Um dos problemas de saúde mental mais preocupantes é a depressão. Considerada como a doença do século XXI.
Hoje partilhamos mais um artigo da Débora, que nos falou da sua depressão e hoje da morte de um amigo que também estava a sofrer de problemas na área da saúde mental e emocional!
”Vítima ou não de suicídio, esta era mais uma das caras que escondia pesadelos por detrás de sorrisos – e que ninguém esperava que desaparecesse assim, aos 30 anos. Temos de acabar com isto.
Há duas semanas, uma amiga que acompanhou a minha depressão chamou-me a atenção para o Facebook de um colega que tivemos em Londres. Fiquei surpreendida, mas sobretudo animada quando vi mais esta voz a erguer-se no meio da escuridão das redes sociais: o Ian admitia que os homens, como ele, deviam falar mais sobre a sua saúde mental e agradeceu publicamente a ajuda dos seus amigos mais próximos, por permitirem que ele ainda estivesse “cá”.
Hoje fico a saber que o Ian já não está “cá”.
No meio desta minha jornada no empreendedorismo social – tentando delinear um projecto que espelhe os meus valores, as minhas competências e aquilo que eu gostava mesmo de mudar no mundo – andava com planos de conversar com o Ian e de sugerir escrever a história dele. Não que ele precisasse da minha escrita (principalmente em português), porque ele próprio é – era – um excelente profissional de comunicação. Mas sabendo eu o quão difícil é descrever o negro que nos vai cá dentro, e sabendo que ele agora estava disposto a falar sobre a sua experiência, achei que podíamos lutar juntos por esta causa.
Acabo de ter a prova de que a abertura para falar sobre estes assuntos não quer dizer que eles estejam resolvidos – deve aliás servir-nos de alerta para oferecermos ajuda concreta.”
Eu e o Ian não trabalhámos directamente juntos muitas vezes, mas sempre que nos encontrávamos – normalmente num pub – eu brincava por ele ser talvez a única pessoa que eu conhecia que tinha mudado de casa mais vezes do que eu. A forma como ele lidava – ou parecia lidar – com esse pesadelo londrino era vincadamente britânica, um sarcasmo e um sotaque que sempre me faziam rir.
Uma pessoa que sofre de problemas de saúde mental tem toda a legitimidade para rir genuinamente – e ainda bem que esses momentos existem. Mas precisamos urgentemente de criar espaços onde também nos sintamos legítimos para dizer que estamos… na merda.
Antes de morrer durante o seu sono, o Ian escreveu “fuck you, 2016.
Já não é a primeira vez que leio esta frase e isso deixa-me nervosa.”
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Veja ainda o nosso Guia Prático da Depressão