Leve reflexão sobre a Psicossomática!

 

Cada vez mais a expressão “psicossomática” é usada em ambito médico e psicológico. No entanto é importante ter em consideração que esta é apenas uma palavra que tenta integrar  fenómenos tão complexos que dificilmente cabem numa simples conceptualização…

 

Para que esta palavra seja usada corretamente, vamos vêr o seu significado. A etimologia da palavra deriva do grego, psiche “anima” e soma “corpo”. Os distúrbios ditos psicossomáticos são a manifestação física “soma” de um mal-estar psicológico “psique”.

 

Se deixarmos de considerar mente e corpo como duas entidades separadas, percebemos que é bastante natural que um mal estar psicológico se manifeste também no corpo com dores de cabeça, de dentes, etc e que também o contrário seja natural, ou seja, um mal-estar físico vai ter reprecussões a nível psicológico. Hoje vamos falar de psicossomática, por tanto, dos fenómenos físicos que comunicam um “mal-estar” psicológico, mas é importante ter presente que psique e corpo fazem parte do mesmo organismo e como tal não só se influenciam, como funcionam em unissono e vivem os mesmos fenómenos.

 

Depois desta permissa, gostava que cada um se interrogasse sobre como se sente, se se encontra ou não satisfeito com a própria vida e que o fizesse sem se julgar. Gostava que se interrogasse se se sente mais vezes feliz ou angustiado, se se sente mais vezes relaxado ou stressado e se dedica muito ou pouco tempo para fazer aquilo que gosta…

 

Depois disto, gostava que “perguntasse” ao próprio corpo como se sente, se está mais vezes cansado ou com vitalidade, se quando acorda sente que o corpo está com energia para o dia ou se prefere ficar mais tempo a dormir, se dorme bem ou se tem dificuldades em adormecer com preocupações e pensamentos…

 

Gostava que notasse que as emoções se manifestam no corpo e que começasse a a senti-las. Que se começasse a questionar mais vezes…

 

Irá notar que as insatisfações, a infelicidade, o não fazer muitas vezes o que gosta, etc, vai ter reprecussões no próprio corpo. Assim como a felicidade e o entusiasmo também se vão manifestar no corpo, simplesmente porque é natural que assim seja…

 

E é interessante perceber o quanto dicotomizamos o nosso sentir, feliz/infeliz, tristeza/alegria, etc. Seria oportuno começar por notar também as variações das emoções e dos sentimentos, que nunca são iguais, que variam de intensidade.

 

Seria igualmente interessante perceber o quanto julga o seu próprio sentir como positivo ou negativo, acabando por sofrer duplamente com a não aceitação do próprio estado.

 

Todos estes desafios se relacionam com o conceito de psicosomática e ao pensar sobre eles, vai-se autoquestionar e vai construindo uma ideia mais real do seu corpo como um todo, ligando a “psique” ao “corpo”. É importante fazer esta ligação todos os dias e desta maneira perceber as mensagens dadas pelo corpo e  encontrar o seu significado psicológico, a emoção ou sentimento associados…

 

Para se interrogarem sobre isto, é necessário saber auto-observar. Para se saber auto-observar é necessário saber parar e relaxar, então, quando sentir algo no “corpo”, antes de mais, páre, relaxe, observe,  relaxe novamente e entusiasme-se com a comunicação que é feita através do corpo!

 

Sara Pereira – Psicóloga WeCareOn