O reconhecimento das emoções é um aspeto de alta na relevância na comunicação entre indivíduos, tem uma elevada importância na vida social de qualquer pessoa visto que é quase impossível passarmos um dia sem comunicar com ninguém. As vantagens de um bom reconhecimento de emoções são imensas, apesar da máscara, tanto para melhorar o fator social como para nos conhecermos melhor para saber como reagir a certas circunstâncias.

Mesmo sendo uma primeira interação algo desprovida de informação historial, é na mesma possível percebermos o estado emocional do individuo. Isto porque o ser humano apresenta uma capacidade inata de identificar marcadores associados à emoção. Mesmo conhecendo uma pessoa pela primeira vez, conseguimos perceber se a pessoa está alegre, triste ou chateada. Os marcadores da emoção acabam por se manter na face mesmo após o pico que a emoção nos dá, a este pico chamamos o apex da emoção.

É bastante importante fazer a distinção entre a emoção e o sentimento, o senso comum acaba por não fazer a diferenciação entre os dois, mas a ciência já provou uma clara distinção. A emoção facial ocorre na amígdala, é aqui que analisamos a informação recebida e a transformamos em resposta. A emoção ocorre em resposta a um estímulo, apresenta duração curta e é sempre visível na face, mesmo que seja representado numa neuromicroexpressão. O sentimento é distinguido pela emoção na duração, o sentimento é aquilo que sentimos com a emoção. Tal como o amor e a alegria, isto é algo que sentimos dentro de nós e pode durar horas, enquanto a emoção vai e vem e pode ser sempre relacionada com um estímulo.

Com o surgimento da pandemia a nível global, com origem no coronavírus SARS-COV-2, foi necessário adaptarmos o nosso dia a dia com proteções às quais não fazíamos um hábito da nossa parte. Foi necessário utilizar máscaras e proteções que cobrissem a face, a mais comum destas proteções, e mais acessível, seria a máscara cirúrgica. Possível de comprar em todos os supermercados e até mesmo em vending machines para uma urgência ou necessidade.

Com a máscara cirúrgica a cobrir a face inferior, foi necessário, para o ser humano, adaptar a forma como comunica emocionalmente com o outro. Com a face parcialmente escondida, a comunicação é afetada. Nem todos os marcadores associados à expressão são revelados, causando assim o chamado ruido comunicacional.

O reconhecimento emocional é uma forma fundamental para que os indivíduos se percebam mutuamente. Com o alargamento do uso da máscara em 2020, a pandemia realçou a necessidade do conhecimento de como a obstrução facial afeta o reconhecimento emocional. As emoções às quais foram mais afetadas a nível de reconhecimento facial foram a aversão e a raiva devido às suas condicionantes na face inferior e a surpresa e o medo devido às suas características na face superior. A máscara afeta a comunicação emocional, especialmente emoções que apresentam mais movimentos na face inferior.

A comunicação é afetada com o uso da máscara, isto advém do facto de não ser possível, ao emissor, receber todos os marcadores associados à emoção representada. Com o uso da máscara, cria-se o ruído comunicacional. Apesar disto, a máscara apenas cobre a face inferior, deixando a parte superior descoberta, revelando assim marcadores associados à expressão das emoções. Com este impedimento, o ser humano tem que reaprender a entender outros marcadores e outras variáveis para que se torne possível reduzir o ruído comunicacional.

É fundamental reconhecer a identidade das pessoas que comunicamos para que seja possível haver interação de acordo com experiência prévia deles enquanto indivíduos. Com o uso devido da máscara de proteção contra o Covid-19, é possível verificar erros de perceção de aversão por raiva e medo por surpresa, isto é, devido ao facto de partilharem os mesmos códigos. A máscara é um fator comprometedor à perceção dos movimentos musculares na parte inferior da face. O padrão de erro na leitura destes pares emocionais também se verifica sem o uso da máscara, apesar de não existir na mesma frequência. O mesmo não acontece na perceção contrária, o erro de leitura de raiva por aversão e surpresa por medo já não se encontra tão frequente.

É mais fácil, para o ser humano, controlar a face inferior da sua face. Isto ocorre devido ao facto de o córtex motor apresentar os músculos da face inferior em versão mais completa em relação aos da face superior. Através disto, torna-se possível um maior controlo voluntário na face inferior em que a articulação é mais eficaz entre a expressão facial e o discurso verbal.

O Oxford English Dictionary define a emoção como sendo um sentimento forte tal como o amor, medo ou raiva; a parte do caráter de uma pessoa que consiste em sentimentos.

A emoção ocorre quando o individuo é movido por algo com o propósito de ajudar à sobrevivência, e é capaz de ordenar ações, discursos e pensamentos em frações de segundos o que faz com que o individuo esteja preparado para enfrentar eventos importantes.

Uma das experiências mais marcantes para o ser humano é a emoção, que para a construção da mesma é necessário a interação de diversos e complexos componentes cognitivos, fisiológicos e subjetivos. Nela inclui a experiência consciente, respostas internas e explicitas e energia para motivar o organismo para a ação.

A face é o reflexo de todo o funcionamento cerebral. Fisiologicamente, as emoções estão conectadas a regiões especificas do cérebro, que em conjuntos formam o sistema límbico. As regiões cerebrais responsáveis pelo movimento dos músculos faciais, entendido como cérebro facial é composto por:

   – Córtex cingulado sendo este responsável pela modulação das sensações de amor, ódio, luxúria através das atividades no córtex cingulado anterior, sendo que é constituído pelas células axiais em que o seu objetivo é desempenhar a tarefa de identificar, compreender e reagir à expressão facial da emoção do interlocutor;

   – Complexo olfativo onde permite que os odores provoquem uma reação instintiva, sendo este o núcleo do cérebro facial e sofreu evolução antes dos sentidos visual e auditivo;

   – Tálamo, uma estrutura do diencéfalo, distribui a informação recebida através dos núcleos lateral, dorsal, medial e ventral posterior medial, e encaminha para a amígdala e para o córtex olfativo para verificação e emissão de resposta;

   – Hipocampo, encontrado nos lóbulos temporais e faz parte do sistema límbico, rotula e pesquisa as memórias emocionais, facultando assim a ponte entre memórias do passado;

   – Estria terminal está relacionada com às reações de ansiedade e promove o contato da amígdala com outras áreas cerebrais;

   – Córtex frontal é responsável pela criação de sentimentos e estabelece uma ligação direta de troca de informação com o sistema límbico;

   – Corpo caloso permite a transmissão das emoções entre hemisférios cerebrais para que seja possível a troca de informação;

   – Hipotálamo, localizado na secção central do diencéfalo, é responsável por sinalizar, transmitir hormonas, criar sensações de emoção e mediar a reação ao medo criada pela amígdala;

   – Corpo mamilar, considerado parte do sistema límbico, é responsável por estabelecer ligação ao hipocampo através do fórnix e medeia os estados emocionais e a memória;

   – Amígdala, sendo parte representativa do sistema límbico, é o centro da expressão facial da emoção, assume como seu papel de avaliação sobre a informação interna e externa que recebe, isto para se seja possível tomar a decisão mais assertiva.

 

Existe uma correlação direta entre as emoções e as expressões faciais, isto porque ambas são controladas pelo sistema nervoso central, especialmente pelo Sistema Nervoso Autónomo. A emoção é revelada na face humana através do movimento muscular, para que isto seja possível é necessário a existência de uma ligação da fonte de controlo para o recetor, nomeadamente do cérebro para a face. Para que isto seja executado, o corpo humano recorreu a nervos para transmitir a dita informação.

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João Alves– Psicólogo na WeCareOn

 

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