O ser humano vive em constante equilíbrio entre o seu mundo interno e as exigências do meio. Quando estas exigências são demasiado diferentes de qualquer padrão já antes vivido, existem implicações psicológicas de grande impacto em cada um de nós.

 

Este artigo pretende dar a conhecer, alguns dos sintomas que possa ter experienciado durante as primeiras fases desta pandemia e outros, com os quais possa estar a lidar agora, nesta fase de desconfinamento.

 

 

Sintomas

 

Durante os primeiros tempos de tomada de consciência e confinamento, poderá ter experienciado alguns destes sintomas:

 

Psicológicos:

  • Pensamento catastrófico;
  • Obsessões;
  • Negativismo;
  • Resistência à mudança;
  • Dissociação da realidade;
  • Perda de autocontrolo;
  • Dificuldade de concentração e de memória;
  • Entre outros.

 

Emocionais:

  • Zanga;
  • Revolta;
  • Irritabilidade;
  • Medo;
  • Pânico;
  • Ansiedade;
  • Sensações de vazio;
  • Desesperança;
  • Disforia;
  • Sensação de impotência;
  • Alterações no apetite (para mais ou para menos),
  • Alterações nos padrões de sono, etc.

 

Comportamentais:

  • Hipervigilância às notícias;
  • Procura constante de sintomas da doença no nosso corpo;
  • isolamento social (por opção, menos vontade de falar com outros);
  • Choro fácil;
  • Comer constantemente;
  • Entre outros.

 

Se manifestou alguns destes sintomas, não se sinta diferente ou não pense que está sozinho neste tipo de reação. Houve claramente, um aumento de sintomas de ansiedade e depressão a nível geral e, pessoas que já apresentavam uma linha mais ansiosa, desenvolveram um agravamento de sintomas, assim como, pessoas menos ansiosas podem ter experienciado crises de ansiedade pela primeira vez.

 

Por outro lado, nesta nova fase que começamos agora a viver, em que, de alguma forma nos sentimos mais informados sobre que comportamentos devemos ter para evitar a contaminação, mas o nosso cérebro ainda percepciona perigo real, sair de casa pode ser um exercício extremamente difícil, por isso saiba que é comum sentir ou vir a sentir estes sintomas:

 

Psicológicos:

  • Perda de perspetiva;
  • Negativismo;
  • Resistência à mudança;
  • Desvalorização do risco;
  • Dificuldade em retomar a rotina;
  • Dificuldade de concentração;
  • Memória e até em terminar tarefas, entre outros.

 

Emocionais:

  • Medo de sair de casa;
  • Insegurança em locais públicos:
  • Sensação de desconforto na maioria dos dias;
  • Tensão constante;
  • Ansiedade de separação (pais e filhos);
  • Angústia;
  • Desmotivação;
  • Falsa sensação de normalidade;
  • Euforia;
  • Mudanças de humor repentinas;
  • Frustração, etc.

 

 

Comportamentais:

  • Comportamento apático;
  • Menos investimento nos cuidados na prevenção de contágio (fazendo crescer o risco do mesmo);
  • Compras menos necessárias;
  • Procrastinação;
  • Sinais de cansaço extremo;
  • Fuga à realidade;
  • Evitamento de atividades fora de casa;
  • Rejeição ou desconforto à presença de pessoas, etc.

 

Se de alguma forma se identifica com estes sinais, saiba que não está sozinho/a, que os processos de adaptação a situações novas são extremamente exigentes e exigem alguma calma e tolerância consigo mesmo/a.

 

É normal, que reconheça algumas alterações na sua forma de estar e de sentir, mas se sentir que esta adaptação é demasiado difícil e que de alguma forma, não consegue encarar esta nova forma de normalidade, procure ajuda.

 

Os profissionais de saúde estão cá, para o/a poder acompanhar e aliviar a tensão que sente nesta fase mais difícil e trabalhar consigo, para que esta fase possa ser o mais adaptativa possível.

 

E não se esqueça que a situação de desconfinamento não é sinal de que o risco passou, mas é uma tentativa de voltar à nossa normalidade, sendo conscientes e responsáveis por nós e pelos outros. Em breve, voltaremos a estar todos bem 😊.

 

Cláudia Graça – Psicologa @WeCareOn