Como lidar, da melhor forma possível, com o desprezo

No seguimento da última publicação sobre as emoções, em que falamos sobre o medo, iremos falar sobre o desprezo tal como falamos do medo, tanto do ponto de vista teórico como do ponto de vista prático.

Desprezo está relacionado com o sentimento de superioridade em relação a outra pessoa, contudo, também é possível sentir desprezo por um superior. Contudo, as sensações que o ser humano sente com esta emoção não são obrigatoriamente desagradáveis. A emoção básica universal desprezo está diretamente relacionada com o poder e ao estatuto. O objetivo principal desta emoção é o de preparar o ser humano para a deteção e proteção, para isto recorre-se à demonstração de superioridade, reforçando assim o seu papel na sobrevivência moral, sendo que se mostra eficaz na resolução de perdas e danos repulsivos. O desprezo é fonte de alguns problemas sociais, esta emoção está relacionada com afastamento social, má interpretação facial e agressividade.

O desprezo é uma emoção negativa que se define pela falta de apreço ou consideração, de superioridade, desconsideração e repulsa por um indivíduo ou pelas suas ações, encontra-se relacionada com questões relativas à ordem moral e social. O ser humano pode também recorrer ao desprezo com a necessidade de se afirmar perante outra pessoa, constituindo-se assim uma degradação dos valores socialmente aceites. O desprezo despoleta, resignação, desespero, agressividade, desagrado, desilusão, rejeição desencorajamento e culpa, estas expressão do desespero têm o intuito de tornar a experiência vivida mais enriquecedora.

É possível demonstrar desprezo mesmo sem sentir desprezo, a isto chama-se desprezo cognitivo, isto acontece quando o individuo simplesmente pensa em demonstrá-lo. Em contrário, com o desprezo reativo, advém de uma reação a um momento que faça despoletar esta emoção.

A sensação que provoca o surgimento da emoção desprezo surge através de uma reação emocional de uma violação das matrizes sociais em vigor. Com isto, a função desta emoção é a de contruir uma distância social entre indivíduos. No momento em que um individuo sente e exprime o desprezo, este está a delimitar o seu território e a informar a sua rejeição e exclusão. Por consequência, o individuo que foi alvo de desprezo é administrado o título de inferioridade e sem valor de referência. Esta emoção afasta pessoas e através da sua demonstração, comunica-se que não se conta com a pessoa alvo de desprezo.

O desprezo é uma emoção de exclusão, em que o propósito da sua demonstração é a de exclusão, rejeitando assim o individuo alvo, induzindo assim a distância de superioridade. Esta emoção apresenta algumas características associadas, tais como: superioridade, repulsa, ansiedade, frustração, apreensão, nervosismo, pavor, preocupação, agressividade e afastamento, em que a sua ativação é para um estado emocional defensivo.

 

7 dicas para quando se sente desprezado:

  1. Valorize-se

O problema do desprezo acontece quando nós acreditamos naquilo que a pessoa que nos despreza diz ou quando passamos a questionar-nos diante da indiferença que percebemos no outro.

Por isso, lembre-se de que só vai sentir-se ofendido ou humilhado se sentir que a outra pessoa tem algum fundo de razão. Isto não vai acontecer conhecer-se bem e se tiver plena consciência de todas as suas qualidades, competências, habilidades e vitórias na sua vida.

Autoconhecimento e autoestima são dois aspetos essenciais de nossa saúde mental. Quanto mais eles forem desenvolvidos, menos impacto vai sentir por pessoas que o desprezam. Lembre-se de que a sua felicidade não deve depender da aprovação dos outros. O importante é que você esteja feliz com quem você é, aceitando suas qualidades e pontos de melhoria — afinal, ninguém é perfeito.

 

  1. Não se responsabilize pela opinião do outro

Você deve, sim, se esforçar para ser alguém educado, simpático, altruísta, humilde, entre outras qualidades. No entanto, jamais deve anular a sua personalidade, as suas vontades e os seus objetivos na vida por receio da opinião dos outros. O que eles pensam a seu respeito não é problema seu.

As consequências de suas escolhas serão sentidas única e exclusivamente por você. Isto quer dizer que a única pessoa que sabe o que é ser você e o que faz você feliz é você mesmo. No entanto, por medo de magoar o outro, ou mesmo da solidão, algumas pessoas acabam por deixar de ser quem são para não enfrentar o desprezo. O problema é que, quando deixamos de ser quem somos, surge a depressão, a ansiedade, o stress, entre outras questões da saúde mental.

 

  1. Esteja com quem lhe quer bem

Por falar em medo da solidão, lembre-se de que existe alguém no que gosta de você por quem você é. Pai, mãe, irmãos, filhos, avós, amigos, colegas de trabalho, chefes, alguém vê algo de positivo em você. É impossível agradar a todos, mas também é impossível que todos o detestem, certo?

Portanto, a dica para valorizar você mesmo e enfrentar o desprezo é passar mais tempo na companhia dessas pessoas. Estar com quem gosta genuinamente de nós aumenta a nossa autoestima, a nossa autoimagem e a força da nossa saúde mental.

Você não precisa ser emocionalmente dependente de ninguém, mas reconheça e valorize aqueles que estão com você nas horas boas e nas horas difíceis. Este grupo de pessoas é um fator muito positivo para diminuir a importância que você dá ao desprezo dos outros.

 

  1. Investir na sua inteligência emocional

Nos tópicos acima, você já deve ter percebido que falamos algumas vezes em saúde mental. Quanto melhor souber lidar com suas próprias emoções, menos vai sofrer diante do desprezo de alguém.

A inteligência emocional é um especto a ser desenvolvido diariamente e por toda a vida. Ela consiste em nossa capacidade de identificarmos as nossas emoções, verificarmos se elas são proporcionais aos acontecimentos, administrarmos a sua intensidade e agirmos de acordo com as circunstâncias.

O autoconhecimento, as sessões de coaching, a psicoterapia, o exercício físico, as práticas meditativas são itens que fortalecem a inteligência emocional das pessoas. Por meio dessas ferramentas, o indivíduo desenvolve um olhar mais otimista sobre a vida, fortalece sua autoestima e diminui o peso que atribui às opiniões alheias.

 

  1. Manifestar o seu descontentamento

Se a pessoa que a trata com desprezo é importante para você, tente dialogar com ela. Pode ser que exista alguma razão por detrás desse comportamento que desconhece. Ouça o que a pessoa tem a dizer.

O importante é procurar o diálogo e ao menos tentar resolver o problema. Explique para a pessoa que você está a sentir-se desprezado, citando exemplos de situações em que isso ocorreu. Se a outra pessoa não estiver disposta a ouvir o seu relato ou simplesmente não mudar de atitude, ao menos fica com a consciência de que fez a sua parte e lhe deu uma chance de esclarecimentos.

 

  1. Afastar-se de quem lhe é indiferente

Isso leva-nos ao sexto tópico da lista: afastar-se de quem o despreza. Se já manifestou o seu descontentamento, deu à pessoa a chance de resolver a situação, mas ela manteve-se inflexível ou indiferente, não razões para manter essa pessoa na sua vida.

Cortar relações com alguém nem sempre é fácil. No entanto, precisa de se defender a si mesmo. Nunca coloque outra pessoa como prioridade de seus sentimentos. Isso não é egoísmo, é amor-próprio.

Se há algum relacionamento em sua vida que só lhe traz desprezo, tristeza e baixa autoestima, remova a pessoa de sua vida. Foque em quem lhe deseja ver bem.

 

  1. Procure ajuda profissional

Se mesmo a seguir as dicas a sensação de desprezo que você sofre por alguém ainda lhe for muito dolorosa, não tenha medo de procurar ajuda especializada. Psicólogos contam com técnicas para que identifique os seus sentimentos e modifique seus comportamentos para ser menos afetado pelas opiniões das outras pessoas.

Além disso, existem diversas modalidades de coaching que podem ser extremamente úteis nesses casos. É o caso do coaching de emoções, coaching de relacionamentos, coaching de família e coaching de comunicação.

Os profissionais acima ajudam seus clientes a desenvolverem a autoestima e, consequentemente, a conduzirem seus relacionamentos de forma mais saudável, sejam eles amizades, relações amorosas, laços familiares ou contatos profissionais.

Se precisas de ajuda, conta comigo!

 

 

João Alves – Psicólogo na WeCareOn