Este guia tem como objetivo, dar a conhecer as perturbações de ansiedade e oferecer um leque variado de ferramentas, que se podem usar no combate da ansiedade patológica. Esta é a Parte I, mais teórica. Pode ver aqui a Parte II, mais prática.

As perturbações de ansiedade estão, de acordo com os mais recentes estudos nacionais, com um predomínio superior às perturbações de humor, como a depressão major. Contudo, apesar de não serem tão incapacitantes quanto a depressão, elas assumem-se como muito prejudiciais ao ser humano. Debilitando de forma muito severa a vida pessoal, a saúde, o trabalho e as relações sociais.

A nível Europeu, Portugal é o país número 1, na prevalência das perturbações de ansiedade. E é a par com a Republica da Irlanda, o número 3, a nível mundial, na prevalência de perturbações psiquiátricas em geral.

Estes dados são alarmantes, não só pela sua prevalência, mas também porque o acesso, da população em geral, aos cuidados de saúde mental por especialistas, foi verificado como insuficiente. Apenas 3% da população acede a especialistas como psicólogos/psicoterapeutas ou psiquiatras.

Torna-se assim, importante e urgente que as pessoas, possam ter mais informações sobre o diagnóstico, prevenção e formas de tratamento da ansiedade enquanto perturbação. Neste sentido este guia, pretende ser uma ajuda, mas não um substituto, à consulta por profissionais.

Este guia, está dividido em duas partes.

A primeira parte, é de âmbito teórico, explica as evidências estatísticas na saúde mental e explora todos os processos internos e externos, relacionados com ansiedade enquanto doença. A segunda parte, é prática, nela são apresentadas as estratégias úteis à prevenção, à promoção da saúde e ao tratamento da ansiedade patológica.

 

Desejo que este guia seja uma mais valia para Si ou para alguém significativo na sua vida. Boa leitura!

 

Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar”.

Dalai Lama

 

 

O que vou encontrar neste artigo?

 

  • As estatísticas
  • Compreender a Ansiedade:
  • – O que é a ansiedade
  • – Medo, Ansiedade e Stress
  • – Emoções, Ansiedade e o seu Impacto
  • As Perturbações da Ansiedade
  • – Concepções atuais no Diagnóstico
  • – Perturbações de Ansiedade e Diagnóstico

 

 

Parte I – Compreender a Ansiedade

 

As Estatísticas

Antes de se conhecer melhor a Ansiedade, é importante se estar atualizado quanto às mais recentes estatísticas sobre a saúde mental no mundo e em particular em Portugal. Neste sentido, foram reunidas algumas informações bastante relevantes que se passa a divulgar.

O primeiro estudo epidemiológico nacional de perturbações mentais (EENPM 2013) integrou-se no World Mental Health Initiative, uma atividade da Organização Mundial de Saúde (OMS). E revelou que na prevalência anual, Portugal apresentou a terceira maior taxa de perturbações do foro psiquiátrico (ver fig. 1). Portugal foi o país com valor mais expressivo nas perturbações de ansiedade (17%). Com especial destaque para as fobias (social e específicas). Quanto à depressão, esta continua a ser a Perturbação com maior gravidade e incapacidade (Portugal Saúde Mental em Números, 2015).

percentagem de ansiedade em portugal

Em 2015, no último Programa Nacional para a Saúde Mental na investigação entre 2011 e 2014 é indicado que o registo de utentes com perturbações mentais nos Cuidados de Saúde Primários tem vindo a aumentar (ver fig. 2). Geograficamente, o Alentejo, destaca-se com os valores mais elevados nas perturbações de ansiedade e demências. As perturbações depressivas, encontram os seus valores aumentados na região Centro. Para o suicídio, a tendência continua a crescer desde 2010. Se se considerar a perspetiva internacional de que 20% das mortes registadas como causa indeterminada são suicídios, Portugal ficaria em alerta vermelho.

percentagem de perturbações mentais

Apesar de não serem tão graves e incapacitantes quanto as Perturbações depressivas, as perturbações de Ansiedade, são mais elevadas em termos de prevalência. Importa assim, perceber quantas são as perturbações de ansiedade que existem e a sua percentagem (ver fig. 3). Do relatório de 2013 para o último de 2015, o destaque continua a colocar no pódio as Fobias.

perturbações da ansiedade

 

Sabia que?

Dados, curiosidades, estatísticas sobre ansiedade

 

 

Compreender a Ansiedade

 

O que é a Ansiedade?

Quando se fala em ansiedade, um dos aspetos mais importantes a ter eAnsiedade de ultimo diam conta é a diferenciação da ansiedade normal e da ansiedade patológica. Sentir nervosismo, medo ou até pânico em situações stressantes é normal e adequado. A ansiedade acompanha-nos de forma positiva face às exigências do nosso crescimento, identidade e sentido de vida. Exemplos disso podem ser, a separação de um bebé dos pais, o primeiro emprego; o diagnóstico de uma doença; a contemplação de uma velhice e morte esperadas ou até um divórcio.

No entanto, quando as reações de ansiedade, ocorrem com elevada frequência e intensidade em situações e atividades e perturbam a vida pessoal, familiar, ocupacional e social, são consideradas patológicas. Existem várias perturbações de ansiedade as mais comuns são, a ansiedade generalizada, a perturbação de pânico e as fobias. Estas últimas têm uma elevada prevalência em Portugal.

Na maioria dos casos não há causa conhecida, mas algumas caraterísticas podem justificar o aparecimento das perturbações da ansiedade. Como por exemplo, uma disfunção da tiróide, o abuso de substâncias, acontecimentos traumáticos, a existência de casos de perturbações de ansiedade na família direta ou problemas com os neurotransmissores.

Apesar da causa, sabe-se que há uma perturbação no controlo normal da reação corporal ao medo/stress (e à reação de luta ou fuga). Mesmo quando o stress diminui, a reação de luta ou fuga mantém-se ativada ou exageradamente sensível, produzindo efeitos no corpo de forma continuada.

Para que se possa perceber se se está perante uma ansiedade patológica, é importante existir uma avaliação técnica, completa e individualizada por especialistas em saúde mental. Nela são efetuadas análises, observáveis, qualitativas e quantitativas, do estado interno, do comportamento e da capacidade de funcionamento da pessoa. Dada a comorbilidade frequente com outras patologias que podem ocorrem em simultâneo. Como por exemplo, as depressões, é importante também o diagnóstico diferencial.

De seguida, encontra-se explicado, o significado de várias palavras que normalmente são usadas e relacionadas com esta perturbação. Nomeadamente, ansiedade, stress e medo.

relação entre medo e ansiedade

Medo, Ansiedade e Stress

 

ansiedade, medo e stressA  ansiedade é uma resposta emocional secundária que provem da emoção primária de medo. Ambas são sinais de alerta que servem para avisar da aproximação de um perigo iminente (real ou imaginário) (à integridade física, pessoal ou moral) e da necessidade da tomada de medidas de enfrentamento (ver fig. 5 e 6) (Fonte: Compêndio de Psiquiatria).

A ansiedade é assim, a expectativa de um perigo que se revela indeterminado e impreciso, diante do qual a pessoa se julga indefesa (Gouveia, 2000 cit in Marante Vaz, 2009).

O stress é uma resposta psicofisiológica que depende da interpretação cognitiva pessoal do ambiente externo que é sentido como tenso ou com pressão.

o impacto do stress, dano e ameaça

 

Avaliação de maior ou menor stress, é feita pela análise das situações indutoras de stress (ameaça, dano e desafio), o seu impacto e a sua repetição (ver fig. 7). Nesta avaliação é tido em conta, a interferência no bem-estar e a capacidade de recursos para lidar com a situação.

Cognitivamente, são desencadeados também mecanismos de coping (de superação ou resolução) para enfrentar as situações ameaçadoras (Gonçalves, 2013 cit in Castiajo, 2016). Sendo que, quando existe maior apoio social e identidade com o grupo de apoio (da família, amigos, colegas, etc), a superação é francamente mais positiva, havendo um abrandamento dos níveis de stress (Haslam & Van Dick 2010 cit in Castiajo, 2016) (ver fig. 8).

processo cognitivo do stress

Apesar de tudo, o stress pode ser muito positivo e ajudar, na tomada de decisões, na resolução de problemas, e na melhoria de desempenho e aptidões.

De seguida, é evidenciado em detalhe, onde são formadas as emoções, como a ansiedade, e o seu impacto.

 

Emoções, Ansiedade e o seu Impacto

emoções e ansiedade

Perante uma situação de stress, observa-se um processo da ativação geral. Desde o cérebro, o pensamento, as emoções, o corpo, até ao comportamento. Todavia é no cérebro e em particular no sistema límbico que as emoções, como a ansiedade são criadas.

As emoções podem parecer sentimentos conscientes, mas de fato são produtos internos. Reações fisiológicas/viscerais a estímulos, concebidas para afastar do perigo e aproximar da recompensa. Elas estão em constante ativação sem que as pessoas se apercebam disso (Fonte: Cérebro e Mente – Psiquiatria Geral).

 

emoções principais e secundarias na ansiedade

As emoções primárias, são assim, inconscientes e inatas (como se estivessem programadas (desde a origem da nossa espécie) para instruir para uma resposta específica). Neste estado, não sofrem, a influência do cérebro racional.

Já as emoções secundárias, são o produto entre as emoções primárias inatas e a interpretação, pela aprendizagem e memória, que o cérebro racional/consciente faz, das respostas dadas ao longo do tempo. Elas ocorrem quando se começam a ter sentimentos e a formar ligações sistemáticas entre situações e as emoções primárias.

O sistema límbico, através das emoções secundárias, desencadeia respostas, envia e recebe sinais, comunicando de forma integrada com o cérebro racional. É esta interligação entre a emoção e a razão que permite a tomadas de decisões. E, estas decisões, são afetadas pelo estadointeligência emocional na ansiedade emocional da pessoa, isto é, pelos sentimentos positivos ou negativos (ver fig. 10). Dada a importância das emoções, considera-se que o de Quoeficiente de Inteligência Emocional (QE) seja mais importante que o de inteligência (ver fig. 11). Os sentimentos são importantes para o pensamento e o contrário também. Mas na presença de emoções fortes, a mente emocional assume predomínio. Reduzindo a preponderância da mente racional (Goleman cit in Guerra, 2001).

 

 

Neste sentido, segue-se o impacto que a ansiedade exerce sobre as emoções/cérebro, o corpo, o pensamento e o comportamento.

 

 

Impacto sobre o Cérebro e o Corpo:

influência dos neurotransmissores na ansiedade

As emoções/sentimentos positivos, como o amor, a alegria, a felicidade e o carinho promovem entusiasmo, raciocínio e análise clara, há uma sensação de capacidade e flexibilidade e o corpo funciona bem e está em equilíbrio.

Pelo contrário, quando o estado emocional é negativo, com emoções como a cólera, o ódio ou o medo, a sensação existente, é de que algo está mal, em desequilíbrio e em conflito. A emoção pode bloquear a razão.

O sistema límbico, responde com uma alteração química bloqueando em parte uma eficaz comunicação com o cérebro racional (Guerra, 2001) (ver fig. 12 e 15).

Vicio do jogo

Mas, as emoções positivas, também podem influenciar, negativamente o comportamento causando dependência e vício. É o caso das adições. A influência é feita pela dopamina, segregada pela amígdala. Esta atua diretamente sobre o desejo, antecipação pela procura de prazer, e pela expectativa de haver recompensa. No caso das drogas, elas ativam o sistema de recompensa da dopamina, dando prazer. Com o uso prolongado, provocam dependência e dificuldades na abstinência. Pois como são químicos artificiais, suprimem o circuito da recompensa, exigindo um aumento das quantidades para se produzirem os mesmos efeitos. No caso dos jogos de azar, a influencia da dopamina é feita pela promoção da atenção, que fica mais ativada pela antecipação/expetativa de se conseguir ganhar (recompensa) (ver fig. 13).Stress gera emoções negativas e positivas

As emoções refletem a forma como se avalia o que está a acontecer e determinam o comportamento imediato. Por exemplo, se se pensar que não se tem controlo sobre determinada situação, sente-se ansiedade e a tendência é para fugir ou evitar a situação. As emoções do stress correspondem normalmente a emoções negativas. Contudo, também, podem surgir emoções positivas. Por exemplo, quando uma situação de stress termina (o alívio) ou quando se pensa que ainda pode acontecer algo de bom (a esperança) (ver fig. 14) (Vaz Serra, 2002).

Produção do cortisol na resposta ao stress

Quando há stress, a amígdala é superativada (ela é sensível à resposta de medo) e passa a resposta de stress ao hipocampo, que vê a sua atividade diminuída (inibe a produção de CRH – hormona corticotrofina, que faz aumentar a ACTH).  Ambas estas estruturas controlam o eixo HPA (hipotálamo-hipófise-suprarrenal). Quando este eixo é ativado, o hipotálamo comunica com a hipófise que liberta ACTH – hormona adrenocorticotrópica para o sangue chegando até à glândula adrenal (suprarrenal) que liberta cortisol. A libertação de cortisol crónica e elevada, volta a ativar o hipocampo (que tem receptores de glicocorticoides que se ativam pela presença do cortisol) (ver fig. 15).

Se por um lado o cortisol, e as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) vão ajudar na resposta fisiológica ao stress, que permite lutar ou fugir, em doses elevadas vai prejudicar o hipocampo, lesando-o, tornando-o mais pequeno e provocando um envelhecimento do cérebro (Fonte: Neurociências: desvendando o sistema nervoso). Particularmente, o cortisol interfere com o funcionamento da tiróide, das gónadas e do metabolismo em geral. E contribui para inibir a resposta imunitária, diminuindo as defesas do organismo (Pina,2004 cit in Castiajo, 2016) (ver fig. 16).

efeito da ansiedade sobre o corpo

 

Impacto sobre o Pensamento:

Perante situações indutoras de stress, a atividade intelectual desorganiza-se e algumas funções intelectuais são alteradas (ver fig. 17 e 18).

pensamentos positivos e negativos sobre ansiedade

A tendência é se fazer interpretações incorretas dos acontecimentos e dificuldade em se tomar decisões. Apresentando, ainda, uma baixa tolerância à frustração e um aumento da ansiedade, provocando mais irritação e preocupação. Ocorre ainda, seletividade, dificuldade na atenção/concentração, o que dificulta a deteção de erros em tarefas simples ou exigentes. Repercutindo-se no rendimento, aprendizagem e eficácia do trabalho. A memória, é difícil de reter e relembrar com rapidez a informação de factos recentes, bem como em interpretar o ansiedade e atençãosignificado dos acontecimentos, quando existe necessidade de recordar ou evocar informação já retida (Vaz Serra, 2002).

A forma como são criadas as memórias, são semelhantes, em termos de atividade neuronal, às memórias criadas pelos sonhos vívidos e que são confabulações ou memórias falsas. As investigações indicam que estas memórias são naturais, vantajosas e protetoras (Moreira, Revista Galileu). Quantos às recordações, elas não repetem o passado, mas reconstroem-no, com objetivo de orientar as ações no presente. Retemos apenas aquilo que é útil e marcante. Desta forma a memória do passado é seletiva e duvidosa (Fonte: Cérebro e Mente – Psiquiatria Geral).

 

 

Impacto sobre os Comportamentos:

impacto da ansiedade e stress no comportamento

Os efeitos do stress, em relação ao comportamento humano, variam em função da circunstância aversiva e dos recursos e aptidões que se possui para lidar consigo própria. Quanto mais intenso e prolongado é o stress, mais notórias são as alterações de comportamento que induz. O que se pode traduzir em problemas na relação com as pessoas mais próximas (ver fig. 19).

Tendo como exemplo o contexto de laboral. O stress no trabalho é uma das causas mais frequentes de mau humor. E pode ter implicações negativas no ambiente familiar, trazendo também prejuízos para a saúde física e psíquica. Para além disso, pode ainda ter efeitos negativos no funcionamento da empresa, com os colegas de trabalho, interferindo no desempenho e na agressividade.

Os níveis de stress no trabalho dependem do trabalhador (Vaz Serra, 2002):

  • Características de personalidade – Responsabilidade, perfeccionismo, competitividade; conhecimentos que possui, grau de preparação, tolerância à ambiguidade, capacidade de lidar com mudanças, motivação e padrões de comportamento;
  • Tipo de trabalho – Sobrecarga ou subcarga de trabalho, fraca autonomia de decisão, existência de um trabalho por turnos e condições físicas adversas, nível de exigência e satisfação;
  • Organização – Relações com os restantes membros;
  • Carreira – perspetiva de ascensão, emprego inseguro, ameaça à ambição pessoal.

Ciclo vicioso da ansiedade

Após de se ter diferenciado os conceitos de medo, ansiedade e stress. De se ter explicado como se processa a ansiedade no cérebro até ao seu impacto no comportamento da pessoa. Importa de seguida, se abordar as várias perturbações da ansiedade e os critérios para o seu diagnóstico.

 

 

As Perturbações da Ansiedade

 

 

Concepções atuais no Diagnóstico

O DSM – Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) é um manual para profissionais da área da saúde mental que lista diferentes categorias de transtornos mentais e critérios para diagnosticá-los. De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (American Psychiatric Association – APA), é usado por todo o mundo, como a principal referência quando se precisa de conhecer, perceber ou diagnosticar a saúde mental e os seus transtornos ou perturbações. Este manual existe desde 1952, a maior versão revista foi publicada em 1994 (DSM-IV-tr) sendo as suas edições mais atuais datadas em 2000, e a versão nova e a mais atual foi publicada em 2013 (DSM-V). Ambas as duas últimas versões, são atualmente usadas. Alguns dos estudos mais recentes, por exemplo em Portugal, ainda têm os seus dados de acordo com os critérios da versão DSM-IV-tr pelo que importa explicar o que foi alterado.

As perturbações ou transtornos de Ansiedade no DSM-IV-tr, incluíam 8 categorias diagnósticas (ver fig. 21): Transtorno de Pânico com e sem Agorafobia; Agorafobia sem história de pânico; Fobia Específica; Fobia Social; Perturbação Obsessivo-Compulsiva; Perturbação de Stress Pós-Traumático e Agudo; Ansiedade Generalizada; Ansiedade devido a uma condição médica ou Substância Induzida e Ansiedade sem Outra Especificação.

perturbações de ansiedade

No DSM-V, saem (X) as Perturbação Obsessivo-Compulsiva e as Perturbação de Stress Agudo e Pós-Traumático. Dando lugar às Perturbações Obsessivo-Compulsivas e perturbações relacionadas e às Perturbações Relacionadas a Trauma e Stressores. Desta forma, estas ganham destaque como perturbações independentes, uma vez que as investigações encontraram tópicos relevantes que contribuem para um novo grupo de perturbações. E ainda porque contribuem para uma maior análise e investigação das mesmas.

São incluídas dentro das perturbações da ansiedade, o Mutismo Seletivo e a Perturbação de Ansiedade de Separação, ambas anteriormente circunscritas apenas à infância.

Relativamente às fobias (específica e social) deixa de existir a necessidade de se reconhecer a ansiedade como excessiva ou irracional. Em vez disso, a ansiedade deve ser considerada desproporcional ao perigo real, tendo em conta o contexto cultural da pessoa. A duração de pelo menos 6 meses é estendida a todas as idades.

Quanto aos ataques de pânico, podem ser listados como um especificador comum a todas as perturbações de ansiedade. E por fim, são separadas as Perturbações de Pânico e Agorafobia, como diagnósticos independentes, reduzindo os antigos diagnósticos (Perturbação de pânico com agorafobia, Perturbação de pânico sem agorafobia e agorafobia sem história de Perturbação de pânico).

 

Perturbações de Ansiedade e Diagnótico

Tendo em conta o DSM-V, vai-se especificar de forma simplificada (ver tabela 1) os principais critérios de diagnóstico para cada uma das perturbações de ansiedade. Contudo, enfatiza-se para o fato, destas informações serem meramente indicadoras, dando uma visão de simples, clara e acessível de cada perturbação. Não pretendendo substituir uma avaliação cuidada e completa por parte de um especialista em saúde mental, tendo em conta o caso particular de cada leitor.

Relativamente às perturbações de ansiedade, todas elas partilham caraterísticas de medo, ansiedade excessivas e perturbações de comportamento relacionadas. O que faz distinguir entre si estas perturbações está relacionado com o detalhe no exame das situações temidas, evitadas ou pelo conteúdo do pensamento/crenças.

A prevalência é superior no género feminino (2:1) e se não forem tratadas na infância, tendem a persistir na idade adulta.

 

Ataques de pânico

Os ataques de pânico, destacam-se, como um tipo particular de resposta ao medo. Não estão limitados apenas aos transtornos de ansiedade.

Os ataques são abruptos de medo intenso ou desconforto intenso que atingem um pico em poucos minutos, acompanhados de sintomas físicos e/ou cognitivos. Os ataques podem ser esperados, como em resposta a um objeto ou situação normalmente temido, ou inesperados. Significando que o ataque não ocorre por uma razão aparente. Eles funcionam como um marcador e fator prognóstico para a gravidade do diagnóstico, curso e comorbidade com uma gama de transtornos, incluindo, mas não limitados, as perturbações de ansiedade (p. ex., perturbações por uso de substância, perturbações depressivas e psicóticas). O ataque de pânico pode, portanto, ser usado como um especificador descritivo para qualquer perturbação de ansiedade, como também para outras perturbações mentais.

 

Perturbação de Ansiedade de Separação 

O indivíduo com perturbação de ansiedade de separação é apreensivo ou ansioso quanto à separação das figuras de apego, até um ponto em que é impróprio para o nível de desenvolvimento. Existe medo ou ansiedade persistente quanto à ocorrência de dano às figuras de apego. E também em relação a eventos que poderiam levar a perda ou separação de tais figuras e relutância em se afastar delas, além de pesadelos e sintomas físicos de sofrimento. Embora os sintomas se desenvolvam com frequência na infância, também podem ser expressos durante a idade adulta.

 

Mutismo Seletivo

O mutismo seletivo é caracterizado por fracasso consistente para falar em situações sociais nas quais existe expectativa para que se fale (por. ex., na escola), mesmo que o indivíduo fale em outras situações. O fracasso para falar acarreta consequências significativas em contextos de conquistas académicas ou profissionais ou interfere em outros aspetos na comunicação social normal.

 

Perturbação de Ansiedade Social (Fobia Social)

A pessoa é temerosa, ansiosa ou se esquiva de interações e situações sociais que envolvem a possibilidade de ser avaliado. Estão inclusas situações sociais como encontrar-se com pessoas que não são familiares. Situações em que a pessoa pode ser observada a comer ou beber e situações de desempenho diante de outras pessoas. A ideação cognitiva associada é a de ser avaliado negativamente pelos demais, ficar embaraçada, ser humilhada, rejeitada ou ofender os outros.

 

Fobia Especifica 

As pessoas com fobia específica são apreensivas, ansiosas ou se esquivam de objetos ou situações circunscritas. Uma ideação cognitiva específica não está caracterizada nessa perturbação como está em outras perturbações de ansiedade. Medo, ansiedade ou esquiva é quase sempre imediatamente induzido pela situação fóbica. Até um ponto em que é persistente e fora de proporção em relação ao risco real que se apresenta. Existem vários tipos de fobias específicas: a animais, ambiente natural, sangue-injeção-ferimentos, situacional e outros.

 

Perturbação de Ansiedade Generalizada 

As características principais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e preocupação persistentes e excessivas acerca de vários domínios. Incluindo desempenho no trabalho e escolar, que o indivíduo encontra dificuldade em controlar. Além disso, são experimentados sintomas físicos, incluindo inquietação ou sensação de “nervos à flor da pele”; fatigabilidade; dificuldade de concentração ou “ter brancas”; irritabilidade; tensão muscular; e perturbação do sono.

 

Agorafobia

As pessoas com agorafobia são apreensivas e ansiosas acerca de duas ou mais das seguintes situações: usar transporte público; estar em espaços abertos; estar em lugares fechados; ficar numa fila ou estar no meio de uma multidão; ou estar fora de casa sozinho/a em outras situações. As situações temidas são devidas aos pensamentos de que pode ser difícil escapar. Ou de que pode não haver auxílio disponível caso desenvolva sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores. Essas situações quase sempre induzem medo ou ansiedade e com frequência são evitadas ou requerem a presença de um acompanhante.

 

Perturbação de Pânico

A pessoa experimenta ataques de pânico inesperados recorrentes e está persistentemente apreensiva ou preocupada com a possibilidade de sofrer novos ataques de pânico ou alterações desadaptativas no seu comportamento devido aos ataques de pânico (por. ex., evita fazer exercícios ou de locais que não são familiares).

 

Perturbação de Ansiedade por Indução de Substâncias 

Esta perturbação envolve ansiedade devido a intoxicação ou abstinência de substância ou a um tratamento medicamentoso.

Na perturbação de ansiedade devido a outra condição médica, os sintomas de ansiedade são consequência fisiológica de outra condição médica.

 

Continue a leitura na segunda parte: Como Lidar Com a Ansiedade

 

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Liliana Silva – Psicóloga e Coach WeCareOn.