O divórcio está cada vez mais o divórcio está presente na nossa sociedade. Estima-se que 7 em cada 10 casamentos terminam em divórcio, e muitas vezes pode-se tornar difícil ter de lidar com a separação entre pares.

 

Os impactos do divórcio

 

O divórcio pode ter impactos a nível:

 

> Legal

É necessário tomar medidas em relação à decisão judiciais nomeadamente aquelas que dizem respeito à partilha de bens, atribuições de pensão de alimentos, etc. O que, por si só, pode causar um esgotamento emocional muito grande ao indivíduo.

 

> Parental

No caso de existirem filhos deste matrimónio, é também preciso organizar esta nova relação de co-parentalidade, a qual pode originar alguns momentos de maior tensão e conflito.

 

Os próprios filhos sentem também as perdas associadas ao divórcio. Daí a importância dos pais manterem um diálogo aberto com os seus filhos, demonstrando segurança e responsabilidade nas suas ações.

 

> Comunitário

Durante o processo de separação, o indivíduo vai ter necessidade de encontrar algum apoio nos seus familiares e amigos, que se podem revelar menos ou mais presentes durante esta fase.

 

> Emocional

Diz respeito a todas as emoções e sentimentos que acompanham a fase do divórcio.

 

> Psicológico

O indivíduo terá, posteriormente, a necessidade de se reconstruir e aprender a lidar com esta nova fase da sua vida (nomeadamente aprender a viver sozinho, e não em casal).

 

 

O luto do divórcio

 

Durante este processo, é natural o indivíduo ver-se confrontado com várias perdas, associadas às mudanças resultantes do divórcio: a perda da pessoa amada, as mudanças de casa e no seio familiar; etc. O indivíduo acabou de perder o vínculo amoroso com o seu par, e com ele todas as expetativas que tinha em relação a um futuro enquanto casal.

 

Tudo isto irá alimentar a dor psíquica do sujeito, que leva a grandes sentimentos de angústia e desespero, podendo levar, muitas vezes, a colocar o seu próprio sentida da vida em causa.

 

Por essa razão, os psicólogos falam na existência de um processo de luto durante o divórcio, que é necessário exatamente para lidar, e trabalhar, com a perda afetiva.

 

 

Fases do luto

 

O processo psicológico do luto engloba várias fases:

  1. Choque e Negação: Cada vez que somos sujeitos a uma situação traumática, a primeira reação que temos é o choque, havendo a sensação de confusão mental, e negação da realidade.
  2. Raiva: Nesta segunda fase, surge a frustração e a atribuição de culpa ou responsabilidade a terceiros.
  3. Negociação: Durante esta etapa, o indivíduo faz a avaliação dos prós e dos contras da sua situação, tentando valorizar os aspetos mais positivos (possibilidade de tratamento, por exemplo).
  4. Depressão: Posteriormente, surgem os sintomas depressivos associados ao luto (tristeza, desesperança, isolamento, fraqueza emocional, e algumas vezes, ideação suicida).
  5. Aceitação/Superação: Por fim, surge a fase de aceitação da morte, ou perda, como um acontecimento inevitável, e natural da vida. Os pensamentos depressivos são substituídos por sentimentos de tranquilidade e conforto emocional.

 

 

Como elaborar o luto do divórcio?

 

É fundamental que o indivíduo passe por todas as fases do luto para conseguir resolvê-lo de forma bem-sucedida. Só após conseguirmos expressar todos os nossos sentimentos negativos é-nos possível encarar, de novo, a realidade: criar novos planos para a nossa vida, idealizar novos sonhos e até formar novas amizades.

 

É necessário entender que a fase da aceitação não acontece de um momento para o outro, tratando-se antes de um processo demorado, mas necessário. O primeiro passo é aceitarmos a situação atual, e depois conhecermo-nos a nós próprios, e a nossa identidade enquanto ser humano.

 

No entanto, há que ter em conta que quando um luto fica por resolver, ou é mal elaborado pelo indivíduo, pode originar outro tipo de problemas, nomeadamente o Transtorno de Stress Pós-Traumático, onde a pessoa revive constantemente a experiência dolorosa através de flashbacks e pesadelos. Neste caso, a pessoa não está a conseguir lidar com a dor por si só, e necessita de pedir ajuda a um profissional de saúde mental para reequilibrar os seus estados emocionais.

 

Se se encontra numa situação de luto, ou conhece alguém que esteja a passar pelo mesmo, não hesite em pedir-nos ajuda. Todos nós temos o direito de sermos felizes!

 

Marisa Pereira & Mariana Gomes – Psicólogas @WeCareOn