O que é o Bullying?

O bullying desperta cada vez mais atenção e interesse dos principais intervenientes na escola: pais, professores, auxiliares de educação e restante comunidade educativa.

 

Na língua portuguesa o termo bullying ainda não tem uma tradução consensual, daí continuar-se a utilizar o termo anglo-saxónico Bullying.

 

Podemos designar o bullying como a intencionalidade de magoar alguém, que é a vítima e alvo do ato agressivo, enquanto os agressores manifestam tendência a desencadear, iniciar, agravar e perpetuar situações em que as vítimas estão numa posição indefesa.

 

Vários autores referem que os rapazes envolvem-se com mais frequência em condutas violentas do que as raparigas, isto porque existem expetativas sociais de comportamento agressivo relativamente aos rapazes do que às raparigas. Estas por norma estão mais expostas ao bullying indireto (insultar, lanchar, boatos, etc..) e os rapazes ao bullying direto (bater, empurrar, …).

 

Tipos de Bullying

Os tipos de bullying podem ser: Bullying Físico, Sexual, Verbal, Social ou Cyberbullying

 

tipos de bullying

 

 

As vítimas do Bullying

 

As vítimas de bullying costumam ter menos poder que o agressor que pode ser maior, mais forte ou mais velho. As vítimas apresentam normalmente ansiedade corporal, em que têm medo de ser magoadas, são fisicamente ineficazes nos jogos, nas atividades desportivas ou nas lutas, são cautelosos, sensíveis, quietos, isolados, passivos, submissos e tímidos, são ansiosos, inseguros, infelizes e aflitos. Têm dificuldades em se afirmarem perante o grupo de pares tanto fisicamente como verbalmente. Têm melhores relações com os adultos do que com os elementos do seu grupo de pares.

 

Frequentemente as vítimas de bullying podem apresentar um ou vários sinais:
  • – São depreciados, ridicularizados, intimidados, ameaçados, submetidos a ordens, dominados, submissos, sendo motivo de diversão ou de riso por parte dos outros;
  • – São envolvidos em lutas em que são completamente indefesos e dos quais se tentam afastar (muitas vezes a chorar);
  • – Têm os livros, o material escolar, o dinheiro ou pertences danificados ou espalhados pelo chão;
  • – Têm pisaduras, golpes, arranhões ou rasgões na roupa e sobre os quais não conseguem dar uma explicação natural;
  • – Estão ou sentem-se sozinhos e excluídos do grupo de pares durante os intervalos ou na hora de almoço. Não têm um bom amigo na turma;
  • – São escolhidos por último nos jogos de equipa;
  • – Tentam ficar perto de um professor ou outro adulto durante os intervalos;
  • – Não levam colegas ou outros amigos a casa depois da escola e raramente passam o tempo em casa dos colegas;
  • – Não têm um amigo com o qual partilhem o tempo livre (jogar, passear, participar em eventos desportivos..);
  • – Raramente ou nunca são convidados para festas e não se mostram interessados em dar festas;
  • – Mostram medo ou relutância em ir à escola, têm pouco apetite, repetidas dores de cabeça ou dores de estômago;
  • – Escolhem um caminho fora do trajeto habitual para irem para a escola;
  • – Estão visivelmente aflitos, tristes, deprimidos e infelizes;
  • – Têm um sono agitado, com pesadelos, chegando mesmo a chorar durante o sono;
  • – Perdem o interesse pelas tarefas escolares e chegam a ter resultados negativos.

 

 

Efeitos do Bullying na vítima

Os efeitos podem ser imediatos ou a longo prazo. Ambos deixam marcas na vítima.

 

A curto prazo as vítimas sentem-se deprimidas, perdendo o interesse pelos estudos e muitas vezes faltam à escola. Acabam por evidenciar baixa auto-estima, sentindo-se rejeitadas, com fracas competências sociais. Algumas vitimas escolhem o suicídio como forma de culminar com o sofrimento vivenciado.

 

A longo prazo os estudos salientam as tendências depressivas na idade adulta, dando continuidade à baixa auto-estima. Para além disso são adultos mais inseguros, com difíceis competências sociais ou sejam em adultos apresentam mais dificuldades em estabelecer relações com os outros, seja a nível pessoal, profissional e até social.

 

 

Os agressores no Bullying

 

Os agressores caraterizam-se tipicamente por:

  • – Arreliar repetidamente e de forma desagradável, insultar, intimidar, ameaçar, bater, pontapear, fazer troça, ridicularizar, empurrar, chamar nomes, estragar os pertences dos outros alunos, entre outros. Muitas vezes alguns agressores induzem os seus seguidores a fazer o “trabalho sujo” enquanto eles se mantêm afastados;
  • – São fisicamente mais fortes que os outros alunos da turma e do que as vítimas, podem ter a mesma idade ou serem mais velhas do que a vítima;
  • – São fisicamente eficazes nos jogos, no desporto e nas lutas;
  • – Têm necessidade de dominar e subjugar os outros estudantes, reclamando o poder e ameaçando-os constantemente;
  • – Tem um temperamento difícil, facilmente ficam zangados, são impulsivos e têm baixa tolerância à frustração;
  • – Tem dificuldades em conformar-se com as regras e a tolerar adversidades;
  • – Têm comportamentos de oposição, desafiantes e agressivos com os adultos mais próximos;
  • – São teimosos, insensíveis e mostram pouca empatia pelas vitimas;
  • – Ocupam-se de atividades anti-sociais incluindo roubar, vandalizar e beber bebidas alcoólicas, associadas a “más companhias”;
  • – Revelam um auto-controlo escasso nas relações sociais, podendo dar lugar a manifestações de conduta agressiva, teimosia e indisciplina;

 

bullie

 

 

 

Efeitos do Bullying nos agressores

 

Normalmente os agressores a longo prazo apresentam várias consequências como a crença na força física como forma de resolução de problemas, dificuldade em respeitar a lei e os problemas que daí advêm, dificuldades de inserção social, problemas de relacionamento afetivo e social duradouro, incapacidade ou dificuldade de auto-controlo, comportamentos anti-sociais (envolvem-se em atos de criminalidade), dificuldades em ter um emprego estável e envolverem-se em comportamentos de risco para a saúde, como beber, fumar ou usar drogas.

 

 

Os espetadores

Estão em maior número entre os alunos da escola e são aqueles que nem sofrem, nem praticam o bullying, mas acabam sofrendo as consequências, visto que presenciam as situações vivenciadas pelas vítimas, as quais ficam constrangidas.

 

Existem três tipos de espectadores:

Espetadores Passivos Espetadores Ativos Espetadores Neutros
São aqueles que mesmo não aceitando as atitudes dos agressores, sentem que não podem ajudar as vítimas, com medo de serem o próximo alvo.  São aqueles que manifestam apoio aos agressores, apesar de não praticarem os ataques contra sa vítimas. Eles incentivam, riem-se e divertem-se com o que estão a ver, mesmo não estando directamente envolvidos. Parecem emocionalmente anestesiados, não demonstram sensibilidade com as situações que presenciam pelo próprio contexto social em que estão inseridos.

 

como lidar com o bullying

 

 

 

Como lidar com o Bullying?

 

Apesar de não ser uma doença, tanto a vítima como o agressor necessitam de tratamento. A psicoterapia ajuda a restabelecer o equilíbrio e a superar vivências traumáticas levando a um desenvolvimento emocional saudável e minimizando os traumas gerados pelo bullying.

 

Tratamento para os Agressores:

O tratamento para agressores tem como principal objetivo melhorar a forma como se relacionam com os outros, trabalhando para isso atividades que visam:

  • – Gerar empatia;
  • – Aprender a lidar com a agressividade;
  • – Treino de autocontrole;
  • – Aprender a lidar com seus próprios sentimentos;
  • – Construir relações sociais baseadas em afetividade, parceria e solidariedade.

 

Tratamento para as vítimas:

A psicoterapia é fundamental e indispensável, pois é a forma que a vítima de bullying tem para se poder livrar das vivências traumáticas e substituí-las por comportamentos e sentimentos mais assertivos. No acompanhamento psicológico para vítimas de bullying os principais objetivos são:

  • – Reconstrução da autoestima;
  • – Diminuição de Comportamentos e Sentimentos Depreciativos;
  • – Auto validação;
  • – Treino de Habilidades Sociais;
  • Diminuição da Ansiedade e Estresse;
  • – Estratégias de coping;
  • – Técnicas de Relaxamento;
  • – Desenvolvimento de Repertório Social.

 

 

Patrícia Oliveira – Psicóloga WeCareOn