O Diário de Notícias pediu a colaboração da Psicóloga/ Coach Liliana Silva da WeCareOn para a escrita de um artigo sobre a saude mental dos freelancers.

Partilhamos a opinião da Liliana Silva sobre o artigo espanhol que deu origem ao artigo da jornalista Joana Capucho do DN.

 

Esta investigação espanhola refere que, num contexto de crise, ter idade superior a 50 anos, já ter sofrido de alguma perturbação mental grave, trabalhar como independente (freelancer), não ter um contrato de trabalho permanente, trabalhar nas áreas do imobiliário ou da construção civil, influenciam significativamente a incapacidade temporária laboral por perturbação mental. E, de fato esta investigação, vem corroborar a importância de socialmente e politicamente sermos responsáveis e devermos estar atentos aos fatores que podem condicionar a felicidade e a realização profissional das pessoas.

 

As implicações negativas do mal-estar laboral são imensas e não se ficam apenas pelo prejuízo para a própria pessoa que fica incapacitada para o trabalho. Também ficam financeiramente debilitadas as empresas e a nação pelo custo que acarreta o absentismo laboral e as despesas com a saúde dos cidadãos.

 

É importante promovermos locais de trabalho saudáveis, e isso é possível, quer para microempresas quer para macro-empresas, vejamos por exemplo, os prémios atribuídos em 2015, pela ordem dos psicólogos portugueses às empresas que fazem essa promoção e prevenção nas suas organizações (https://www.ordemdospsicologos.pt/pt/noticia/1562).

Apesar de achar esta investigação da máxima importância, é importante salientar que as características mencionadas como significativas, por si só, não constituem sempre a probabilidade de que a pessoa venha a estar incapacitada para o trabalho, por perturbação mental!

 

É importante percebermos que muitas pessoas, têm formas de lidar com a crise ou com situações negativas nas suas vidas, que se podem verificar serem muito eficazes e positivas sem gerar sofrimento – são chamados tecnicamente, os mecanismos de coping. Ou ainda, por exemplo, uma pessoa que é freelancer, pode considerar positivo o fato de não obedecer a regras impostas, como se tivesse um chefe, ou até poder exercer a sua criatividade sem limites e, isso ser considerado positivo e, de forma alguma se mostrar ser prejudicial para ela.

 

Neste caso dos freelancers ou trabalhadores por conta própria, existem algumas medidas que podem ajudar à redução do stress e da ansiedade, da procrastinação e da instabilidade financeira que estes empresários normalmente podem estar sujeitos, recomendo assim:

 

  1. Procurar identificar se os seus valores e propósito de vida, está adequado à área em que atua ou pretende empreender, ou se pelo contrário, está a investir no negócio errado;
  1. Procurar um plano financeiro e de marketing ajustado a si e ao seu negócio, para que não seja apanhado(a) desprevenido(a) face a constrangimentos financeiros, legais e de mercado;
  1. Procurar identificar e melhorar as suas competências pessoais, profissionais e de desenvolvimento pessoal, para ser e fazer melhor o seu trabalho;
  1. Procurar gerir bem o tempo que é dedicado à família, à vida social e ao trabalho, para que, as pessoas mais importantes para si e, o seu lazer não seja posto para 2º plano; e por fim, mas não menos importante;
  1. Procurar ter uma rede de apoio sempre presente, quer na sua vida pessoal, quer na sua área de trabalho e se necessário, procurar ajuda profissional especializada, se sentir que está sem energia, recursos ou motivação para continuar.

 

Artigo Espanhol

http://www.ehub.cat/las-bajas-laborales-no-estan-relacionadas-solo-con-factores-medicos/?lang=es

 

Artigo do Diário de Notícias

http://www.dn.pt/sociedade/interior/freelancers-com-maior-risco-de-sofrer-de-doenca-mental-5063994.html

Por Liliana Silva, Coach