De acordo com a projecção da Sociedade Espanhola para o Estudo da Ansiedade e do Stress, durante a pandemia houve um aumento da Fobia Social. Muitas pessoas com fobia social viram na pandemia uma salvação dos seus problemas, deixaram de ter de conviver com os colegas, participar em reuniões em que tinham sempre receio de dizer algo errado. E a máscara, é considerada um disfarce para não mostrar as emoções e o que realmente sentem.
A fobia social uma problemática desvalorizada e as suas dificuldades interpretadas como falta de motivação, o que leva muitas pessoas com fobia social, a sofrer em silencio.
Quem afeta?
A fobia social afeta 2.3% das crianças e adolescentes na Europa, afeta sobretudo raparigas. No caso de adultos, varia entre os 2 e 5%. Esta inicia-se na infância e adolescência, o que contribui para dificuldades a nível escolar, das relações com os pares, na vida afetiva e no futuro emprego.
A Fobia Social caracteriza-se:
– Pelo medo acentuado em relação a uma ou mais situações sociais em que o individuo é exposto ao contacto com terceiros. Estas interacções sociais podem ser manter uma conversa, encontrar pessoas sem ser familiares, sentir-se observado a comer ou a beber. No caso de crianças esta ansiedade ocorre em interação com os pares e adultos;
– A pessoa tem medo de ser julgada negativamente pelos outros, receio de demonstrar sintomas de ansiedade, tais como ficar corada, tremer, transpirar, enganar-se nas palavras. É considerado como constrangedor enganar-se a frente dos outros. A preocupação é ser considerado maluco, estupido, enfadonho e desagradável.
– Tudo o que seja situações é encarado com medo ou ansiedade. No caso de crianças, o medo ou ansiedade são expressos chorando, com ataques de raiva, mobilidade, agarrar-se ao pai ou a mãe. Existe um medo de ofender o outro através do olhar, receio de tremer das mãos, como tal pode evitar comer, beber ou escrever em frente aos outros, receio de transpirar das mãos o que pode levar a evitar apertos de mão e também receio de urinar em locais públicos, quando outras pessoas estão presentes;
– O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social e o contexto sociocultural.
– Este medo ou ansiedade pode ser visto como irreal pelos outros, no caso de vítimas de bullying ou atormentado pelos outros;
– O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente duram mais de seis meses. Esta duração permite distinguir entre medos transitórios comuns.
– O medo e a ansiedade devem interferir na rotina do individuo, no funcionamento escolar e social, causando-lhe prejuízo no funcionamento social e profissional
– O medo ou ansiedade não podem ser resultado de nenhuma condição física (por exemplo, abuso de drogas, medicação), ataques de pânico, autismo, transtorno dimórfico corporal, doença de Parkinson, obesidade, desfiguração por queimaduras ou acidentes.
As pessoas que sofrem de fobia social podem ser considerados submissos e inadequadamente assertivos. A postura do individuo é rígida, contacto visual inadequado e fala com voz extremamente suave. Estes indivíduos são normalmente tímidos e pouco abertos em conversas de cariz pessoal, têm tendência a procurar emprego em situações que não exijam contacto social. A automedicação com substâncias é comum, beber antes de ir para uma festa. Entre adultos, o que pode acontecer é um aumento dos tremores e taquicardia.
Quando acontece?
A fobia social inicia-se durante a infância. A criança pode ser alvo de bullying ou vomitar durante uma apresentação de um trabalho. Na idade adulta, o início pode ser relativamente raro, como no caso de um evento stressante ou em que haja mudanças na vida de novos papeis sociais (casar-se com alguém de uma classe social diferente, receber uma promoção no trabalho). No caso de idosos, a ansiedade social pode ser devido ao declínio do funcionamento social e cognitivo.
Fatores de Risco e Prognóstico Temperamentais
No caso de pais terem a perturbação de fobia social aumenta 2 a 6 vezes, a probabilidade de os filhos virem a ter a perturbação (por exemplo, medo de uma avaliação negativa) e também no caso de fatores genéticos específicos (por exemplo, neuroticismo).
Consequências:
A perturbação de ansiedade social está associada a taxas de abandono escolar e prejuízos na produtividade laboral. A fobia social também impede atividades de lazer.
A consequência principal desta perturbação é que afeta todas as áreas da vida do individuo e persiste no tempo.
Como tratar?
A forma mais eficaz de tratar a ansiedade social é a Terapia Cognitivo- Comportamental, juntamente com a medicação. A terapia consiste sobretudo no treino de capacidades sociais, que pressupõem ser capaz de dar e receber elogios, reclamar, ter uma postura assertiva, no sentido, de exigir os seus direitos e conseguir falar em publico.
Bibliografia:
Barbara Cerqueira – Psicóloga Clínica