O burnout é uma síndrome cada vez mais falada, identificada e reconhecida como problemática atual dos nossos dias. O termo tem origem no verbo inglês “to burn“, que significa queimar, sendo uma expressão gramatical corrente “to burn out” que significa queimar completamente ou consumir-se por completo.

 

Embora tenha sido descrita pela primeira vez em 1974 pelo psiquiatra e psicoterapeuta americano, Herbert Freudenberger, apenas recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu o burnout na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que deve vigorar a partir de Janeiro de 2022.

 

O que é o Burnout?

A CID-11, define o burnout como um “resultado de stress crónico no local de trabalho que não foi gerido com sucesso”. Já o autor Herbert J. Freudenberger, definiu este fenómeno como “um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente relacionada à vida profissional”.

 

O burnout engloba portanto uma experiência subjetiva do indíviduo, onde estão presentes sentimentos e atitudes negativas na dinâmica de interação do colaborador com a sua atividade e que origina um desgaste físico e mental extremos, levando à exaustão do indivíduo e diminuição acentuada de produtividade e bem-estar geral.

 

Burnout em Portugal

Segundo a Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde (SPPS), estima-se que pelo menos 13,7% da população portuguesa ativa seja atingida por esta problemática.

 

Outro estudo, publicado na edição de Outubro de 2018 da revista Teste Saúde pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), revela que os profissionais em maior risco de desenvolver crises de burnout são os empregados de lojas e supermercados (43%), profissionais de saúde (não médicos, 39%) e quem trabalha em serviços administrativos (37%) ou em profissões ligadas ao ensino (28%). Com o Covid o burnout subiu para 72% nos profissionais de saúde.

 

 

Como identificar o Burnout

 

O burnout engloba sintomas de 3 dimensões:

Sintomas Físicos

  • Sensação de cansaço na maior parte do tempo;
  • Vulnerabilidades do sistema imunitário;
  • Frequentes dores de cabeça, lombares e musculares;
  • Alterações no apetite e/ou no sono;

 

Sintomas Emocionais

  • Sentimentos recorrentes de fracasso, derrota e desamparo;
  • Sentimento de solidão;
  • Desmotivação e negativismo;
  • Diminuição marcada da satisfação e do sentimento de realização profissional e pessoal.

 

Sintomas Comportamentais

  • Isolamento;
  • Lentidão na realização das tarefas habituais;
  • Consumo excessivo de comida, álcool ou drogas;
  • Absentismo e/ou chegar atrasado ou sair mais cedo do trabalho de forma recorrente;
  • Alterações dos padrões de comportamento habituais.

 

 

6 dicas para se prevenir contra o burnout  

  1. Dê tempo ao seu corpo para acordar: Em vez acordar de rompante e começar o dia a correr, leve pelo menos 10 minutos a espreguiçar-se calmamente ou a consultar a sua agenda de forma a organizar-se para o novo dia que começa;
  2. Procure sempre que possível, descansar o suficiente, comer corretamente e praticar algum exercício de forma regular;
  3. Aprenda a dizer “não”. É muito importante aprender que, ao dizer que sim a outras pessoas ou tarefas, poderá estar a dizer não ao que realmente é importante para si.Portanto aprenda a dizer não, de forma a não se prejudicar nem se sobrecarregar.
  4. Aprenda a estabelecer limites: elabore uma lista onde defina o que é prioritário e importante executar e vá fazendo por ordem de importância.
  5. Dê valor à sua criatividade. A expressão de criatividade é altamente terapêutica e relaxante. Experimente coisas novas (pintura de telas, pintura em madeira, coleções, etc.). Tente escolher atividades que sempre teve curiosidade e que não estejam de todo relacionadas com o seu trabalho;
  6. Faça um detox de tecnologia: Estabeleça um dia para se abstrair o mais que possa de todas as tecnologias (email, mensagens de trabalho, notificações sociais). Deixe de lado o seu computador e ponha o telemóvel em silêncio em algum canto e atenda/retribua apenas as chamadas de família e amigos.

 

Se reconhece estes sintomas e identifica esta sensação de exaustão, não hesite em procurar ajuda, o burnout é um estado que pode evoluir para patologias físicas e psicológicas mais acentuadas.

 

 

Procure um profissional da saúde que o acompanhe no percurso de reequilíbrio.

 

Não permita que a paixão pelo o que faz o/a leve à exaustão.

 

Estamos aqui para si 😊

 

Cláudia Graça – Psicóloga WeCareOn

 

 

Bibliografia

Demerouti, E. (2015). Strategies used by individuals to prevent burnout. European Journal of Clinical. Investigation, 45(10), 1106-1112

World Health Organization. – Guidelines for the primary prevention of mental, neurological and psychosocial disorders: Staff Burnout. In: Geneva Division of Mental Health World Health Organization, pp. 91-110, 1998.

World Health Organization. – Statement on the burnout syndrome among physicians. In: European Forum of Medical Associations. Germany, 2003.