A relação com os colegas no trabalho é um desafio nem sempre fácil de se lidar. Os investigadores tem apontado o campo relacional como uma das fontes de maior stress no dia a dia laboral das pessoas.
Saber relacionar-se é, portanto, uma habilidade que nos ajuda a equilibrar os níveis de stress e também a melhorar o foco, empenho e bem-estar no trabalho.
Porém, transformar isto tudo em prática não é tão fácil quanto parece. A maioria das pessoas já vivenciou ou vivencia dificuldades muito desestabilizadoras com o chefe, subordinados e/ou com os colegas.
Em contrapartida, são poucas as vezes que nos interrogamos sobre as nossas qualidades e como elas nos podem ajudar a enfrentar estas situações. Em geral, assumimos o problema como responsabilidade apenas do outro e esperamos que ele se modifique, deixando de lado as nossas ferramentas comportamentais, emocionais e cognitivas para transformar ou minimizar o impacto negativo destas situações, tanto no local de trabalho como na nossa própria saúde mental.
Todos sabemos que quando nutrimos relações positivas tudo flui melhor, contudo, para isto acontecer é preciso que tenhamos consciência das nossas atitudes, do que nos motiva, do que nos frusta, do que ambicionamos e de como podemos contribuir de maneira mais ajustada com as nossas expectativas. Ou seja, antes de buscarmos as contradições no comportamento do outro, primeiro observemo-nos e pensemos se não estamos a ser contraditórios no nosso discurso e/ou nas nossas atitudes.
Muitas vezes, quando trabalhamos em equipa, temos valores divergentes ou ainda esses valores complementam-se de maneira saturada, causando conflitos. Sem contar que todos somos humanos e temos necessidades subjetivas por vezes semelhantes: de atenção, de destaque, de reconhecimento, de liderança,…
Todos temos um plano, mesmo que inconsciente, para a nossa trajetória profissional e projetamos numa dada situação ou pessoa a responsabilidade por cumpri-lo. É aqui que temos de nos auto-observar e observar o outro para encontrar um balanço mais saudável, que possibilite uma parceria mais construtiva.
É óbvio que há situações em que este ajuste é mais complicado e que não depende somente da nossa inteligência social e emocional ou mesmo da nossa competência ou “boa vontade”. Não é destes casos que estamos a tratar aqui. Estamos a refletir sobre situações comuns que, antes mesmo de tentarmos resolver ou dar a nossa contribuição, cruzamos os braços e assumimos que nada podemos fazer.
Será?
Coloque-se em acção:
- Invista no autoconhecimento: descubra os seus potenciais e qualidades construtivas, suas forças de cáráter, suas habilidades e também as suas fraquezas.
- Você é o principal responsável pelas suas escolhas e atitudes: não espere que a mudança/iniciativa venha do outro, faça você a sua parte.
- Pergunte-se sobre o que o(a) motiva, o que o(a) frusta, o que ambiciona: como pode contribuir para corresponder às suas expectativas?
- Observe-se e responda francamente para si mesmo: tem sido coerente no seu discurso e/ou nas suas atitudes?
- Lembre-se: temos necessidades subjetivas por vezes semelhantes às necessidades do outro: de atenção, de destaque, de reconhecimento, de liderança… Queremos, muitas vezes, o mesmo…
- Todos temos um plano, mesmo que inconsciente, para a nossa trajetória profissional: você sabe qual é o seu e como o busca ou o sabota?
Por Marcela Alves, psicóloga