Doença Psicossomática – O que é? Como surge?

 

A patologia psicossomática ou doença psicossomática foi primeiramente considerada pela psicanálise, um ramo da psicologia, como a expressão simbólica de um conflito psíquico que, remete para um conflito interno entre desejo e repressão do mesmo e que se iria manifestar de forma orgânica (no corpo).

Como podemos ler em diversos artigos a frase :“O que a mente cala, o corpo fala”.

 

Esta frase ilustra o que acontece quando o ser humano censura, reprime, ignora emoções que lhe são dolorosas, estas vão certamente encontrar um veículo para encontrar a sua expressão: o corpo. A patologia psicossomática é exatamente isto!

 

Por exemplo: uma criança que assiste a vários episódios de violência física e/ou verbal no seu contexto familiar, ela tem o desejo, a vontade de se zangar, mas não pode pela sua condição de criança, mas não se adapta àquela situação, então cria um falso self que lhe permite viver aquela situação e não se manifestar, não mostrar a sua zanga interna, durante anos. Mais tarde, esta criança vai adoecer. O seu inconsciente vai manifestar a sua dor no corpo como referi antes. É através do corpo que o conflito psíquico (vontade de se zangar VS repressão desta mesma vontade) se vai manifestar de forma orgânica.

 

Segundo Anaut (2002), os percursos de vida deletérios confrontam o sujeito com situações de crise; sendo a crise definida como um transtorno psíquico perante transformações de origem interna (intrapsíquicas) ou externa (acontecimentos de vida) que torna urgente uma reorganização.

 

No plano intrapsíquico, qualquer situação nova pode colocar em causa o equilíbrio psíquico do indivíduo, mas as situações extremas ou contextos traumatogénicos provocam uma situação de crise que irá pôr à prova os fatores dinâmicos e económicos internos. Assim, o sujeito em causa terá de mobilizar as suas modalidades adaptativas e os seus mecanismos de defesa.

 

Por vezes, em situações de alto risco, crianças e adultos dão respostas positivas e por isso são descritos como resilientes o que coloca de parte a relação de causalidade entre os fatores de risco e os distúrbios psicológicos, uma vez que perante uma situação de risco alguns sujeitos são capazes de responder de forma positiva naquele momento. Será possível para uma criança, ainda em construção da sua própria personalidade? É uma questão que poderemos discutir num outro artigo.

 

 

No exemplo que referi anteriormente, da criança que assiste a situações de violência, a construção de um Falso Self pode estar na origem de uma construção defensiva contra o medo de desabamento e representa o conceito que estabelece a ligação entre o desenvolvimento normal, funciona como “escudo protetor”.

 

 

Partindo deste exemplo, segundo Matos (2003), no caso da pesquisa em psicossomática, os investigadores debruçaram-se sobre os sinais e as consequências da inscrição no corpo da adaptação forçada (inibida ou revoltada) e da defesa excessiva, incoerente ou falhada. O tipo de processos adaptativos e defensivos utilizados determinaria a via somática eleita – a mais adequada, a mais sensível, a imanente ou contingentemente disponível (por vulnerabilidades preexistentes ou circunstanciais especificas concomitantes) ou a mais apta a veicular a reação de acomodação adotada. Assim, o processo defensivo, é um processo de adaptação à realidade social em que o indivíduo está inserido, facilitando a adaptação mas promovendo a patologia.

 

 

O que leva então à doença psicossomática?

 

Se por um lado, o sujeito se defende de si próprio, em que o sofrimento sentido não é manifestado para o exterior, nega os seus instintos porque sente o meio externo como perigoso e tem medo, porque não interiorizou um bom objeto (uma relação de afetos segura com um prestador de cuidados), abdica da sua autonomia e opta pela submissão e conformismo não deixando espaço para a lógica dos afetos e para a vontade própria. Por outro lado, o sujeito pode optar pela adaptação ao real, às condições de vida adversas servindo-se de uma lógica da razão e acomoda-se, adapta-se à realidade em que vive.

Em ambas as situações, trata-se de um desenvolvimento alternativo onde não existe espaço para a vontade própria nem para a lógica dos afetos, vive para fazer coisas, vive para sobreviver face às condições de vida adversas em que se encontra, é a forma que encontra para poder continuar o seu desenvolvimento. No entanto, esta recusa em sentir os afetos deixa uma porta aberta para a doença psicossomática porque os afetos não sentidos manifestam-se no orgânico.

Ver exemplo da fibromialgia, uma doença psicossomática.

 

Dicas para não ficar doente?

 

  1. Permita-se a sentir as emoções e afetos
  2. Verbalize as emoções
  3. Encontre espaço interno para se compreender sobre como age no campo relacional e do que receia para não disfrutar de todas as emoções de forma positiva
  4. Procure ajuda especializada para, em conjunto percorrerem este caminho de descoberta e cura!

 

 

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Marisa Pereira – Psicóloga WeCareOn