A síndrome do impostor é um fenómeno psicológico que tem impacto em pessoas de sucesso que, mesmo perante conquistas e reconhecimento, duvidam de si mesmas, sentindo-se frequentemente como “fraudes” à espera de serem desmascaradas. Apesar de não ser oficialmente classificada como uma doença mental, esta síndrome pode afetar profundamente a vida pessoal e profissional de quem a vivencia. Segundo a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, cerca de 70% das pessoas experimentam sintomas da síndrome do impostor em algum momento das suas vidas. Esta estatística revela a prevalência deste fenómeno e sublinha a urgência de o compreender, visto que as suas manifestações atravessam todas as esferas de atividade e diferentes níveis de experiência, afetando tanto jovens profissionais como figuras públicas com carreiras consolidadas.

Sintomas e Comportamentos Característicos

O reconhecimento da síndrome do impostor exige uma observação atenta a certos comportamentos e sentimentos. Muitas vezes, quem sofre deste fenómeno manifesta uma combinação dos seguintes aspetos:

  • Esforço excessivo: Existe uma necessidade de trabalhar incessantemente para compensar a insegurança, sentindo que apenas um desempenho excepcional pode justificar o seu sucesso.
  • Autossabotagem: A insegurança interna leva muitas vezes à autossabotagem, que pode ocorrer tanto ao evitar oportunidades de destaque como ao procrastinar tarefas por medo de falhar.
  • Medo de exposição: O receio de que os outros descubram a sua “incompetência” gera uma ansiedade constante em situações de maior visibilidade.
  • Comparação contínua: Quem vive com a síndrome do impostor tende a comparar-se negativamente com os outros, diminuindo as suas próprias realizações.
  • Necessidade de aprovação: O desejo de agradar a todos é uma característica comum, uma vez que o elogio externo surge como forma de validação da sua competência.

Estes comportamentos alimentam sentimentos de ansiedade e desmotivação, que se manifestam em diversos graus, desde o receio do fracasso à sensação de desespero. Em contextos onde a pressão é alta, como em ambientes profissionais, a síndrome do impostor pode ter efeitos psicológicos significativos, interferindo na produtividade e nas relações interpessoais.

Impacto no Trabalho e na Saúde Mental

O ambiente profissional é particularmente propenso ao desenvolvimento e à intensificação da síndrome do impostor, especialmente em profissões onde a pressão e a responsabilidade são elevadas. Neste sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o “burnout” como uma síndrome resultante de stress crónico relacionado com o trabalho. Embora o burnout e a síndrome do impostor não sejam a mesma condição, muitas das características associadas à síndrome do impostor contribuem diretamente para o stress excessivo e exaustão que caracterizam o burnout.

Muitas figuras públicas, incluindo Michelle Obama e Tom Hanks, já admitiram ter enfrentado sentimentos de insegurança semelhantes aos da síndrome do impostor, o que demonstra que o sucesso objetivo e a perceção de êxito não são sinónimos de confiança. Num mundo que valoriza a realização e a produtividade, a insegurança e a autocobrança excessiva tornam-se fenómenos comuns, muitas vezes invisíveis, mas que requerem atenção e intervenção.

5 Tipos de Síndrome do Impostor

Embora a síndrome do impostor seja caracterizada por uma sensação generalizada de inadequação, existem diferentes manifestações, cada uma com características únicas. De acordo com o EURES, da Comissão Europeia, os principais tipos são:

  1. O Perfeccionista
    O perfeccionista estabelece padrões extremamente elevados e, muitas vezes, inalcançáveis para si mesmo. Esta necessidade de perfeição leva a que a pessoa se sinta frequentemente insatisfeita com o seu desempenho, questionando constantemente as suas capacidades e o seu valor. A aceitação de falhas torna-se uma dificuldade, uma vez que são vistas como reflexo da sua incompetência.
  2. O Especialista
    O especialista considera que nunca sabe o suficiente e, por isso, sente-se constantemente inadequado. A sua autoconfiança depende diretamente do seu conhecimento, e a ideia de não ser “perito” em todos os assuntos leva a uma ansiedade contínua. Esta necessidade de adquirir conhecimentos detalhados antes de enfrentar qualquer desafio pode prejudicar o progresso profissional e a capacidade de adaptação.
  3. O Super-homem/mulher
    Este tipo caracteriza-se por um desejo incessante de superar os outros em termos de produtividade e competência. Ao tentar compensar a sensação de insuficiência, o “super-homem/mulher” tende a acumular responsabilidades e a evitar pedir ajuda, acreditando que deve ser capaz de fazer tudo sozinho. A constante busca por validação através do trabalho pode, contudo, conduzir ao esgotamento.
  4. O Génio Natural
    O génio natural possui uma habilidade inata para aprender e dominar rapidamente. Contudo, ao longo do tempo, a crença de que deve continuar a fazer tudo sem esforço leva-o a uma crise de identidade quando encontra um desafio que exige prática ou paciência. Para ele, cada obstáculo é uma potencial prova de que não é tão competente como aparenta.
  5. O Solitário
    Este tipo de impostor prefere realizar todas as tarefas sozinho, pois associa a ajuda externa a um sinal de fraqueza ou insuficiência. O medo de depender dos outros leva a que assuma todas as responsabilidades, o que, eventualmente, torna o trabalho exaustivo e menos produtivo.

Cada um destes tipos apresenta desafios distintos, mas todos partilham a ideia de que a validação externa e a capacidade de superação pessoal são as únicas formas de evitar serem expostos como “fraudes”. Para ultrapassar estes sentimentos, é necessário aprender a reconhecer e desafiar estes padrões de pensamento e desenvolver uma autoimagem mais realista.

Estratégias para Superar a Síndrome do Impostor

Superar a síndrome do impostor requer uma abordagem gradual e um compromisso com a autoconsciência. Algumas das estratégias que têm sido recomendadas incluem:

  • Reconhecimento e aceitação dos próprios sentimentos: É crucial reconhecer que sentimentos de insegurança são comuns e que, por si só, não significam que uma pessoa seja uma fraude.
  • Aceitar elogios e reconhecimento: Aprender a receber elogios e aceitar o próprio valor pode ser transformador, ajudando a reduzir a dependência da validação externa.
  • Evitar comparações: Cada indivíduo possui uma trajetória única, e as comparações apenas aumentam a insegurança e a frustração.
  • Celebrar conquistas pessoais: Pequenas vitórias devem ser reconhecidas e valorizadas, pois contribuem para a construção de uma autoestima mais positiva.
  • Buscar ajuda profissional: Em casos mais severos, o acompanhamento de um psicólogo pode ser essencial para ajudar a pessoa a desenvolver uma perceção mais realista de si mesma.

Adicionalmente, a plataforma Asana sugere manter um registo das próprias realizações e ver os fracassos como oportunidades de crescimento. Tais estratégias permitem que as pessoas com síndrome do impostor construam uma visão mais equilibrada do seu valor e habilidades, ajudando-as a reconhecer os seus êxitos de forma mais genuína.

Diagnóstico e Acompanhamento Profissional

Embora a síndrome do impostor não seja uma condição médica formalmente reconhecida, muitas pessoas beneficiam de apoio psicológico. A avaliação por um profissional qualificado, como um psicólogo ou psiquiatra, permite a identificação dos sintomas e a análise do histórico pessoal, de modo a desenvolver estratégias terapêuticas adequadas. Este apoio pode incluir terapia cognitivo-comportamental, que ajuda os pacientes a substituir pensamentos negativos por perceções mais equilibradas e realistas, e a aprendizagem de mecanismos para lidar com o medo de exposição e insegurança.

Conclusão

A síndrome do impostor é um desafio psicológico complexo, mas não invencível. Ao longo da vida, muitas pessoas – das mais diversas áreas – lutam com sentimentos de inadequação e a sensação de que não merecem o seu sucesso. No entanto, reconhecer os sintomas e adotar estratégias para lidar com eles pode fazer uma grande diferença. O sucesso não é uma ilusão, e as conquistas não são acasos.

Para aqueles que lutam com a síndrome do impostor, a mensagem é clara: confie no valor das suas realizações, permita-se aceitar elogios e reconheça que o crescimento é um processo contínuo. O primeiro passo para vencer o impostor interior é aceitar que a sua jornada é única e que cada passo dado merece ser celebrado. Com o apoio certo e uma prática constante de autovalorização, é possível deixar para trás as dúvidas e abraçar o sucesso de forma plena e consciente.

 

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