É importante saber distinguir entre humor normal e  humor anormal. Quando a oscilação do humor é extrema e interfere no normal funcionamento da pessoa, poderá tratar-se de uma perturbação bipolar. Também designada por transtorno bipolar ou depressão bipolar.

 

As emoções nascem connosco! As emoções fazem parte de um sistema que funciona e é regulado no cérebro. Tal como a temperatura do nosso corpo, a capacidade de sentirmos emoções e a sua intensidade também é regulada neste órgão.

 

Todos nós sentimos mudanças de humor. Umas vezes estamos contentes, sentimo-nos felizes e confiantes com o mundo que nos rodeia. Outras vezes, ficamos tristes e o mundo parece pesado e sem graça. Podemos experimentar estes diferentes sentimentos no espaço de um dia sem que este aspeto seja patológico e interfira de forma desadequada na nossa vida, contudo, algumas pessoas podem sentir mudanças de humor de uma forma extrema, que altera grandemente a sua forma de estar, sentir e de pensar. Estas mudanças são de tal forma significativas que as pessoas mais próximas sentem que alguma coisa não está bem.

 

Cerca de 4% da população adulta mundial sofre de perturbação ou depressão bipolar. Em Portugal, cerca de 200 mil pessoas, de ambos os sexos.

 

 

O que é uma Depressão Bipolar?

 

Os primeiros casos da perturbação bipolar foram descritos com outros nomes 460 anos a.C., pelo grego Hipócrates, considerado o “pai da medicina” . Mas o diagnóstico ainda era difícil e levava, em média, entre 8 e 13 anos para ser feito.

 

A depressão bipolar, tradicionalmente conhecida por doença maníaco-depressiva, trata-se de uma doença mental do foro neurológico em que há uma alegria excessiva ou uma depressão profunda. Existem três tipos básicos de depressão bipolar.  Todos eles envolvem mudanças claras no humor, na energia e nos níveis de atividade. Esses estados de humor variam de períodos de comportamento extremamente “ascendente”, exaltado e energizado (conhecido como episódios maníacos) a períodos muito tristes, “baixos” ou sem esperança (conhecidos como episódios depressivos). Os períodos maníacos menos severos são conhecidos como episódios hipomaníacos.

 

 

Qualquer um dos tipos de crise pode predominar numa mesma pessoa sendo a sua frequência bastante variável. As crises podem ser graves, moderadas ou leves.

 

As viragens do humor, num sentido ou noutro têm importante repercussão nas sensações, nas emoções, nas ideias e no comportamento da pessoa, com uma perda importante da saúde e da autonomia da personalidade. Para se ter uma noção melhor, durante um desses episódios, a pessoa pode ter uma fase maníaca ou hipomaníaca, que pode significar justamente a diferença entre estar muito feliz e muito triste. Essa discrepância pode ser muito desgastante, tanto física quanto emocionalmente. Afinal de contas, a pessoa muda de um estado de extrema euforia e alegria para um de depressão, lentidão, ansiedade e tristeza profunda.

 

A perturbação bipolar é um comportamento bem específico em que a pessoa muda de sentimentos de uma hora para outra sem nenhum motivo relevante ou efeito causador. Essa mudança de humor muitas vezes é designada por “feitio difícil”, quando, na verdade, é uma doença séria e que merece atenção.

 

O que diferencia as pessoas com uma perturbação bipolar é que estas oscilações são mais intensas, duram mais tempo e são capazes de afetar padrões de sono e energia. Assim como desestabilizar a estrutura familiar e as diversas relações interpessoais. Além disso, enquanto a maior parte das pessoas têm mudanças no humor devido a alguns acontecimentos que ocorreram nas suas vidas, as oscilações das pessoas com depressão bipolar ocorrem sem motivo aparente.

 

Estudos recentes salientam que 60% dos casos de depressão bipolar manifestam-se na adolescência, mas só são diagnosticados na idade adulta. Como, geralmente, essas pessoas têm rotinas desorganizadas e a doença é detetada tardiamente, muitas vezes, desenvolvem problemas cardiovasculares. Como colesterol e triglicerídeos, diabetes tipo 2, abuso de álcool e drogas (de 40% a 60% dos casos) e a taxa de suicídios varia entre o 5% e os 15%, nestes casos.

 

Para a maior parte dos investigadores a perturbação bipolar é a segunda causa de incapacidade para o trabalho entre as doenças mentais, atrás apenas da depressão.

 

Perturbação Bipolar

 

Tipos de Perturbação Bipolar

Existem diferentes tipos de depressão bipolar, dependentes da gravidade dos sintomas e da sua duração. Tradicionalmente distinguem-se, principalmente, três tipos:

Depressão Bipolar tipo I

Quando os doentes apresentam pelo menos um episódio de mania e este episódio dura pelo menos uma semana. Também podem apresentar episódios depressivos, com duração de pelo menos duas semanas. Esta é a forma mais grave de Perturbação Bipolar.
A média de idade de início do primeiro episódio maníaco, hipomaníaco ou depressivo maior é de cerca de 18 anos.

 

Depressão Bipolar tipo 2

Quando os doentes têm, essencialmente, episódios de depressão e apenas períodos ocasionais de euforia (hipomania). Nestes casos, os períodos de euforia não tem a gravidade que tem nos doentes com Perturbação Bipolar tipo I, não configurando episódios de mania.
Embora o transtorno bipolar tipo II possa começar no fim da adolescência e durante a fase adulta, a idade média de início situa-se por volta dos 25 anos.

 

Depressão Bipolar Ciclotimia

O diagnóstico de ciclotimia é feito em adultos que têm pelo menos dois anos de períodos hipomaníacos e depressivos. Sem jamais atender aos critérios para um episódio de mania, hipomania ou depressão maior.

O transtorno ciclotímico tem como caraterística essencial a cronicidade e a oscilação do humor, envolvendo vários períodos de sintomas hipomaníacos e períodos de sintomas depressivos.

O transtorno ciclotímico costuma ter início na adolescência ou no início da vida adulta.

 


Perturbação Bipolar não especificada

São os casos nos quais os sintomas não se encaixam nos critérios de nenhum dos outros tipos. Porque não duram o tempo suficiente, ou há poucos sintomas para se ter certeza do diagnóstico. Podem existir episódios hipomaníacos de curta duração (menos de 4 dias), ciclos rápidos — quando as oscilações ocorrem em menos de uma semana —, recorrência de estados mistos atípicos, entre outros.

 

Fases da Perturbação Bipolar

Ainda existe a crença de que a depressão bipolar envolve apenas períodos de extrema alegria, seguidos por muita tristeza. Porém, a verdade é que os episódios dentro do espectro podem apresentar caraterísticas não tão simples de identificar:

Mania

A mania (euforia) é uma das fases da perturbação bipolar e carateriza-se por um estado de exaltação do humor. Com aumento de energia, sem qualquer relação com o momento que a pessoa está a viver, ou seja não está alegre por um motivo especial, mas apresenta humor eufórico, irritável ou arrogante. Em geral, a mudança do comportamento na euforia é súbita, mas a pessoa não percebe a sua alteração ou a atribui a algum fator do momento. O senso crítico e a capacidade de avaliação objetiva das situações ficam prejudicados ou ausentes, com explosões de raiva e fúria.

 

Hipomania

Uma outra fase que uma pessoa com depressão bipolar pode experimentar é a chamada hipomania. Que é um estado de mania mais leve e que traz menos prejuízo. Geralmente, na hipomania há um funcionamento acelerado, porém produtivo para o paciente. Muitos não identificam que estão numa fase hipomaníaca, o que é importantíssimo, porque muitos pacientes, quando estão entram em hipomania (podendo evoluir para a mania ou não) são resistentes ao tratamento e muitas vezes param com a medicação, o que se torna um grande problema para estabilizar a doença.

 

Depressão

Os sintomas apresentados na fase de depressão dentro da perturbação bipolar são os mesmos de um episódio depressivo. Ou seja um estado de tristeza e desespero enorme.

 

 Quais são os sintomas da Depressão Bipolar?

Os sintomas da perturbação bipolar variam consoante a fase em que está e estão concentrados nos episódios de mania e depressão. Estes episódios não tocam, apenas, com a parte emocional, mas, também, alteram os padrões de sono, da energia e a disposição geral das pessoas.

Mania

    Depressão

– Irritabilidade extrema: a pessoa torna-se exigente e zanga-se quando os outros não acatam os seus desejos e vontades;

– Alterações emocionais súbitas e imprevisíveis, os pensamentos aceleram-se, a fala é muito rápida, com mudanças frequentes de assunto;

– Reação excessiva a estímulos, interpretação errada de acontecimentos, irritação com pequenas coisas, levando a mal comentários banais;

– Aumento de interesse em diversas atividades, despesas excessivas, dívidas e ofertas exageradas;

– Grandiosidade, aumento do amor-próprio. A pessoa, pode sentir-se melhor e mais poderosa do que toda gente;

– Energia excessiva, possibilitando uma hiperatividade ininterrupta;

– Diminuição da necessidade de dormir (dorme pouco e sente-se muito elétrico, sem necessidade de descansar);

– Aumento da vontade sexual, comportamento desinibido com escolhas inadequadas;

– Incapacidade em reconhecer a doença, tendência a recusar o tratamento e a culpar os outros pelo que corre mal;

– Perda da noção da realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes»;

– Abuso de álcool e de substâncias.

– Preocupação com fracassos ou incapacidades e perda da auto-estima. Pode ficar-se obcecado com pensamentos negativos, sem conseguir afastá-los;

– Sentimentos de inutilidade, desespero e culpa excessiva;

– Pensamento lento, esquecimentos, dificuldade de concentração e em tomar decisões;

– Perda de interesse pelo trabalho, pelos hobbies e pelas pessoas, incluindo os familiares e amigos;

– Preocupação excessiva com queixas físicas, como por exemplo a obstipação;

– Agitação, inquietação, sem conseguir estar sossegado ou perda de energia, cansaço, inação total;

– Alterações do apetite e do peso;

– Alterações do sono: insónia ou sono a mais;

– Diminuição do desejo sexual;

– Choro fácil ou vontade de chorar sem ser capaz;

– Ideias de morte e de suicídio; tentativas de suicídio;

– Uso excessivo de bebidas alcoólicas ou de outras substâncias;

– Perda da noção de realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes» com conteúdo negativo e depreciativo;

 

 

Episódios atípicos ou mistos

Há também a possibilidade de que o paciente tenha sentimentos caraterísticos da mania e da depressão ao mesmo tempo. Pode se sentir mal, sem esperanças, ao mesmo tempo em que se sente com energia e disposto a continuar realizando diversas atividades. Muitas vezes, as próprias pessoas com perturbação bipolar não percebem as mudanças no humor, e podem sentir como se estivesse tudo bem. No entanto, os amigos, familiares e colegas de trabalho podem perceber as alterações no humor e na maneira de realizar as atividades. Isso é importante pois eles podem ser os primeiros a desconfiar que há algo de errado com a pessoa, o que auxilia no diagnóstico.

 

 

Depressão Bipolar em crianças e adolescentes

Em crianças e adolescentes com perturbação bipolar, os sintomas e os episódios podem manifestar-se de maneiras diferentes.

Mania

 Depressão

– Sentir-se muito feliz e alegre, fazer disparates e brincadeiras que não costumam fazer ou que as outras crianças e adolescentes não fazem;

– Ter temperamento explosivo;

– Falar muito rápido sobre muitas coisas;

– Ter problemas para dormir, mas não sentir cansaço;

– Ter problemas em se concentrar;

– Fazer coisas arriscadas;

– No caso dos adolescentes, podem falar e pensar em sexo com mais frequência.

– Sentir-se triste sem motivos;

– Reclamar de dores com frequência, como, por exemplo, dores de cabeça ou de estômago;

– Dormir muito ou pouco;

– Sentir culpa ou sentir como se não valessem nada;

– Comer demais ou pouco;

– Ter pouca energia e perder o interesse em atividades divertidas;

– No caso dos adolescentes, pode haver pensamentos sobre a morte e suicídio.

 

 

As crianças e os adolescentes com perturbação bipolar podem ter comportamentos agressivos quando lhes é negado o que pretendem. Bem como podem ter problemas na escola como resultados negativos, suspensões por lutas, excesso de faltas, para além de se envolverem em comportamentos aditivos (drogas) e apresentar intenções suicidas.

 

É de extrema importância que os pais estejam atentos a esses comportamentos, para que a criança ou adolescente seja diagnosticada e tratada o mais rápido possível, evitando pioras no desenvolvimento da doença.

 

Quais são os fatores de risco da Perturbação Bipolar?

 

Ainda não são totalmente compreendidos os mecanismos cerebrais que determinam o aparecimento da depressão bipolar. Os cientistas têm desenvolvido estudos para perceber qual o tipo de alteração que se verifica na transmissão de informação entre as células do cérebro, mas até à data ainda não há uma resposta definitiva e consensual.

A ciência acredita que diversos fatores possam estar envolvidos nas oscilações de humor provocadas pela doença, como:

– Genética e história familiar

As pessoas que têm familiares com histórico de depressão bipolar são mais suscetíveis à doença. O que leva muitos cientistas a acreditarem que a genética está envolvida nas causas da doença. Não há diferenças de prevalência entre os sexos; o que existe é um maior diagnóstico entre o sexo feminino, possivelmente, porque as mulheres cuidam mais da saúde que os homens. A deteção, também, é geralmente feita nos estados depressivos, pois os pacientes eufóricos tendem a achar que estão bem, felizes e não precisam de ajuda.

 

 

– Estrutura e funcionamento cerebral

Há estudos que salientam que o problema não ocorre por falta de serotonina (hormona do prazer), mas por uma desregulação dos mecanismos dos neurotransmissores (substâncias que fazem a comunicação entre os neurónios) em diversas áreas do sistema nervoso central. Estes estudos revelam que os cérebros dos pacientes com depressão bipolar possuem algumas alterações quando comparados com os cérebros das pessoas saudáveis ou com outras perturbações psiquiátricos. As diferenças podem ser tanto físicas quanto químicas, relacionadas com os neurotransmissores.

 

cérebros dos pacientes com depressão bipolar

 

– Fatores ambientais

Outras causas que estão relacionadas com o desenvolvimento da perturbação bipolar são os fatores ambientais e as experiências traumáticas. Nos ambientes carregados de conflitos e situações que podem gerar traumas, as emoções e pensamentos facilmente tornam-se confusas, o que pode ajudar no aparecimento da perturbação bipolar. Até uma vida desorganizada, sem horários certos para comer ou dormir, podem favorecer o desenvolvimento de uma depressão bipolar ou novas crises.

 

 

Abuso de substâncias

A utilização de substâncias como álcool, tabaco e outras drogas ilícitas pode causar confusão mental e desencadear diversos comportamentos e sentimentos caraterísticos da perturbação bipolar. Enquanto o uso em si não é capaz de causar a doença, certamente ajuda a torná-la mais evidente em quem já tem predisposição para desenvolvê-la.

 

 

Como se faz o diagnóstico da Perturbação Bipolar

Para um diagnóstico correto da depressão bipolar, é preciso que seja feito por um profissional da saúde mental (psicólogo ou psiquiatra). Que pode requisitar exames para descartar a possibilidade de outras doenças que podem ter sintomas parecidos.

 

O psicólogo ou psiquiatra faz uma anamnese da história de vida da pessoa, uma vez que os tipos de perturbação bipolar podem ser facilmente confundidos com outras doenças caso não haja uma análise dos episódios anteriores.

 

Às vezes, uma pessoa com depressão bipolar com episódios graves de mania ou depressão também tem sintomas psicóticos, tais como alucinações ou delírios. Os sintomas psicóticos tendem a corresponder ao humor extremo da pessoa.

 

Por exemplo:

Alguém com sintomas psicóticos durante um episódio maníaco pode acreditar que é famosa, tem muito dinheiro ou tem poderes especiais, o que faz com que possam ser perigosos, agressivos e muito violentos.

 

 

Alguém que tenha sintomas psicóticos durante um episódio depressivo pode acreditar que está arruinado e dinheiro, ou que cometeu um crime.
Como resultado, as pessoas com depressão bipolar que também têm sintomas psicóticos são, por vezes erroneamente diagnosticados com esquizofrenia.

 

Há que salientar que a maior parte dos pacientes que sofrem de perturbação bipolar só procuram ajuda quando estão num episódio depressivo e não quando têm episódios de mania ou hipomania. Ao contrário das pessoas com perturbação bipolar, as pessoas que têm apenas depressão (também chamada de depressão unipolar) não têm episódios de mania. Assim o psiquiatra ou psicólogo para poder fazer um diagnóstico o mais fidedigno possível deve verificar a presença de episódios maníacos e depressivos. Os critérios para identificar esses episódios estão presentes no Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais — 5ª edição (DSM-5).

 

 

A Perturbação Bipolar e possíveis comorbilidades

 

Existem diversas doenças que podem aparecer juntamente com a perturbação bipolar. Inclusive algumas que podem sobrepor os sintomas e atrapalhar o tratamento da depressão bipolar. Por isso, é importante que essas comorbilidades sejam tratadas também.

 

Entre 30% a 70% dos casos de doentes com perturbação bipolar, têm comorbilidades com outras perturbações mentais. Como fobias, perturbação de pânico, perturbação obsessivo-compulsivo (POC), perturbação de personalidade e perturbação de hiperatividade com défice de atenção.

 

A Depressão Bipolar tem tratamento

Atualmente não existe uma cura para a depressão bipolar. Todavia, a doença pode ser controlada através de tratamento adequado. Por ser uma doença causada por fatores biopsicossociais, o tratamento, geralmente, é feito através de medicamentos e psicoterapia. É de extrema importância que o paciente com perturbação bipolar esteja inserido num ambiente saudável, com pessoas que o apoiam e tentam ajudar.

 

Depressão bipolar tratamento

 

Tratamento Medicamentoso

 

Os medicamentos devem ser prescritos por um profissional da saúde mental e sendo uma doença que dura a vida inteira, podendo ser invisível (hibernar) durante alguns meses ou anos, há o risco de que pacientes que se sintam bem e acreditem estarem curados e, por isso, pararem de tomar os medicamentos sem que o médico tenha conhecimento. É preciso que o profissional explique que a perturbação bipolar é uma doença crónica e que o tratamento é para a vida toda. Podendo sofrer alterações e ajustes de acordo com as necessidades do paciente.

 

Antes da prescrição, o médico precisa de saber todos os medicamentos que o paciente com perturbação bipolar está a tomar. Mesmo que não sejam relacionados com a saúde mental, incluindo medicamentos sem prescrição, suplementos naturais e terapias alternativas, porque alguns medicamentos e ativos podem interagir com outros, anulando os efeitos ou potencializando efeitos colaterais perigosos.

 

O tratamento medicamentoso é geralmente feito com:

 

depressão bipolar cura medicamentos

 

Estabilizadores de humor

Os estabilizadores de humor podem ser facilmente apontados como os medicamentos mais importantes no tratamento da perturbação bipolar. Pois são os que auxiliam no controle das oscilações de humor, evitando episódios maníacos ou depressivos. Alguns medicamentos a serem usados como estabilizadores são o carbonato de lítio;, a carbamazepina; o oxcarbazepina; o valproato de sódio.

 

Antidepressivos

Os antidepressivos são, em geral, prescritos durante episódios depressivos. Devem ser usados em conjunto com os estabilizadores de humor, para evitar o desencadeamento de episódios maníacos. Alguns antidepressivos usados são o citalopram; a fluvoxamina; a reboxetina; o cloridrato de imipramina; o cloridrato de amitriptilina; o cloridrato de sertralina; o cloridrato de fluoxetina;, entre outros.

 

Antipsicóticos

Os antipsicóticos são usados por ter efeito antimaníaco e antipsicótico. Ou seja, auxiliam no controle de sintomas como alucinações e delírios. Alguns antipsicóticos usados são o haloperidol, a risperidona, a olanzapina, a tioridazina, a clozapina, o tiotixeno.

 

Tranquilizantes

Os tranquilizantes devem ser usados apenas durante crises, enquanto os estabilizadores de humor ainda não fizerem efeito. Alguns exemplos são o diazepam, o bromazepam, o clonazepam, o lorazepam.

 

 

Os medicamentos prescritos dependem muito do estado do paciente com perturbação bipolar. O mais comum é começar com estabilizadores de humor, para evitar as oscilações. Se necessário, pode haver a prescrição de antidepressivos algumas semanas após o estabilizador de humor. Em geral, não é comum que seja prescrito um antidepressivo sem o estabilizador. Pois o seu uso exclusivo poderia desencadear um episódio de mania.

 

O efeito dos medicamentos só é sentido a partir de 2 semanas de uso. Podendo estender-se para 4 semanas caso ainda não haja resultados significativos. Após a estabilização (melhora completa) do paciente, é preciso ajustar o tratamento para a fase de manutenção. Neste caso, é possível que haja diminuição das doses ou até mesmo troca completa de medicamento. É preciso que o paciente com perturbação bipolar continue a tomar o que é prescrito. Pois apesar de se sentir bem, a doença está apenas controlada, não totalmente curada.

 

 

Psicoterapia

A psicoterapia é essencial para que o paciente com perturbação bipolar melhore e controle a doença. Uma vez que a exposição aos sentimentos e dificuldades provocados pela doença podem desestabilizar, ainda mais, o paciente. Nesses casos, a psicoterapia ajuda o paciente a manter-se forte, a lidar com eventuais recaídas e também a fazer com que não desista do tratamento. Existem diversas psicoterapias que podem ajudar, algumas delas são:

 

Terapia cognitivo comportamental

Este tipo de terapia foca em encontrar as crenças e padrões de pensamento que não são saudáveis e prejudicam o paciente com perturbação bipolar. E substituí-los por crenças e pensamentos positivos. Desta maneira, ajuda o paciente a compreender fatores que desencadeiam episódios. Assim como ensina a lidar melhor com a ansiedade e com as situações que podem provocar emoções intensas.

 

Terapia Psicoeducativa

O objetivo desta terapia é fazer do paciente com perturbação bipolar um colaborador ativo. Aliado dos profissionais de saúde envolvidos e, consequentemente, tornar o procedimento terapêutico mais efetivo. Tudo deve ser abertamente discutido. Esta terapia permite implementar, no paciente, familiares e profissionais, recursos para lidar com a doença. Através do compartilhamento bidirecional de informações relevantes.

 

Outras terapias

Existem outras terapias que podem funcionar em paralelo com as anteriores e que tanto o paciente com perturbação bipolar. Como os familiares e amigos podem beneficiar. Por exemplo a terapia familiar e a terapia de casal. É importante que as pessoas próximas do paciente com perturbação bipolar estejam cientes da doença, compreendam como funciona e sejam tratados também, pois as emoções e oscilações de humor das pessoas com perturbação bipolar podem prejudicar também as relações interpessoais.

 

Existem outro tipo de terapias, como a eletroconvulsoterapia (ECT), que é usada em casos extremos. A eletroconvulsoterapia é um dos tratamentos mais eficazes nos episódios de mania ou depressão muito severos. Auxilia na prevenção da exaustão, em pacientes com mania, ou do suicídio em pacientes depressivos. Raramente usada, esse tipo de terapia pode servir como último recurso quando os medicamentos não fazem efeito, ou quando há excesso de efeitos colaterais.

 

Esta terapia consiste na passagem de corrente elétrica de alta voltagem sobre a região temporal. O que provoca uma convulsão que dura alguns segundos, enquanto o paciente com perturbação bipolar está anestesiado. As sessões são realizadas enquanto o paciente está sedado e tem duração entre 5 e 10 minutos. O paciente não sente qualquer desconforto ou dor e tem alta no mesmo dia.

 

Existe, ainda, a estimulação magnética transcraniana (EMT). A EMT é uma técnica que usa impulsos magnéticos para estimular as células do cérebro que estão envolvidas no controle e regulação das emoções e do humor, podendo auxiliar na depressão. Trata-se de uma técnica segura e não invasiva que tem duração de cerca de 6 semanas, com 5 sessões por semana.

 

Quem tem Perturbação Bipolar precisa de todos

 

Cuidar de alguém com uma depressão bipolar pode ser muito stressante e ter um impacto, significativo, na vida do cuidador. Contudo, inicialmente, há que se lidar com a problemática da aceitação da existência da perturbação bipolar que tanto para o paciente quanto para a família tende a ser encarado como muitas coisas, exceto como uma doença que demanda cuidados onerosos sob múltiplos aspetos.

 

A negação do problema é frequente e um entrave ao tratamento. Além do mais, os familiares e amigos precisam de estar cientes da existência da perturbação bipolar, mas é preciso compreender do modo mais amplo possível as suas caraterísticas e assumir uma postura de co-responsável pelo tratamento, participando ativamente no estabelecimento de medidas protetoras.

 

Por isso considera-se que quem convive com uma pessoa com depressão bipolar tem de cuidar de si também. Tem de ter alguém com quem possa conversar sobre os seus sentimentos, as suas angústias e os seus receios.

 

É importante que a família e as pessoas próximas saibam que, muitas vezes, a doença fala mais alto do que a vontade da pessoa com transtorno bipolar. Sendo necessário muita compreensão e paciência durante as crises. É importante que as pessoas entendam que os sintomas são a doença e não caraterísticas da pessoa em si. Pois isso alivia os sentimentos de culpa da pessoa com perturbação bipolar.

 

Quando o paciente com transtorno bipolar está na fase da mania, pode alegar que os familiares estão contra ele e começar a recusar tomar medicação e/ou fazer terapia. Pelo que nestas fases, é importante apontar os sintomas de maneira compreensiva, sem julgar, para que o paciente entenda o que está a acontecer.

 

Quando o paciente com depressão bipolar estiver numa fase depressiva, os familiares e amigos devem prestar atenção às ideações suicidas. Especialmente se o paciente fala abertamente sobre isso. É importante não deixar o paciente sozinho. Assim como tirar do seu alcance os objetos e os utensílios que ele possa usar para se mutilar.

 

É importante, igualmente, que a família e os amigos não exijam demais do paciente com perturbação bipolar, mas, também, que não o protejam em demasia. O primeiro pode causar muito stress e desencadear um episódio, enquanto o segundo pode fazer com que o paciente se acomode e não tente sair da sua “zona de conforto”, evitando lutar contra a doença.

 

Todos têm que perceber que a diminuição da auto-estima inerente à troca do status de pessoa saudável pelo de portadora de uma doença crônica. Como é o caso da perturbação bipolar, bem como os receios ligados à perda de controle de si próprio, alteram dramaticamente o modo de relação do paciente com o mundo e consigo mesmo.

 

Por isso considera-se fundamental que o paciente com transtorno bipolar aproveite os períodos em que se sente bem para se conhecer melhor. Descobrir como, normalmente, sente a tristeza e a alegria, observar a sua disposição e comportamentos normais. Uma vez que isso ajuda muito na hora de identificar uma nova crise.

 

Possíveis Complicações no tratamento da Perturbação Bipolar

 

As maiores complicações relacionadas com a depressão bipolar são:

  • A descontinuação do tratamento;
  • O abuso de substâncias e;
  • Pensamentos de automutilação e suicídio.

 

O paciente com perturbação bipolar deve ser, constantemente, lembrado que o tratamento é o que faz sentir-se bem. E, caso resolva parar, os sintomas podem voltar repentinamente.

 

Embora o abuso de substâncias possa ser um fator desencadeador da perturbação bipolar, pode, também, ser uma consequência. Já que várias vezes, para escapar à dor emocional, o paciente com transtorno bipolar desenvolve comportamentos aditivos com álcool ou drogas ilícitas. Torna-se num ciclo vicioso, já que o uso piora a doença e a doença pode aumentar o uso.

 

Dos vários estudos realizados até ao momento realça-se que o suicídio é a causa mais frequente de morte entre os jovens com perturbação bipolar. As estimativas são de que 50% dos portadores de transtorno bipolar tentam o suicídio pelo menos uma vez na vida, enquanto 15% realmente o cometem.

 

Outra das complicações mais comuns em pacientes com perturbação bipolar tem a ver com o desenvolvimento de comportamentos sexuais de risco durante os episódios de mania. O que pode levar a uma gravidez indesejada ou transmissão de doenças sexualmente transmissíveis.

 

Famosos com Depressão Bipolar

Existem e sempre existiram muitas pessoas dos mais variados quadrantes que sofrem de perturbação bipolar.

 

famosos com depressão bipolar

 

Muitos artistas já vieram a público confirmar que tem uma depressão bipolar. É o caso dos atores de Hollywood como a

  • Catherine Zeta-Jones;
  • Ben Stiller;
  • Jim Carrey;
  • Jean-Claude Van Damme;
  • Britney Spears;
  • Entre outros.

 

No Brasil, também a cantora Rita Lee, a atriz Cássia Kiss, o ator Maurício Mattar, entre outros falaram publicamente sobre a sua doença. A lista é imensa e comporta nomes sonantes das mais variadas áreas artísticas.

 

 

 

 

Considero que muito importante que se fale abertamente sobre a perturbação bipolar como uma doença.

 

Sem géneros, idade ou estrato social. Por isso o facto de vários artistas falarem abertamente sobre a perturbação bipolar ajuda a diminuir o preconceito. Pois, se alguém muito conhecido admite que tem o problema, as outras pessoas que sofrem da mesma doença acabam por se identificar e perceber que não são os únicos.

 

 

A noção de doença mental na opinião pública é, muitas, confusa e pouco correta. Verificando-se uma tendência para considerar negativamente as pessoas que sofrem de doenças mentais e é frequente a ideia de que são doenças qualitativamente diferentes das outras.

 

A verdade é que as doenças do foro mental devem ser vistas tal como qualquer outra doença. Se não há vergonha em se verbalizar que se tem diabetes, porque teremos vergonha em afirmar que temos uma perturbação bipolar?

 

Todas as doenças devem ser encaradas da mesma forma, em que o mental e o “físico” pertencem ao todo. Ou seja, ao mesmo corpo e que necessitam de diagnóstico e tratamento adequado.

 

 

 

Se precisar de ajuda ou tenha alguma questão, entre em contacto no link em baixo.

 

Patrícia Oliveira – Psicóloga WeCareOn