No seguimento de publicações anteriores sobre a Rejeição, Abandono, Humilhação e Traição, hoje termino a temática que relaciona a forma como nos alimentamos e as “feridas” emocionais subjacentes, de acordo com a autora Lise Bourbeau, abordando a “ferida” da Injustiça.

Perfecionismo e criticismo são as palavras associadas a esta “ferida”.

 

Ela é ativada perante o medo de ser injusto ou ser alvo de injustiça por parte dos outros e de se ser visto como “imperfeito” e manifesta-se quando:

• é extramente exigente consigo, ultrapassando os seus próprios limites;

• finge que está bem, sem realmente estar;

• manifesta necessidade de se justificar, deturpando a realidade;

• recusa ajuda porque acredita que deixando à responsabilidade de outro será mal executado e ficará em dívida se aceitar essa ajuda;

• se contém a demonstrar sentimentos e emoções, nomeadamente, esconde-se para se permitir chorar;

• acusa outros de agir incorrectamente, de insensibilidade ou falta de reconhecimento por si;

• recusa tomar medicação ou ir ao médico;

• recomeça mais do que uma vez a mesma tarefa e revê-a várias vezes quando a termina;

• espera pelo reconhecimento de perfeição relativamente a algo que acabou de executar;

• quer uma solução rápida e imediata para um problema, sem o avaliar primeiro;

• subestima-se e entra em autosabotagem no momento de conquistar algo;

• sente cólera quando sente injustiça e a tendência é conter-se em manifestá-la até ao limite;

• quando na verdade queria rejeitar algo, mas aceita pelo medo de ser injusto;

• quer mostrar trabalho pelo medo de ser visto como preguiçoso;

• coloca a razão acima das emoções e do que genuinamente gostaria;

• culpa aqueles que se desleixam com a própria saúde e imagem;

• priva-se de ter prazer ou ser feliz, porque acha que é desmerecedor ou porque alguém que lhe é próximo está infeliz.

À semelhança da “ferida” do Controlador, o Rígido tem associado o Ego da força responsável pelas reacções rápidas e intensas. A força deste Ego fará com acredite com tanta convicção, quanto nela deseja acreditar.

“Se for a tua ferida de injustiça que está a atuar, farás com a comida o mesmo que na tua vida”:

• considera de tal forma o autocontrolo um triunfo que faz afirmações exacerbadas do seu comportamento e deturpadas da realidade (por exemplo, “nunca como açúcar, nem sobremesas”);

• ainda que sinta culpa quando come em excesso (perda de controlo), pela sua capacidade de autocontrolo, convence-se a si mesmo que não é assim tão grave, e irá guardar só para si, como um segredo, esse momento de descontrolo;

• verifica meticulosamente os rótulos dos produtos alimentares;

• sente-se incomodado quando os que lhe são próximos comem de forma exagerada (como não se permite a este descontrolo, critica que outros o tenham, manifestando impaciência e intolerância);

• tendência para gostar de alimentos estaladiços e duros, à semelhança da postura rígida e exigente para si próprio, de complicar a vida, recriminando-se quando se considera “mole e preguiçoso”;

• geralmente, engole a comida sem a mastigar convenientemente, sem a saborear, manifestando sentimentos de ressentimento e rancor de alguém, dificuldade em saborear os prazeres da vida e de manifestar vulnerabilidade;

• o sentido de perfeição e de exigência provoca o pânico de engordar, pelo que quando isso acontece, o peso é repartido uniformemente por todo o corpo de forma a ficar deturpado/camuflado aos olhos dos outros;

• depois de se controlar ao longo do dia, ignorando as suas necessidades, na busca inconsciente de mérito, o seus limites são atingidos e tende a perder o controlo de forma drástica.

Por mais que o Rígido faça por se controlar fisicamente, a causa desta necessidade de controlo encontra-se para além do físico e continuará a persistir até a verdadeira causa se tornar consciente.

Se tem percepcionado a manifestação desta “ferida” ou das “feridas” mencionadas no inicio deste artigo, considere-me como parceira neste processo de autoconhecimento e mudança de padrões alimentares prejudiciais à sua saúde.

Marisa Mendes – Coach @WeCareOn