No passado domingo, dia 19 de Maio, a WeCareOn foi ao parque da Quinta da Alagoa em Cascais, por iniciativa da Academia da Saúde, um projeto da Câmara Municipal de Cascais.
Um dia de sol em que as famílias disfrutavam de momentos de partilha na natureza e foi neste contexto que decorreu o Workshop “O que é a Birra: Como gerir as birras dos nossos filhos”.
Neste evento, as psicólogas Marisa Pereira e Mariana Gomes, esclareceram os pais sobre:
- O que é a birra VS um comportamento adequado;
- O que fazer perante uma birra;
- Quando é necessária a intervenção terapêutica e não menos importante: como prevenir estes comportamentos.
Decorrido o evento, os pais tiveram a oportunidade para esclarecer dúvidas com as psicólogas e partilhar conhecimentos e experiências entre si.
Partilhamos agora, com quem não pode estar presente alguns esclarecimentos e dicas de como agir quando os mais pequenos fazem birras.
O que é a birra?
As birras são a forma de expressão do sofrimento e frustração das crianças, são mais comuns entre os 12-18 meses.
Estão frequentemente associadas a uma grande agressividade por parte da criança, impulsividade e descontrole das suas emoções, na primeira infância e perante acontecimentos que sentem como frustrantes.
São episódios breves, mas de grande carga emocional (exprimem a raiva e angústia da criança).
Desta forma, apesar das birras serem consideradas respostas emocionais desproporcionais à situação em questão, elas são universais ao desenvolvimento da criança e fazem parte da adaptação à sua realidade, ou à não adaptação.
Porque surgem as birras?
Entre o primeiro e o terceiro ano de idade, as birras são consideradas como um processo normal da fase do crescimento, pois é altura onde a criança é mais centrada em si e nos seus interesses. Além disso, ainda não possui mecanismos para lidar com a frustração, a sua linguagem verbal é insuficiente e tem dificuldade na resolução dos seus problemas, e por isso recorre à birra para comunicar com os adultos, na forma de tentativa de adaptação à realidade.
As causas que favorecem o aparecimento da birra são:
- Sono;
- Fome;
- Cansaço;
- Faltas de atenção.
O que fazer perante uma birra?
Quando estas se tornam frequentes, prolongadas no tempo, ou incontroláveis, a birra passa a ser um problema grave para muitos pais.
Na origem deste tipo de comportamento pode estar: a crença da criança de que fazer birra é um meio de atingir aquilo que quer.
Pais que demonstram medo ou raiva perante uma birra (o que incentiva a criança a fazê-lo), pais demasiado controladores, a inexistência de limites, ou ainda a imitação de comportamentos de perda de controlo dos pais, por parte da criança (que leva os filhos a mimicarem).
Estratégias para lidar com a birra
Existem várias estratégias que se podem utilizar em situações de birra. Contudo, há que ter presente que nenhuma estratégia é eficaz a longo prazo, e que estas variam conforme a situação e o momento.
Assim, deve-se evitar:
- Responder emocionalmente, por gestos ou palavras, ou rigidez corporal;
- Culpabilizar, envergonhar ou ameaçar sistematicamente a criança;
- Castigar a criança;
- Fazer a vontade à criança para deixar de fazer a birra;
- Tentar pôr fim à birra.
E deve-se:
Atuar no início da birra
Contendo a criança (para evitar magoar-se) e distraindo a sua atenção (ex: um abraço).
Avisar a criança
Explicar, de forma calma e simples, o porquê do educador estar descontente com a sua atitude, e mostrar de que forma deve reagir, de uma próxima vez. Neste aviso, é importante encorajar a criança a ter comportamentos construtivos no futuro, e elogiar as suas atitudes positivas. Devemos reforçar à criança de que gostamos dela, e tentar acalmá-la para que mude a sua postura.
No entanto, é importante que que a criança seja avisada das consequências que vai ter, caso não cumpra com o estabelecido. Quando a criança não respeita o adulto e mantem os seus comportamentos desadequados, deverá ser aplicado um castigo adequado.
Fazer uma pausa
No momento da birra, deve-se levar a criança para um sítio isolado, afastando-a do local da birra, e sentá-la numa cadeira para refletir sobre o seu comportamento. Deve-se avisar que ela sairá da cadeira, assim que se acalmar. Depois disso, deve-se falar com calma sobre os motivos que a levaram a ter aquela atitude.
Caso a criança não obedeça ao aviso verbal ou à pausa, deve-se retirar alguns privilégio dos seus privilégios (como os brinquedos ou jogos que a levaram a fazer a birra).
Abraçar a criança, para se sentir protegida e amada.
Deste modo, conforta-se a criança mas sem ceder às suas exigências.
Castigar
Os castigos devem ser aplicados imediatamente a seguir ao comportamento desapropriado da criança, e devem ser adequados à sua intenção. É necessário que estes sejam coerentes, e aplicados da mesma forma em situações semelhantes. O objetivo não passa por humilhar a criança, mas sim ajudá-la a distinguir um comportamento desadequado dos demais (ex: sentar numa cadeira, longe da zona onde ocorreu o conflito/birra e deixar a criança acalmar-se e convidá-la a pensar no que se passou).
Intervenção terapêutica para birras
Quando as birras se tornam excessivas ou incontroláveis, elas podem estar associadas a uma perturbação do neuro desenvolvimento. Nesses casos, é recomendável que a criança seja acompanhada por um profissional de saúde.
O acompanhamento psicológico vai ajudar a família a encontrar novas formas de funcionamento que levem à modificação de algumas atitudes da criança.
Já o tratamento farmacológico é feito quando há por base uma perturbação grave do neuro desenvolvimento, em que é necessário controlar algumas atitudes mais violentas da criança.
Como prevenir a birra?
Existem várias ações que podem ser tomadas de forma a impedir o aparecimento da birra.
- Manter um ambiente familiar de amor e compreensão, para que a criança se sinta segura;
- Devem ser respeitadas as necessidades de sono e de alimentação da criança (ter horários certos, promover um ambiente calmo à hora de deitar, preparar lanches para quando se está fora de casa…);
- Os brinquedos e jogos devem ser apropriados à sua idade;
- Deve ser dada à criança a hipótese de escolha (ocasionalmente, deve poder escolher entre comer uma coisa ou outra, vestir uma roupa à sua vontade, etc.)
- As regras devem ser impostas de forma clara e objetiva (Por exemplo: “Depois de assistires ao teu programa de televisão, é hora de deitar e ir dormir).
Todas as considerações presentes neste artigo, são de caráter geral. Cada criança é singular bem como o seu desenvolvimento psicomotor e por isto, é importante, em caso de dúvida, pedir a ajuda de um técnico especializado.
Para mais esclarecimentos, contacte a WeCareOn. Pode marcar uma sessão para esclarecimentos no perfil em baixo.