A esquizofrenia é definida na literatura, como uma doença mental pertencente à classe das psicoses. A doença psicótica incide na perda dos limites do “eu” e por conseguinte, numa perda de avaliação da realidade fora de si.
Na esquizofrenia, o termo psicótico refere-se às ideias delirantes, alucinações, discurso desorganizado e comportamento desorganizado ou catatónico.
Os sintomas mais comuns desta patologia, envolvem alterações muito específicas do pensamento do sujeito, da sua perceção sensorial, comportamento e afetos.
Estes sintomas podem surgir em crianças, por volta dos cinco anos de idade. No entanto, a doença só se desenvolve na adolescência.
Sendo que, muitas patologias psíquicas apresentam alterações semelhantes, o diagnóstico deve ser elaborado por um profissional devidamente habilitado. A ter em conta que, estes sintomas, estão presentes pelo menos por um mês e, mesmo iniciando tratamento psiquiátrico e psicológico, mantêm-se alguns destes, por um período mínimo de seis meses.
Causas da Esquizofrenia
Quanto às suas causas, apesar de a investigação ser intensiva, existem poucas certezas. No entanto, pode afirmar-se que a hereditariedade apresenta-se com uma importância relativa, sobretudo com parentes em primeiro grau, mas não se sabe a forma como se transmite na genética. Fatores ambientais que possam influenciar o desenvolvimento do sistema nervoso no período da gestação, apresentam uma importância significativa da doença.
Sintomas da Esquizofrenia
Os sintomas caraterísticos desta patologia, envolvem um conjunto de disfunções cognitivas e emocionais relativamente a:
- – Perceção;
- – Pensamento indutivo;
- – Linguagem e comunicação;
- – Comportamento;
- – Afeto;
- – Fluência e produção de pensamento e discurso;
- – Capacidade hedónica;
- – Vontade;
- – Atenção.
Estes sintomas podem ser classificados em duas categorias: positivos e negativos.
Sintomas positivos da Esquizofrenia, são caraterizados por:
- – Distorção ou exagero de funções normais como: comportamento indutivo – ideias delirantes.
- – Distorção ou exagero de perceções – alucinações.
- – Exagero ou ausência no processamento de linguagem e comunicação – discurso desorganizado e comportamento também desorganizado ou catatónico.
Sintomas negativos da Esquizofrenia, são caraterizados por:
- – Refletem uma diminuição das capacidades normais. Referem-se a uma diminuição da intensidade das expressões emocionais – embotamento afetivo.
- – Diminuição da produtividade de pensamento e discurso – alogia.
- – Iniciação de um comportamento dirigido a um objetivo – avolição.
Classificação de tipos de Esquizofrenia
No diagnóstico da esquizofrenia, doença mental enquadrada nas psicoses, podemos encontrar cinco tipos principais, sendo:
Esquizofrenia Paranoide
As caraterística essenciais deste tipo de esquizofrenia, são a presença de ideias delirantes dominantes e alucinações auditivas frequentes (ex: vozes de outras pessoas, algumas já falecidas).
As ideias delirantes são tipicamente persecutórias, de grandeza, ou ambas. Podendo, no entanto surgir noutras temáticas (ex: ciúme, místicas ou somatizações repentinas).
As alucinações estão relacionadas com o contexto da temática delirante.
Ansiedade, cólera e indiferença são também caraterísticas associadas ao quadro clínico desta patologia.
Tipo Desorganizado
As suas principais caraterísticas são o discurso e comportamento desorganizados e o afeto inapropriado/excessivo ou embotamento emocional.
O discurso desorganizado pode ser acompanhado de comportamento infantilizado e risos que, não estão relacionados com o conteúdo do discurso.
A desorganização do comportamento, pela ausência de objetivo, pode levar a uma dificuldade extrema em desempenhar as suas tarefas cotidianas (ex: higiene pessoal, alimentação, vestuário).
Se o comportamento catatónico for predominante, as ideias delirantes e alucinações não preenchem o seu funcionamento psíquico e caso estejam, estão de forma fragmentada, não organizada e por isto, não é evidenciado.
Outras caraterísticas associadas são os maneirismos e inadequação do comportamento.
Tipo Catatónico
A principal caraterística é a alteração psicomotora que pode ir da imobilidade à atividade excessiva sem objetivo e não influenciada por estímulos externos.
Outras caraterísticas evidentes são: o negativismo extremo em que o sujeito mostra resistência a qualquer instrução que lhe seja dada, sem motivo para o fazer. O mutismo, por vezes acompanha este comportamento.
De referir também os movimentos voluntários não controlados e a tomada de posturas inadequadas ou bizarras.
Ecolalia e ecopraxia, também são caraterísticas deste tipo de esquizofrenia.
Tipo Indiferenciado
Neste tipo de esquizofrenia, os sintomas presentes incluem alucinações auditivas (ex: ouvir vozes), delírios (ex: determinadas crenças) e pensamento e discurso desorganizados.
Tipo Residual
Existe uma evidência constante da perturbação devido à manifestação dos sintomas negativos, pela presença atenuada de crenças estranhas e uma leve alteração da realidade.
Apesar de não parecer evidenciar a mesma gravidade, em relação aos tipos de esquizofrenia anteriores, necessita igualmente de acompanhamento especializado por equipa multidisciplinar, no âmbito da saúde mental.
Dicas para lidar com a esquizofrenia
Os familiares têm um papel fundamental no tratamento e na reintegração do indivíduo com esquizofrenia. Pelo reconhecimento de sintomas e compreensão dos comportamentos que, quando interpretados acertadamente/erroneamente, dificultam/facilitam a intervenção adequada da sua parte e por parte dos técnicos de ssaúde mental.
Compreensão e apoio especializado, são condições necessárias para que a pessoa com esquizofrenia possa ter uma vida independente e conviva satisfatoriamente com a doença, mantendo relações profissionais, afetivas e profissionais prazerosas.
- – Informe-se sobre a doença e tente perceber se existe probabilidade de hereditariedade – importante para o diagnóstico;
- – Tente perceber quando é que surgiram os primeiros sintomas para uma melhor partilha de informação junto dos técnicos de saúde, que certamente lhe darão toda a informação disponível para lidar com esta doença;
- – Se o diagnóstico comprovar a doença, tenha sempre em mente os sintomas para saber como lidar mesmo durante um surto psicótico;
- – Livre-se de preconceitos e apoie a pessoa com esquizofrenia, seja familiar ou não.
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