio emocional primário, no qual certas emoções reprimidas e bloqueadas (vá-se lá saber quais… e assim de repente, não me peça para adivinhar, que a esta distância não leio pensamentos!) são percebidas como um corpo estranho pelo organismo (cérebro e corpo), transformando-se em bloqueios ou padrões limitantes que podem comprometer seriamente o sucesso em algum sector da vida.

 

Aqui a grande questão é: “mas e porque razão ajo eu de maneiras que não são saudáveis ou benéficas para mim mesmo?!”

 

Pois é, isso também eu gostaria de saber…  O que lhe posso assegurar é que tal seguramente terá mais a ver com algo sobre o qual ainda não haverá muita clareza (consciência) sobre, uma vez que parece ser um comportamento que (ainda) o controla a si (e não vice-versa). Normalmente, este tipo de comportamentos (originados pelas tais emoções ou sentimentos inconscientes) têm origem lá atrás, no que de alguma forma registámos ou aprendemos na nossa infância e adolescência.

 

A sua vida pode estar a ser negativamente condicionada por muitas coisas que, no fundo, no fundo, lhe causam ansiedade ou angústia. Vou dar-lhe alguns exemplos para ser mais clara. Ser amado ou rejeitado, ser ouvido ou ignorado, ser bem-sucedido ou fracassado, feliz ou infeliz, viver de acordo com as expectativas dos outros ou pelas próprias, em conformidade com a cultura em que vivemos ou viver de acordo com os seus valores próprios. Você pode ainda evitar cumprir com algum “trabalho importante” ou dever por causa de um medo de rejeição, ou de avaliação, pode evitar colocar nesse trabalho a sua contribuição por ter sido repetidamente repreendido ou ser portador de um ressentimento em relação à autoridade, ou esforçar-se constantemente para agradar aos outros, em vez de satisfazer as suas próprias necessidades, ou vontades próprias, ou ainda pode estar a ficar “paralisado” por uma busca perfeccionista… sei lá! São só alguns exemplos do que é que a mente é capaz de engendrar para a impedir de contactar com algum tipo de dor ou bloqueio (emocional).

 

Assim, quando uma pessoa segue o seu percurso de vida presa a aprendizagens e experiências que impedem um desenvolvimento de vida saudável, podemos dizer que foram criados os “obstáculos / bloqueios mentais” que estão a sabotar (ou seja, a impedir) o seu progresso ou a sua qualidade de vida.

 

 

Essas barreiras que uma pessoa não tem consciência que possui vão executando um processo de autossabotagem a alguns dos seus objectivos, afectando negativamente o bem-estar e promovendo a dor emocional, num ciclo que se retroalimenta (mais ou menos desta maneira: “não faço porque fujo da dor mas ao fugir da dor depois sinto-me mal e por sentir-me mal volto a não fazer e por aí fora”), num ciclo vicioso (e viciado).

 

O bloqueio mental fará as nossas piores emoções e sentimentos aflorarem, e eles irão bloquear-nos mentalmente ainda mais, impedindo-nos de avançar. E se esse tipo de bloqueio estiver enraizado em algum significado psicológico mais profundo negativo (ligado à concretização de um “trabalho importante”), então seguramente está criada a fórmula 100% eficaz para o trabalho importante não “rolar”. Inconscientemente, através da autossabotagem (manifestada no sintoma do “bloqueio mental”), e conscientemente através do que agora talvez, quem sabe, poderá descobrir a esse respeito.

 

Procure então explorar (recomendavelmente, com o apoio adequado) o que o deixa inseguro em relação a um “trabalho importante”?

 

Que tipo de emoção, desencadeada por algum sentimento de desconforto, faz com que a sua mente bloqueie? Existem outros motivos para que isso aconteça ou com os quais o seu “bloqueio mental” esteja correlacionado? Por exemplo, estar a trabalhar sob pressão, esgotamento físico e mental, stress, ansiedade ou medo de experimentar (e falhar em) algo novo? Mais alguma coisa ao seu redor está a favorecer isso? Toca a investigar!

 

Se por um lado parece haver um “ganho” imediato para o seu sistema em afastá-lo da situação ou actividade geradora de desconforto e desprazer (por motivos que importaria realmente desvendar), o problema é que esta gratificação tem perna curta, e logo após instala-se o “prejuízo” pessoal e profissional que esta fuga acarreta, com consequência a curto, médio e longo prazos negativas para si.

 

Sim, porque quando falamos em bloqueio mental a lógica é a mesma, uma vez que ao sucumbir a ele, deixamos de viver experiências e crescimentos importantes na nossa trajectória (seja em que área for) e criamos barreiras inconscientes que impedem de crescer no trabalho ou na vida.

 

Por outro lado, se logo após a decorrência de um bloqueio ou de vários bloqueios mentais, nos paralisamos, acabamos por pagar ainda uma outra (e pesada) factura, que é a da auto-depreciação, tornando-nos pessoas com baixa auto-estima, sem auto-confiança e que não confiam no seu próprio poder pessoal.

 

 

A Psicologia, com todos os seus conhecimentos, técnicas e ferramentas, é uma poderosa aliada de todas as pessoas que desejam descobrir os motivos que as levam a prejudicarem-se a si mesmas, através de comportamentos autossabotadores (ou mesmo auto-lesivos, ou outros) para assim finalmente poderem desbloquear o seu potencial e alavancar os seus resultados em todos os sentidos.

 

O desenvolvimento passa pela permissão que o indivíduo se dá de vivenciar novas experiências e eliminar os comportamentos e crenças que estão na origem do auto-boicote do seu próprio sucesso.

 

Para o “bem” ou para o “mal”, eis um facto da vida: tudo está na mente, pois tantos os bons quanto os maus resultados são reflexo da forma como cada um de nós constrói a sua realidade. Quando acreditamos que somos capazes, merecedores, dignos, inteligentes, por exemplo, geralmente trabalhamos motivados por estas crenças positivas, e conquistamos êxito nas nossas acções, realizamos os nossos sonhos e valorizamo-nos.

 

O que um bom psicólogo faz consigo (e não “por si”) é trabalhar no sentido de identificar quais são estes bloqueadores, quais as suas origens e como afectam o factor emocional e comportamental, manifesto no seu sintoma.

 

A partir daí, actua-se eliminando estas componentes e desenvolvendo novos comportamentos e pensamentos, mais produtivos, que o levem a conseguir, definitivamente, vencer os seus bloqueios e ter uma vida mais saudável, positiva e com os resultados que deseja.

 

Toda gente já se sentiu aflita e bloqueada para realizar uma tarefa simples ou complexa na vida quotidiana. Fora as vezes que nos antecipámos a problemas que nunca aconteceram realmente.

 

 

Sim, pode parecer estranho, mas você é a melhor versão que podia ser até ao momento, dentro das condições possíveis. Os seus medos, angústias ou bloqueios são “travões de segurança” que funcionaram durante muito tempo para que você seguisse a operar de uma maneira relativamente enxuta. E já que falamos em “bloqueios no trabalho”, é como se fosse uma empresa que aperta os cintos e contém os seus gastos, corta o pessoal e passa a gastar o mínimo possível e a produzir no limiar da não-exaustão.

 

O problema é que às vezes o sistema não interpreta, à luz da actualidade, e com precisão, se as condições já mudaram e se seria possível libertar a engrenagem a plenos pulmões.

 

O meu trabalho como psicóloga cinge-se a estimular áreas subutilizadas do sistema e ajudar a pessoa a chegar à excelência dentro de sua estrutura psicológica.

 

Desenvolve-se a consciência emocional, aprofunda-se o conhecimento individual sobre as suas emoções e história de vida. A partir daqui é possível trabalhar todos os traumas e ressignificar cada um deles até que os bloqueios se dissolvam.

 

Sara Ferreira – Psicóloga, Psicoterapeuta, Membro Efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses @WeCareOn