Li uma vez que a fórmula para a Felicidade Autêntica é a razão entre aquilo que temos, Gratidão, por aquilo que pretendemos vir a ter, Gratificação.

 

O dia do nosso desafio tinha chegado

 

O objetivo tinha sido bem delineado. Tínhamos proposto nesta nossa viagem escalar o ponto mais alto de Portugal. Pelo que tínhamos lido e dizer seria um desafio que iria exigir muito de nós, não sabíamos o quanto iria ser exigente e maravilhoso ao mesmo tempo.

 

À chegada, aquando da viagem de barco, olhámos para a imponente montanha e embora não tenhamos dito nada um ao outro, ambos pensámos “Será que vamos conseguir cumprir com o nosso objetivo?”. A chegada à cratera do Vulcão, no alto dos 2351 m seria claramente a nossa Gratificação. Ou, se o quisermos chamar, o nosso objetivo.

 

A manhã apresentava-se chuvosa, friorenta e nebulosa. Ambos começamos a duvidar que o iríamos sequer começar a escalar quanto mais lá chegar. Ambos pensámos “Não nos vão deixar subir”. O elevado número de nuvens que cobriam a montanha, o nevoeiro, o frio e a chuva, levou-nos a pensar para nós próprios que a subida teria que ficar para outro dia. No táxi a caminho o Sr. Urbano foi dizendo que nos preparássemos pois iria ser difícil a subida devido às condições do tempo. Estávamos preparados para voltar atrás.

 

A imponente montanha, as palavras do Sr. Urbano, as nuvens, a chuva, o nevoeiro e frio fizeram com que a busca pela “Gratificação” tivesse que ser adiada. Pensámos nós.

 

Mesmo perante estas “adversidades” decidimos desafiar as nossas crenças e entrámos na Casa da Montanha para fazer o chek in e perguntarmos se seria possível a escalada.

 

Após a pergunta, uma bonita e simpática voz nos diz:

 

“Sim é possível. Está um dia belíssimo lá cima. Boa escalada”.

 

Para quem não conhece, a escalada da montanha do Pico começa sensivelmente aos 1000 metros e vai até aos 2351 metros de altitude. O trajeto é exigente mas seguro desde que sigamos os 45 pontos demarcados ao longo da subida. Tempo aproximado de subida 4 horas.

 

Olhámos um para o outro e lá decidimos avançar para aquela que foi uma das melhores experiências que tivemos em conjunto desde a nossa última viagem ao Estados Unidos.

 

Começamos a escalada e nem sequer víamos o nosso objetivo. Sabíamos que ele lá estava algures depois das densas nuvens que cobriam metade da montanha. Iniciámos a subida. De Ponto em Ponto fomos intercalando a subida com pausas para descanso e percebermos o quanto ainda nos faltava para lá chegarmos.

 

Subíamos em direção à nossa “Gratificação”. Cansados, sempre a queremos subir mais um Ponto para que o fim chegasse mais depressa. O cansaço físico e mental acumulava-se nas pernas e na cabeça. “Quero mais, quero subir o mais depressa possível para lá chegar e poder dizer que já cheguei”.

 

A subida estava a ser feita, penosa, com feridas nas pernas e nos braços, com quedas, escorregadelas e muita dor. Sabíamos que lá chegaríamos dentro do tempo estipulado.

 

Mas faltava algo.

Eu só olhava para a frente.

Queria chegar ao Ponto seguinte.

 

A certa altura o cansaço era tanto que decidi sentar-me e esperar pela minha companheira de viagem. Já tínhamos passado as nuvens e quando me sentei e olhei para trás é que percebi a razão de tanto cansaço e dor. Estava-me a esquecer do óbvio.

 

Ao sentar-me, beber água e comer uma peça de fruta percebi que tinha uma imensa paisagem por detrás de mim que me estava a esquecer de apreciar e valorizar. Essa mesma paisagem com os Pontos que já tinha escalado simbolizavam todo o esforço que já havíamos feito para rumarmos ao nosso objetivo final.

 

Foi quando olhei para trás e percebi o esforço que já tinha feito que comecei a apreciar o momento e a valorizar mais a experiência ótima que estava a ter.

 

Percebo agora que equilibrei a equação da “Felicidade Autêntica”. Estava em constante busca pela “Gratificação” e estava a esquecer-me de trabalhar na minha “Gratidão”. O que já havia feito era tão importante como o que ainda havia para fazer.

 

Quantas vezes nas nossas vidas olhamos apenas para o que estamos a fazer e esquecemos do bom que já fizemos e andamos no desgaste constante da ambição desmesurada e esquecendo-nos de “Parar para apreciar”.

 

A partir desta altura foi quando verdadeiramente a escalada ao ponto mais alto de Portugal começou a fazer sentido. O calor, o sol, o verde, o branco das nuvens tudo estava em perfeita simbiose.

 

A Gratidão e a Equação para a Felicidade

 

Apreciando cada Ponto de subida e olhando para trás treinando o que tantas vezes nos esquecemos de fazer a chamada “Força da Gratidão”. Neste momento o esforço passou apenas a ser apenas físico pois a experiência essa simplesmente, FLUIU.

 

Chegado ao ponto mais alto foi altura de descansarmos. Recuperarmos forças e finalmente apreciarmos a maravilhosa vista que este Ponto do nosso país tem para nos oferecer. Com o céu encoberto de nuvens o que tínhamos ao nosso redor era um enorme manto branco. Que puxava a que fizéssemos uso da máquina fotográfica. Foi o que fizemos. Como forma de simbolizar a nossa subida retiramos este bonito retrato que partilho convosco.

 

As diferenças de perspetivas que as nossas experiências nos oferecem. As nuvens, o que habitualmente olhamos de baixo, estávamos neste momento a olhar de cima em parceria com um sol radioso.

 

Foi tempo de ligarmos ao filhos, olharmos um para o outro e preparamos a descida.

 

Toda esta experiência teria sido evitada se nos deixássemos levar pela Crença do mau tempo, das nuvens, do frio, da imponência da montanha e das palavras sábias do Sr. Urbano.

 

Quantas vezes nos limitamos no nosso dia a dia e impedimos a construção da nossa felicidade com simples julgamentos que acreditamos serem verdadeiros e facto consumados mas depois vistos sobre outras perspetivas acabam por se traduzir em maravilhosas experiências.

 

O segredo esteve simplesmente em equilibrar uma equação.

 

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Luís Granja – Life & Executive Coach @WeCareOn