Este é um tema delicado para muitos pais que não entendem, ou não identificam muito bem, o porquê ou quando os seus filhos mentem.

 

O problema não é em si a mentira, mas o que fomenta esta necessidade.

 

Crianças muito pequenas ainda não distinguem ao certo a realidade da fantasia, os diferentes tempos, passado, presente e futuro, sendo, portanto, normal que contem coisas, às vezes, um pouco à sua maneira. É preciso que acompanhemos a lógica do seu pensamento. Mas, isto só é possível se mantemos em dia o diálogo, o qual na maioria das vezes acontece de forma lúdica.

 

Contudo, crianças maiores podem mentir ou omitir por alguma necessidade subjectiva, pelo medo de falar o que sentem ou pensam de verdade, pelo receio de serem julgadas ou ainda para testar o interesse dos pais na vida delas.

 

 

Quando os pais estão atentos e disponíveis, torna-se mais fácil perceber que algo não está a fazer sentido ou que um novo sentido foi criado.

 

 

Antes de rotularmos ou nos preocuparmos com uma interpretação negativa da mentira, coloquemos em questão se as crianças estão habituadas à sinceridade, se elas têm espaço e relações em que podem fazer perguntas e se expressar sem censura, sem ouvirem logo: “que absurdo, que feio, isso não se diz, isso não se faz, isso não se sente, estou farto de você, de lhe ouvir…”

 

 

Se tivermos um pouquinho mais de atenção, perceberemos que a quebra da confiança e da intimidade começa quando não permitimos que o outro tenha um espaço de tranquilidade para falar, sem medo, aquilo que sente ou imagina.

 

 

Portanto, escute, faça perguntas, se interesse e não rebata a mentira com um puxão de orelhas ou com um cala boca.

 

 

A mentira pode ter a sua razão de existir e só compreendendo esta razão é possível ajudar, verdadeiramente, uma criança que, por algum motivo precisa, de acordo com seus conflitos emocionais, mentir.

 

 

Por Marcela Alves – Psicóloga WeCareOn