Quantas existem? Serão todas conhecidas e compreendidas? Serão todas as formas de orientação sexual igualmente válidas?
Por orientação sexual entende-se a perceção que a pessoa tem sobre si, e sobre a sua sexualidade e por quem se sente atraído romanticamente e/ou sexualmente. Esta definição é bastante genérica contudo define perfeitamente o conceito de orientação sexual.
Uma pessoa heterossexual é aquela que se sente, sobretudo, atraída por pessoas de género oposto ao seu. Em contrapartida, uma pessoa homossexual é a que se sente atraída por pessoas do mesmo género.
A bissexualidade apresenta-se como outra forma de orientação sexual, consiste numa pessoa se sentir atraída tanto pelo género masculino como pelo género feminino.
Convencionalmente, a orientação sexual é definida nestes três grandes grupos, contudo, atualmente, começa-se a tornar mais comum falar de mais duas categorias diferentes: a assexualidade e a pansexualidade.
A assexualidade, apesar de ser um conceito relativamente recente, sempre esteve presente em toda a história das sociedades. Por assexualidade entende-se o grupo de indivíduos que não sente atração sexual por nenhuma pessoa, esse conceito desdobrasse em outros dois subgrupos, o romântico (pessoas que apesar de não terem atração sexual, apresentam atração romântica) e os arromanticos (pessoas que não sentem atração sexual ou romântica, nem necessidade da mesma).
Outra categoria emergente, é a pansexualidade, que se define como o envolvimento romântico e/ou sexual por pessoas independentemente da sua identidade de género.
Para percebermos a orientação sexual temos de partir do paradigma da diversidade que é transversal a todo o ser humano. Seria estranho o ser humano ser diverso em tanta coisa e não o relativamente à orientação sexual.
Para finalizar este ponto, apenas gostaria de acrescentar que estas definições são apenas caixas, existem muitas pessoas que não se identificam com nenhuma destas categorias, e não existe nada de errado com elas.
O peso da História das orientações sexuais não normativas!
Em termos históricos e sociais, a heterossexualidade sempre foi vista como parte central das sociedades modernas. Ainda existem vários países do mundo onde a homossexualidade é criminalizada.
Em Portugal, apenas em 1982, que a homossexualidade deixou de ser punida, até então era vista como uma “prática de vícios contra a natureza” e penalizada com medidas de segurança de entre as quais constavam o internamento, a liberdade vigiada e a interdição do exercício da profissão.
Foi só em 1990 que a Organização Mundial da Saúde decretou que a homossexualidade não era uma doença.
Os avanços sociais, recentes, tem sido notáveis, o que fez com que as pessoas se sintam menos discriminadas e mais integradas na sociedade.
Consequentemente cada vez mais pessoas conseguem vivenciar a sua orientação sexual de uma forma mais saudável e positiva.
Contudo, este passado pesado, de criminalização e patologização das orientações sexuais ainda se encontra muito presente no imaginário coletivo português. Podemos ver esse impacto negativos nos sucessivos resultados do relatório anual da discriminação com pessoas LGBTI+ em Portugal.
“Sair do armário” de uma orientação sexual fora da norma social
As orientações sexuais são todas elas variantes da sexualidade humana. À exceção da heterossexualidade, que é vista como a norma social (como já falamos anteriormente), as pessoas que se identificam com as outras orientações sexuais tendem a fazer um processo de autodescoberta e exploração, marcado por um elevado grau de confusão, culpa, e dúvida.
-Não é nada raro, na minha prática clínica, atender jovens adultos que sentem culpa por terem tido relações sexuais com pessoas do mesmo sexo-
É muito comum, estas pessoas dizerem que sempre souberam que eram diferentes, mas muitas vezes demoram algum tempo para perceberem o que era diferente nelas. Quando finalmente conseguem, é como se de um peso se libertassem. O processo de “saída do armário” pode ser realizado em qualquer momento da vida, na infância, na adolescência, na vida adulta ou em fases mais avançadas da vida.
– Existem vários casos de idosos que depois de uma relação heterossexual longa se assumem como homossexuais-
O “sair do armário” é o termo metafórico utilizado nestas questões, quando uma pessoa assume, para si e para os outros, a sua orientação sexual. Não existe uma forma correta ou errada do fazer, o importante é que seja feito ao ritmo da pessoa, e com a pessoa a controlar este processo.
-Um cliente disse-me que o processo dele era eternamente incompleto, visto que todos os dias sentia que a sociedade o colocava no armário da heterossexualidade-
A motivação deste processo tem de ser interna e não externa, pois um processo realizado de forma involuntária gere um elevado nível de stress e sofrimento interno.
Preconceito social e estigma da orientação sexual
Apesar de todo o progresso social alcançado, ainda existe um elevado nível de preconceito e descriminação social sobre as pessoas que se identificam com uma orientação sexual não heterossexual.
O preconceito e os valores sociais da sociedade podem levar a que pessoas com uma orientação sexual não normativa, possam também, experienciar preconceito e estigma internalizado.
A discriminação percebida vária perante outros fatores de exclusão social, por exemplo uma mulher negra, lésbica de nível socioeconómico reduzido irá vivenciar maior discriminação do que um homem branco, gay de um nível socioeconómico elevado.
A combinação desses fatores colocará uma determinada pessoa num nível maior de discriminação. Isto constitui aquilo que se chama teoria intersecionalista da discriminação. Existem fatores que protegem as pessoas da discriminação e outros que potenciam a mesma.
O preconceito social e o estigma afetam diretamente as pessoas com orientações sexuais não heterossexual, consequentemente estas pessoas tendem a desenvolver níveis mais elevados ou de depressão ou de ansiedade.
Este efeito negativo, do estigma, na saúde mental é moderado pelo suporte social. Pessoas que apresentam maior suporte social tendem a apresentar melhores níveis de sintomatologia depressiva e ansiosa.
O papel da família é central nos processos de vivência positiva das várias orientações sexuais. Pais que respeitam integralmente a orientação sexual dos filhos fará com que os mesmos se avaliem de forma mais positiva.
-É tão comum os pais e as mães terem dificuldades em lidar com estas questões. A mãe de uma cliente confessou-me que não conseguiria ultrapassar essa questão sem ajuda.-
Procura ajuda!
Se:
- Te identificas com uma orientação sexual não heterossexual e estás a passar por um período menos positivo;
- Sentes que necessitas de explorar essa questão com alguém;
- Precisas de ajuda para desconstruir os preconceitos e conseguires aceitar-te;
- Se tens um filho/a que está a passar por isso, e estás com dificuldade em percebe-lo/a.
Procura a ajuda de um profissional de saúde mental sensível a estas questões.
Eu estou aqui para ti, pois tenho experiência e formação nesta área específica da psicologia.
Luis Pinheiro – Psicólogo Clínico, especialista reconhecido pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) em Orientação Sexual, Identidade e Expressão de Género e Características Sexuais.